32 - O JANTAR

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POV DULCE

Ficamos tanto tempo conversando que quase nos esquecemos do jantar com meus sogros. Céus, como assim?

Fui me trocar correndo, só penteei o cabelo, e Christopher foi se arrumar em casa. Passou rapidamente pra me pegar e seguimos para a casa de seus pais.

No caminho fomos conversando, e ele resolveu perguntar sobre meus mais, um tema que eu não abordava tanto com ele.

(...)

— E seus pais... você nunca fala deles.

— Eles moram no Rio. Meu pai trabalha lá tem alguns anos, quando ele foi eu já estava Noiva de Pedro e fiquei por aqui.

— E sua mãe?

— Foi com ele... mas se separaram ano passado. Mora sozinha lá no Rio.

— Você se dá bem com eles? Desculpa perguntar, mas você nunca os menciona. — ele me olha de lado

— sim... só que quando me casei eu já estava mais desapegada, então não temos contato diário. Vez ou outra eles me ligam, e eu a eles.

— E... quanto tempo não os ve?

— Desde o último natal. Eu fui pro Rio fiquei no natal com meu pai, e no ano novo com minha mãe. Pedro estava, claro.

— Entendi...

— Eles são legais.. quando estivermos de férias a gente vai lá, antes do parto, claro.

— Sim... será um prazer. — ele diz e eu sorrio.

Chegamos na casa de seus pais. Era grande, luxuosa e distante de tudo. Eles quase não ficam por aqui, desde que seu pai lhe entregou a presidência eles estão pra fora do país. Vieram passar uns dias.

(...)

— Cadê o povo dessa casa? — Ucker brinca abrindo a porta.

— Oi, filho... — seu pai aparece — sua mãe está na cozinha, orientando a cozinheira.

— Ah... espero que mamãe não esteja pegando no pé dela.

— um pouco deve estar, né. — seu pai brinca — e essa bela moça... imagino que seja a minha nora. — ele sorri.

— Essa é a Dulce, minha namorada.

— Muito prazer, Dulce... Dulce.... lindo nome.

— Muito prazer, Sr Vitor. Sou Dulce Maria, mas sempre me chaman só de Dulce mesmo. E obrigada pelo elogio. — digo.

— imagine... fique a vontade Dulce, a casa é sua... e Larissa, não veio? — seu pai pergunta.

— Não... eu nem falei com ela, não sabia que era pra chamá-la...

— Mas é claro que era! — ele ri — vamos nos sentar um pouco.

— sim... — Christopher vai e o sigo. Quando nos aproximamos ouço sua mãe finalizando a conversa com a cozinheira.

— cuidado pra não passar do ponto do salmão que o Christopher gosta... — ela se aproxima. — olá.... filho... — ela sorri e olha pra mim.

— Oi mãe... como vai? — ele a abraça — trouxe alguém pra você conhecer..

— Estou bem... essa é a sua nova namorada, não é?

— isso... como sabia?

— eu já sabia — ela ri — muito prazer... — vem me cumprimentar.

— Dulce... Dulce Maria. — completo.

— O prazer é meu Dulce, sou Alexandra, mas pode me chamar de Ale.

— muito prazer, Ale...

(...)

1 hora depois...

A primeira impressão que tive da mãe dele ainda não foi certeira. Ela me tratou bem, mas me parece misteriosa. Deve gostar muito da ex dele.  Peguei um copo de suco e fui encarar a lua  que estava linda, enquanto eles conversavam.

Christopher veio até mim sorrindo.

— o que está olhando?

— a lua... pensando em como... como a minha vida mudou... sei lá... as vezes nem acredito que essa sou!eu. — brinco.

— Eu posso imaginar. Você sempre muito uma mulher tranquila, e que se acostumou a viver como vivia. Não tinha tanta perspectiva diferente. Era feliz, mas não completa... — aquilo que ele dizia descrevia exatamente os dois anos de casamento que tive.

— É exatamente isso que eu sinto... eu.. só não estava completa. E completa eu só seria saindo daquele círculo sem graça. De uma rotina parada, inseguranças, traumas... — encaro o chão — eu tenho tantas cicatrizes na alma que seria incapaz de contá-las.

— ei... — ele segura meu queixo — eu sei... sei disso desde quando a vi pela primeira vez. A sua autenticidade, postura, a forma como transparecia e solucionava problemas era divino. Você... simplifica as coisas. E é feliz com o pouco... por isso te admiro tanto. — ele segura forte minha mão e eu fico emocionada.

— quer me fazer chorar? — rio secando a lágrima caía..

— Nao... claro que nao. Só quero que saiba que eu entendo, eu sinto... você está onde deve estar agora... e... lamento lembrar, ou melhor, sinto lhe informar. Mas sozinha você não fica. — ele me faz cócegas — e... eu e você temos uma notícia a dar, não é?

— é.. — suspiro — vamos voltar pra lá. — caminhamos de volta a cozinha, estavam trazendo a sobremesa, depois do intervalo do jantar. E voltamos a nos sentar. Christopher estava estralando os dedos e com ansias de contar a eles. Eu suava frio, e com medo.

— pai... mãe... esse jantar foi ótimo. Estou feliz em revê-los, a Sra principalmente mãe, que chegou ainda pouco. — ele sorri.

— obrigada filho, é sempre um prazer estar perto de você. — ela diz.

— bom... eu trouxe a Dulce pra vocês conhecerem, e sei que já imaginavam que ela é uma pessoa importante na minha vida. Uma pessoa que chegou pra ficar... que tem meu coração — ele olha sorrindo pra mim, me deixando nervosa.

— o amor está no ar. — seu pai brinca.

— é, literalmente pai... o que temos vivido tem me transformado em outra pessoa, e tem me amadurecido muito... uma relação muito madura e... intensa... e hoje viemos compartilhar com vocês, que... esse capítulo novo, tem um extra.

— extra? Como? Não entendi... — eles perguntam.

— Dulce descobriu ainda pouco que está gravida. De quase 2 meses. E poderíamos ter esperado os 3 meses pra contar, já que ela não tem facilidade pra engravidar, e poderia apresentar riscos. Mas sabendo que vocês voltaram pra lá. Eu precisava contar, e precisava que a conhecem antes disso.

— Céus... que.. notícia inesperada... que... surpresa. — sua mãe sorri e arregala os olhos.

— um netinho? Que coisa boa meu filho. — seu pai lhe abraça. — é necessário muito juízo de agora em diante.

— pode deixar pai... já estou aprendendo.

— filho, não esperava ser avó tão nova... e vocês tão recente ainda... mas...  diante disso. Eu só consigo ficar feliz. Mesmo vocês sendo tão novos... eu sei que darão o melhor... — ela o abraça e logo em seguida me abraça também.

Contei a eles que o bebê é um milagre. Sem expor que eu sou uma recém separada, claro. E que Christopher foi meu amante. Isso não pegaria bem. Óbvio.

Depois daquilo voltamos para minha casa. Onde finalmente fomos descansar. O dia foi intenso e eu precisava dormir.

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Casamento em Risco | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora