CONCLUÍDA || Até o casamento perfeito pode ser ameaçado com as mudanças do cotidiano. Dulce Maria é prova disso, e quando resolveu voltar a trabalhar depois de se casar, descobriu que não era tão feliz assim.
Seu colega de trabalho e patrão, Christo...
Sai mais cedo da empresa e já segui pra casa. Abri a porta e tirei os sapatos. Estavam me matando! No móvel do corredor tinha um bilhete amarelo, logo pensei que era ele avisando que iria viajar. Abri e me assustei com o que estava escrito:
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O que era aquilo? Um pedido de separação? Mas...
— Eu não achei que fosse chegar agora... — ele diz surpreso e aparece vindo do quarto.
— O que é isso? — digo olhando pro bilhete — eu nem achei que você estivesse em casa, seu carro não está aí! O que..
— Dulce... — ele me interrompe — eu lamento que tenha sido assim, mas eu não sou o único desapontado, e convenhamos, isso não é surpresa alguma.
— Então esse bilhete era pra eu ler só depois que você tivesse ido né? — desvio o olhar. — quanta consideração!
— não vamos falar disso agora ok? Eu já sei que não está mais só comigo. Não sou bobo!
— Como é?
— Eu já saquei Dulce, você está com outro alguém... e eu não consigo vê-la como minha esposa desde então. Você mudou muito, e me obrigou a mudar..
— Espera... você... está afirmando que eu te trai? E me culpando? — cruzo os braços.
— Sim.. não tem feito isso? Outro dia você chamou por Christopher enquanto dormia... e não era nada profissional.. eu sabia que ele se apaixonaria por você, e você não se contentaria só comigo.
— Olha só Pedro... eu não sou uma vagabunda. Preciso te dizer que sim, estava ensaiando romper de vez, não estamos nos dando bem a tempos! Você não para em casa, como queria que eu me sentisse? Vive falando de "filhos e adoção" me aborrecendo com isso, sabendo que sempre foi uma escolha minha desde que vi que não posso ter... eu não sei como mas a gente se perdeu... e o que aconteceu foi que eu encontrei em alguém o que você não me dava mais... e eu deveria ter sido honesta... mas eu não consegui... não consegui te dizer... não queria te magoar... mas a verdade é que eu também já imaginava que você também não estava só. — meus olhos lagrimejavam.
— Realmente.. Eu digo o mesmo. Você mudou quando recebeu a promoção e começou a trabalhar dia a dia com aquele sujeito. — ele estava com os olhos lacrimejando também.
— O problema não é o sujeito que você tanto diz... ou a fulana que você anda. Entre nós havia uma espécie de divisoria de gelo, completamente invisível, mas perceptível. E os dois ignoraram isso.
— Pois bem... acabou mesmo. — ele encara o chão.
— Eu posso dizer que dei meu melhor, mas com certeza não foi o suficiente e errei muito.
— Acha que eu não?! Então sou eu o problema e você o alecrim dourado?! — ele ironiza.
— Eu não disse isso. Mas foram as suas atitudes que desencadearam isso! — lhe encaro — é melhor que vá. É o certo a se fazer, era o que o que eu iria fazer, afinal não existe mais amor, não existe mais respeito, e não existe mais desejo. — ele me encara
— ele é tão bom assim?
— isso não importa. — vou até o quarto e pego a mala dele. — vá... por favor... e quando precisar de mais roupas eu te entrego. Quanto a casa... se quiser eu saio.
— Nao.. Pode ficar com tudo. Eu volto entre dois dias pra pegar o resto das minhas coisas — ele me olha de lado e segura a mala. — vou dar entrada aos papéis e te ligo. adeus Dulce. — ele da um beijo em meu rosto e sai.
Eu não sei porque mas eu chorei. Era o que eu iria fazer e deveria estar aliviada. Mas foi tão esquisito, e ruim... eu não casei pra me separar... e saber disso me doía.
Agora eu estava livre pra recomeçar a minha vida, e mesmo que fosse ótimo e o que eu desejava, não era tão adequado o modo como vinha acontecendo.
Fui para o quarto e sai rasgando nossas fotos do mural. Não fazia sentido olhar aquilo mais. Estava com ódio de ter acontecido tudo isso, poderia ter sido mais fácil!
Tomei um banho e sequer sequei o cabelo. Só troquei de roupa e sai.
POV CHRISTOPHER
Estava em meu quarto me secando quando Larissa me disse que Dulce estava na porta e não parecia bem. Dulce entrou correndo em meu quarto e me abraçou, estava chorando e não me soltava.
— O que foi? — pergunto lhe abraçando.
— Eu e Pedro... nós nos separamos...
— Sério? Nossa que bom... e porque você está chorando? — lhe solto e ela me encara.
— porque eu não esperava que seria assim. E... me sinto mal por ter agido mal com ele, independente se Ele fazia o mesmo ou não. Eu não sou do tipo que trai você tem razão!
— Mas Dulce agora já foi... você não está feliz de poder estar comigo? Aconteceu poxa... e foi perfeito, está sendo perfeito! Seu casamento acabou porque já não ia bem... e espero que você não esteja mal por isso. — Lhe encaro.
— não... não é por isso... mas é estranho... eu sinto como se eu pudesse ter agido diferente, civilizadamente, eu fui fraca me enrolando com essa mentira.
— Mas agora já foi... e isso não te faz fraca... pelo contrário, você mesmo estando chateada com ele não queria magoá-lo com uma separação "repentina".
— Você tem razão. — ela seca as lágrimas — posso dormir aqui hoje? — ela me encara.
— claro... claro. Todo día se quiser. Eu pedi comida deve estar a caminho e a quantidade será ideal pra nós 3. — lhe dou um selinho.
— Christopher...
— sim.. — volto a olhá-la.
— Eu te amo. — ela diz que os olhos chegam a brilhar. E eu não esperava por isso. Só consegui responder o que veio ardendo em meu peito naquele instante.
— Eu também te amo, e agora seremos eu e você... — sorrio e lhe dou um beijo.
O jantar chegou e fomos comer. Larissa conversou com Dulce depois. Deixei elas a sós, minha irmã era ótima com conselhos e isso não era só em decorrência da sua formação em psicologia, Ela realmente entendia das coisas. Mais de meia hora depois e Dulce voltou, ficou comigo na sala até apagar em meu ombro, ela parecia uma boneca dormindo, tão frágil e tão linda.
