Capítulo 18

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Quarta-feira.

Quinn gemia, com seu corpo sobre o chão frio. Seus braços envolviam a própria barriga, que roncava pela fome. Tinham se passado três dias. E ela podia sentir isso, mesmo que não pudesse ver data e horário.

Estava fraca, suja e com medo. Medo de nunca mais ver Santana, logo agora que as coisas estavam se encaixando.

Quinn até mesmo pensou que esse era seu destino. Uma vida infeliz. Chegou a pensar que não era merecedora de qualquer tipo de amor, principalmente o de Santana. Se sentia perdida.

Também tinha medo de quem a mantinha presa. A última vez que Karofsky entrou no quarto, estava irritado e agressivo. Até mesmo um tapa lhe deu.

Quinn não podia se sentir mais humilhada.

Agora deitada no chão frio, não deixava de chorar pensando em Santana. Ela só queria vê-la e se atirar em seus braços, seu único lar. E era exatamente por ela que se mantinha firme e não entregava os pontos. Ela iria encontrar sua namorada, custasse o que custar.

Após muitos minutos de choro e talvez até horas, a porta se abriu bruscamente. Quinn se sentou, abraçando os próprios joelhos, esperando que nada de ruim viesse a acontecer.

— É sua janta. – ele arrastou um prato com um sanduíche dentro e depois jogou uma garrafa de suco na sua direção. — Não acostuma.

Quinn queria revirar os olhos quando viu um sorriso debochado nos lábios dele, mas ela também queria evitar irrita-lo. Qualquer coisinha poderia ser o fim.

— Você sabe que não precisa fazer isso, não é? – Disse baixinho pela falta de coragem.

— O que disse?

— Não tem que fazer isso Karofsky, é a sua vida que está arruinando.

— Minha vida já está arruinada, Quinn! – Ele gritou. — E a culpa é sua.

Quinn negava com a cabeça. O que demais ela poderia ter feito?

— Eu não te fiz nada.

— Primeiro eu apanhei de uma mulher na festa, por um chilique seu e segundo, porque quando você me ameaçou tinha uma pessoa ouvindo. – Karofsky se aproximou mais agarrando o rosto de Quinn com força. — Por sua culpa, todos acham que sou gay. Até meus pais.

— Eu... eu não sabia.

— Pouco me importa. – Karofsky a jogou para trás. – Faça o favor de comer antes que eu te deixe sem comida de novo.

Quinn optou por comer. E enquanto comia, ela analisava tudo, cada canto daquele quarto minúsculo. Ela já havia tentado gritar durante a noite, mas aparentemente estavam longe da sociedade.

Não encontrado nenhuma opção não arriscada, sua única opção era tentar pegar as chaves, mas como? Como iria pega-las do bolso de Karofsky? Era um ato perigoso, mas cenas da Santana totalmente a mercê de Brittany, a mercê de seus toques, pairavam sua cabeça. Ela não podia suportar isso, mesmo que estivesse fraca. Ela lutaria contra ele.

Com cautela Quinn se levantou com o prato em mãos. Era o único prato, sua única chance, não podia falhar.

Karofsky estava distraído lendo alguma mensagem que tinha acabado de chegar. E pela feição em seu rosto, não era nada bom.

Quando Quinn estava próxima o suficiente, ele se virou, mas ela conseguiu acerta-lo. De imediato ele caiu no chão. Zonzo, porém não desacordado.

Com rapidez e ansiedade, Quinn agarrou as chaves e o celular, mas sequer parou para ler o que tinha na tela. Ligar para alguém próximo e abrir a porta era mais importante.

Ela discou o número de Rachel e guardou o celular.

Agora sua única dificuldade, era achar a chave certa, porque a vida não podia estar ao seu favor, tinha que ter mais de quatro chaves no chaveiro.

Seu tempo era apertado, Karofsky se ergueu puxando algo de sua cintura.

Quinn sentiu algo contra a coluna assim que a chave encaixou na porta.

Seu corpo gelou, estava totalmente imóvel. Ela sabia o que era. Karofsky tinha uma arma em mãos, que estava apontada para ela.

Uma risada saiu dos lábios do garoto.

— Duas coisas podem acontecer. – ele começou ajeitando a arma contra Quinn. — Eu posso atirar e você ou ficar paraplégica, algo que arruinaria sua vida, ou você acabar morrendo. O que terminaria de vez com sua vida. – Karofsky aproximou a boca de seu ouvido. — O interessante é que eu não faço ideia do que vai acontecer.

— Karofsky, por favor, me desculpa. – Pediu Quinn com a voz trêmula.

— Ah, Quinn. – ele bufou de forma forçada e irônica. — Se não fosse pela mensagem, eu poderia pelo menos pensar no seu caso, mas Brittany ordenou que eu acabasse com você.

Um arrepio percorreu todo o corpo da garota. Um filme estava passando em sua cabeça, todos os momentos bons que tinha passado com Santana e seus amigos. Momentos felize e únicos da sua vida e ela só desejava que mais uma vez, apenas mais uma, ela pudesse viver isso. Que ela pudesse remontar sua medíocre vida, com pequenos momentos de felicidade ao lado da pessoa que amava. Ela fechou os olhos e começou a rezar, usando pela primeira vez algo que sua família conservadora lhe ensinou. Ela pedia por uma chance. A chance de crescer, ser uma boa pessoa, uma boa esposa e uma boa mãe. Quinn só queria aquela oportunidade de ser feliz e formar uma família verdadeira. Ela implorava para ver Santana novamente.

Com força Karofsky a puxou e jogou no chão. Ele relutava um pouco para puxar o gatilho, mesmo que fosse movido pela raiva e pelas manipulações de Brittany, algo lá no fundo dizia para ele que não valia a pena.

Mas nada disso era o suficiente para fazê-lo desistir. Ele apontou a arma na direção dela. Seus olhos transbordavam frieza e isso não era de se surpreender. Karofsky sempre fora frio, pois nunca pode ser quem realmente era e talvez nunca seria um dia. O único sentimento do qual ele sempre usou com sinceridade era o da raiva. E ali estava o seu sentimento, a flor da pele pronto para ser expressado.

Ajeitou a arma na mão e um estrondo ecoou pelo local. E logo em seguida um corpo estava estirado no chão.

O acordo (Quinntana) Onde histórias criam vida. Descubra agora