Apenas um livro

Capítulo 2 🥅

- E aí, conseguiu? - Emma se aproximou, assim que Ashley saiu do refeitório.

- O que você acha?

A ruiva bufou coçando a cabeça.

- Ela não vai facilitar, sabe disso né?

- Sei. Gosto das difíceis. - Murmurei cruzando os braços sobre o peito.

- Olha aqui, Deniel, eu estou te ajudando porque quero que minha amiga saia um pouco dessa bolha que ela chama de vida, mas se eu souber que você está com intenção de sacaneá-la, juro que farei você implorar pra sair da cidade, ouviu?!

Sorri. Nunca duvidem da capacidade que Emma Johnson tem, quando quer destruir alguém.

- Sua amiga é linda demais para ficar trancada dentro de casa.

- Acha que eu não sei? Mas...

A ruiva não consegue terminar a frase, pois alguém que, agora considero um azarado, tropeçou fazendo com que o copo de café caísse em sua blusa de grife.

Emma, olha para a blusa manchada, depois olha para a garota que está vestida com o uniforme de líder de torcida.

- D-desculpe, f-foi se-sem querer, n-não ti-ti-tive a-a i-inten....

- Pare de gaguejar! - Emma interrompeu a titubeação da garota - Seu pai tem dinheiro pra comprar tanta calçinha extra-grande para você, e não pode comprar um óculos fundo de garrafa? - A menina não responde, está paralísada, fitando o furacão ruivo em sua frente - Vaza da minha frente, ou eu arranco esse uniforme e tiro você dá equipe sem piscar.

Prendo a risada quando vejo a garota praticamente correr para fora do refeitório.

- Sabe que se sua amiga tivesse aqui, ela não permitiria que você falasse desse jeito com a garota né? - Eu disse voltando a encarar Emma que, por sua vez, está concentrada em limpar a blusa.

- Não me enche, tá. Não expulsei ela dá equipe, o que não hesitaria em fazer se eu não tivesse mudado.

- Ah, você mudou? - Zombei arrancado um olhar irritado dela.

- Preciso trocar essa blusa, depois a gente se fala. - Ela passa por mim. - Ah, e a Ashy está na biblioteca, vai ficar lá até acabar o intervalo.

Assenti com um sorriso ladino.

Por que eu quero tanto ela?

Ashley Smith, é uma garota exageradamente linda. Ela é quietinha sim, mas isso não a torna nenhum pouco estranha.

Seu cabelo loiro, pele pálida e bem cuidada, olhos grandes e claros, mãos bem cuidadas ( Sim, eu reparo nas mãos das garotas).

Quando ela usa óculos, meu Deus, que garota exótica. Não é só eu que tenho interesse nela, mas serei o primeiro a ganhar o interesse dela.

Ela seria um troféu entanto na minha estante.

Saí do refeitório, na intenção de encontrar a garota que no momento, está no topo da minha lista.

Onde fica a biblioteca mesmo? Acho que nunca fui lá. Ah, claro que já fui, mas dá para contar nos dedos, quantas vezes foram.

Ao passar pela porta dupla de vidro, procurei Ashley com os olhos, sorri quando a encontrei sentada, com livro em ambas as mãos.

Seus óculos no meio do nariz e sua testa franzida, demonstrando o quanto está concentrada na história que esta lendo, me faz engolir seco. Se essa garota soubesse o quanto é linda.

Do nada, a loira se levanta e caminha até o corredor B, acompanho ela, só que do outro lado, quando a vejo parar, paro também. Ela tira o livro que está em nossa frente, e ao me ver se assusta.

- O que está fazendo aqui? - Perguntou um tanto brava.

- Ué, vim ler um livro. E que por sinal, é esse aí que você acabou de pegar.

Ela levantou o livro, erguendo as sobrancelhas. Está caçoando de mim?

- Algum problema?

- Desde quando você lê Jane Austen, Deniel?

Jane... quem?

- Desde que ela virou um sucesso da literatura, atualmente. - Sei lá o que eu falei, mas espero ter sido convincente.

Ashley jogou o pescoço para trás e deu uma boa risada.

- Atualmente?! O primeiro livro de Jane Austen foi lançado em 1795.

Oh...

- Você lê romances de época? - Olhei para ela indignado.

- Os melhores romances são os clássicos, como Romeu e Julieta.

O que essa garota tem de linda, ela tem de tédio.

- Pode ficar com esse Jane Mausem, aí. Perdi a vontade.

- Austen! Jane Austen. Oh, ignorância. - Ela colocou o livro no lugar novamente, me privando de ver seu rosto.

Me aproximei da mesa em que ela estava, peguei o livro que ela estava lendo e comecei a folheá-lo sem o menor interesse.

- Quem mandou você pegar no meu livro? - Ela toma o livro de minhas mãos.

- Hmm. Adoro as esquentadinhas. - Sorri e ela revira os olhos.

- Por que você não sai do meu pé? Já disse que não vou na sua festa.

- O que eu preciso fazer pra você aceitar?

- Desistir. - Respondeu se sentando na cadeira.

- Não conheço essa palavra. - Inclinei o corpo sobre a mesa, apoiando os meus cotovelos nela.

- Oh... sinto-me lisonjeada em lhe apresentar.

Vou dizer algo quando ouço o sinal soar.

Ela pega o livro e passa por mim como se eu não estivesse ali. 

Chego em casa e me surpreendo ao ver meu pai. E... oh, oh, sua cara não está nada boa.

Ele está com um braço apoiado na bancada da cozinha, olhando um papel em ambas as mãos.

- Você tirou notas baixas em cinco matérias? - Perguntou levantando a cabeça para me olhar.

Merda!

- Pai...

- Sabe o quão duro eu dou para que você tenha uma educação de qualidade? - Lá vamos nós de novo.

- É que o campeonato está chegando, eu sou o capitão do time, e....

- Lacrosse não vai te levar a nada, sua prioridade deveria ser os estudos. Quantas vezes vou ter que repetir isso?

- Eu vou recuperar as notas, só preciso...

- De responsabilidade! - Ele me corta com a voz firme - Você precisa é de responsabilidade. E enquanto você não criar isso, está proibido de jogar lacrosse.

- O quê?! - Arregalei os olhos.

- Enquanto suas notas não melhorarem, nada de esportes, já conversei com o seu treinador que concordou comigo.

- Você não pode fazer isso, sou o capitão do time. 

- Pensasse isso antes de vacilar nos estudos. - Dito isso ele deixa o papel que acredito ser o boletinho e saiu dá cozinha.

- Merda! - Resmungo dando um soco no ar.