Capítulo 11 📚

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- Oi, filha. - Minha mãe abre a porta do quarto.

- Oi, mãe. - Paro de tocar para olhar-la.

- Tudo bem? - Perguntou ela se sentando na cama.

- Tudo. - Respondi dando os ombros.

- Sexta eu terei que viajar.

- De novo?

- Sim, amor.

- Mas mãe a senhora acabou de chegar. - Coloco o violão de lado.

- É. Eu sei, mas é importante, você entende, né?

- Claro que entendo. - Soltei um suspiro frustrado.

Minha mãe é publicitária. Muitas empresas á fora contam com ela, por isso ela não para em casa. Já meu pai, é advogado, e só vive no escritório.

- Tudo pronto para sabádo? - Ela muda de assunto.

- Ah, sobre isso... Eu não vou mais.

- O quê?! Por quê? - Ele arregala os olhos.

- Desisti. - Sorri pegando o violão novamente.

- Mas filha, você até comprou o vestido. Por que não vai mais?

- Porque não quero mãe, fora que o garoto e eu não nos damos muito bem.

- Aposto que é porque você não facilita, né? - Ele ergue uma sobrancelha.

- E estou errada?

- Claro que não, mas qual é o problema de ter uma boa convivência com um rapaz?

- Não confio nele.

- E está certa. Mas não afaste as pessoas por medo, não quero que você se arrependa de ter tido uma adolescência privada por si mesma.

- Gosto de ficar sozinha. - Murmurei afinando as cordas do violão.

- Você se acostumou a ficar sozinha, é diferente.

- Por que essa insistência, mãe?

- Porque quero te ver feliz, meu amor. - Respondeu ela colando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

- Sem drama, mãe. - Sorri revirando os olhos.

- Se você for nesse baile, eu...eu... ah! Eu dou um jeito de não viajar.

- Sério?! - Perguntei quase sem voz e com os olhos arregalados.

- Fico sem viajar o mês todo.

- Mas... mas como é que você vai fazer isso, mãe?

- Eu vou dar um jeito. Maaaas, só se você tirar um noite para se divertir, vá nesse baile, curta com amigos da sua idade, por favooor? - Ela junta as mãos entrelaçando os dedos.

- O mês todo sem viajar? - Olhei para ela desconfiada.

- Mamãe promete.

Minha mãe não fica tanto tempo em casa nem quando está de férias.

Penso, penso e penso.

Por quê não?

- Tá booom. Vou nesse baile.

No dia seguinte entrei na escola procurando Deniel pelo olhar.

Localizei ele conversando com os seus amigos do time de lacrosse, perto dos armários. Eles sempre ficam ali.

Com passos decididos, me aproximei deles.

- Oi, princesa. - Um dos amigos de Deniel me olhou por cima do ombro do amigo.

Deniel que estava de costas, se vira para mim, e quando nossos olhares se encontraram, ele logo tratou de sorrir.

- Posso falar como você? - Meu Deus, o que estou fazendo?

- Claro.

- Na biblioteca? - Propus.

Ele assentiu e se despediu dos amigos.

Caminhamos em silêncio, e eu estava seriamente pensando em mandar minha mãe para a China. 

Ao adentrar na biblioteca que está vazia, deixei minha bolsa sobre uma das mesas.

- E então, o que foi? - Ele cruzou os braços sobre o peito.

Mordi o lábio sem saber ao certo o que dizer.

- É que... bom, o-o baile, você me convidou né, e-e-eu... é pensei melhor, e se você quiser ir ainda, sabe o que é.... e-eu... Ah, meu Deus, por que estou titubeando tanto? - Dei um tapa na minha testa sentindo minhas bochechas esquentarem.

Deniel dá risada do meu nervosismo. Parabéns, Ashley.

- Está me convidando para o baile, senhorita Smith?

- Não. Estou repropondo o seu convite. - Esclareçi recuperando a compostura.

- Hm. Interessante. Mas não.

- Não?! - Franzi a testa.

- Você me deixou que nem um idiota ontem na cafeteria.

- Ué, você queria companhia, e seus amigos tinham chegado. - Dei os ombros.

- Eu havia dito que não era com eles que eu queria ficar.

- Ah, para! Não me venha com essa vitimização. Aposto que você combinou com seus amiguinhos para me constranger.

- O quê?! - Ele me olha boquiaberto - De onde você tirou isso?

- Fala sério! Você aparece do nada na cafeteria que eu vou toda semana, todo amor e simpatia, e logo depois eles aparecem. Quem me garante que não tem armação aí?

- Garota, você tem que parar de ler esses livros. - Deniel murmurou dando risada.

- Quer saber esquece. Esquece o que eu falei, esquece do baile, esquece tudo.

Tento passar por ele para ir embora mas, ele pega em meu braço.

- Ei, calma. Estava só brincando.

- Brincadeira idiota, né? - revirei os olhos.

- É claro que eu ainda quero que você vá comigo ao baile.

- Sério? - O encarei surpresa.

- Muito sério. Mas...

- Odeio esse "mas". - Bufei.

- Depois da escola, vamos naquela cafeteria.

- Por quê?

- Não estava brincando quando disse que queria saber mais de você.

- Olha, eu já fiz demais vindo atrás de você, não força tá.

- Só um café.

- Não. Agora eu preçiso ir.

Dou dois passos mas ele se coloca na minha frente.

- Um café.

- Caraca, você é muito chato.

- Depois da aula?

- Escute o que lhe digo, não, não, e não. Vamos ao baile juntos e ponto! Agora tchau.

Saí da biblioteca o mais rápido que eu pude. Senão eu acertaria o joelho no meio das pernas dele de tão irritada que eu já estava ficando.

Por que tamanha insistência a dele? Por que do nada, ele me enxergou e não para de me seguir? Por quê?

Apenas um livroOnde histórias criam vida. Descubra agora