Capítulo 1

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Lance

Foi quando ele entrou pela porta que tudo começou. Ele tinha um jeito metido, luvas sem dedos, cabelo em um Mullet, casaco xadrez vermelho e preto aberto, com uma blusa preta por baixo, aqueles jeans rasgados e a cicatriz no rosto. Tudo nele parecia ser feito para que eu o odiasse, e foi isso que senti assim que o vi.

Ele ficou parado de pé na porta olhando todos irem para seus lugares. Ele chegou no meio do primeiro trimestre, claro que não sabia que aqui todos sentavam onde queriam. As pessoas olhavam pra ele e sussurravam umas pras outras. Ele parecia bem desconfortável, por algum motivo fui até ele.

— Ei, você! — apontei pra ele e ele me ignorou — Oi? — cutuquei ele, que então me olhou.

Ele retirou um dos AirPods dele... Ricos...

— O que você quer? — ele perguntou me olhando com a mesma expressão de antes.

— Eu só ia te avisar que aqui não tem lugar marcado e você parar de se fazer de doendo de jardim aí parado — tentei ser o mais ríspido possível.

— Como se você fosse muito mais algo que eu... Obrigado de qualquer jeito.

Ele então colocou o fone e foi para o fundo da sala sentando na cadeira na frente da minha. Deve ser brincadeira...

Ando até sua mesa e para do lado dele, ele fica um tempo me ignorando até que suspira, tira um dos fones e sem olhar pra mim pergunta.

— O que você quer?

— Primeiro! Você tá fazendo isso de propósito? Tipo, por que você resolveu sentar bem na MINHA frente? E segundo, você não tem uma frase melhor pra começar uma conversa além de "O que você quer?"? — vejo ele revirar os olhos.

— Primeiro: Não fiz isso de propósito e segundo: não fiz isso de propósito, são 7:26 da manhã — ele então coloca o fone de volta.

E eu que tenho que revirar os olhos agora, sento no meu lugar e escorrego na cadeira.

— Que cara é essa, Lance? — pergunta Pidge sentando do meu lado.

— É esse cara! — aposto e sem querer bato com meu dedo já cabeça dele.

E novamente ele tira um fone e pergunta sem se virar.

— O que você quer?

— Foi sem querer, desculpa.

Consigo ver ele revirando os olhos enquanto põe o fone de novo.

— Tá vendo? — a olho.

— Não, são 7:28 da manhã, Lance, além de que ele foi obrigado a ir pra outra escola no meio do trimestre e não conhece ninguém, você queria que o garoto estivesse como? — fico a encarando.

Ela tem razão, acho que eu agiria da mesma forma... Mas, argh! Ele é um saco! Eu não sei, não gosto dele.

— Tá, você tem razão... — suspiro — Mas ainda não gosto dele.

— Deixa o coitado em paz meu!

— Qual a treta da vez? — pergunta Hunk sentado na cadeira na frente de Pidge.

— O Lance não gostou do guri novo.

— Por que ele não gosto?

— Nem ele sabe...

— Realmente ótimo.

— Parem de falar como se eu não estivesse aqui!

— Então pare de agir como se não estivesse aqui... — disseram os dois e deram um soquinho ao me verem revirar os olhos.

The best of meOnde histórias criam vida. Descubra agora