- E por que eu ficaria? - Franzi a testa.
Deniel pensa um pouco e olha para a escada.
- Nickolas pode acordar a qualquer momento.
- É só você brincar com ele. Ele estava chorando por fome e sono.
- Você vai confiar em mim? - Perguntou apontando para si mesmo, de um modo cínico - Uma pessoa que deu leite gelado á um bebê?!
Revirei os olhos mas não pude conter a risada.
- E o que vamos ficar fazendo enquanto sua mãe não chega? - Joguei o celular no sofá.
- Hm. Que tal assistir um filme?
- Só se for "uma amor para recordar".
- Isso parece ser bem romântico, né?
- É esse ou nada feito. - Cruzo os braços.
- Aaaaaar. Tá, tá bom. Então você faz a pipoca.
Anuo animada. Ele me leva na cozinha, me mostra onde fica as coisas e volta para a sala para procurar o filme. Já com a pipoca estourada, coloco em uma vasilha e saio da cozinha.
- E não é que você achou. - Falei ao ver o filme pausado.
- Conectei no meu celular, assim ficou melhor para procurar nos aplicativos de filmes que tenho, já que não tem na Netflix.
Assenti me sentando no sofá. Ele despausa o filme e se senta ao meu lado. Não sei o porquê mas, senti uma certa movimentação no estômago. Borboletas talvez? Não sei dizer. Mas tê-lo sentado ao meu lado, com sua perna encostada levemente na minha, faz-me cogitar a idéia de que termos mais intimidade que isso, seria tão bom quanto.
O filme se prolonga, tive que conter os sorrisos bobos, ao vê-lo tão intretido na história.
- E não tem cura a doença? - Perguntou ele angustiado, quando a protagonista revela ao namorado que tem leucemia.
- Shiii. Assiste!
Ao decorrer do filme, Deniel vai questionando á cada cena.
- Ele fez de tudo por ela, por que ela vai ter que morrer?
- Deniel, por favor, assista o FILME!
O filme chega ao fim, mas a indignação de Deniel está apenas no começo.
- Morreu?! Ela morreu?!
- Deniel...
- Caraca, ele se casou com ela, apenas para ela morrer no final?
- Escuta! Ele realizou todos os sonhos dela, e se casar era um deles, seu bobão.
- Mas não deveria ser um final feliz? Afinal, é um romance.
- Mas foi um final feliz.
Deniel me olha como se eu tivesse lhe soltado um palavrão.
- Ela morreu! Isso é um final feliz?
- Deniel, ele era um cara completamente arrogante, medíocre, frio e impessoal, ela mudou ele, ela o ensinou a amar, a respeitar o próximo, ela o ensinou ser um ser humano melhor, e ele realizou todos os sonhos dela, o final, foi que, ele se tornou um homem; uma parte dela permaneceu nele.
Deniel intercala o olhar entre mim e a tevê.
- Wow. Se um dia você escrever um livro, me lembre de não ler.
- Por quê? - Dei risada.
- Não imagino quantos personagens vão morrer da história.
- Seu bobo! - Lhe dei um tapa no braço. Ele ri e começa a fazer cócegas em minha barriga - Para!
Antes que eu pudesse raciocinar, Deniel e eu caímos no tapete. Derrepente, nossas risadas cessam, Deniel que está em cima de mim, passa levemente as costas dos dedos sobre o meu rosto.
Seu olhos que estão sobre meus lábios, sobe lentamente e encontram os meus. Um arrepio avassalador percorre sobre o meu corpo.
Sua feição séria, sua boca entreaberta, seu olhar viajante, faz com que um desejo desconhecido acenda em mim.
Ele passa o polegar em meu lábio inferior fazendo-me entreabir levemente. Eu posso sair, posso empurrá-lo, mas estaria mentindo para mim mesma, eu o quero!
Nossos lábios se roçam, fecho os olhos e espero o seu profundo contato.
- Opa! - Merda!
Deniel e eu damos um pulo e nos levantamos.
- Mãe, você não disse que ia chegar em duas horas?
A mulher de cabelos loiros, sorri com uma cara de sapeca.
- Uma paciente desmarcou, por isso fui atendida mais cedo. - Ela deixa de olhar para o filho, e foca em mim - Oi, você é...?!
- Ashley. É um prazer conhecê-la. - Estendo a mão para ela dando alguns passos em sua direção, mas a mulher jovial não apenas aperta minha mão, mas sim, me abraça.
- O prazer é todo meu, querida. - Sorri e quando nos afastamos sem soltar minha mão, ela se vira para Deniel - Onde está seu irmão?
- Dormindo. Ashley me ajudou com ele. - Ele responde com um pouco de indiferença.
Vejo que ela fica um pouco sem graça, e então pigarreio.
- Seu bebê é muito lindo. - Tento quebrar o gelo.
- Ah, obrigado. - Ela sorri feliz com o comentário - Já que está aqui, não quer jantar com a gente?
Deniel, como dá última vez, tenta tomar a frente.
- Mãe, ela não...
- Eu adoraria! - Afirmei vendo a insensatez na voz dele.
- Sério?! - Ambos indagaram em uníssono.
- Ora, por que não? - Onde está o seu pudor, Ashley Smith?
Deniel me encara surpreso, ele não esperava por essa atitude tão ousada, para falar a verdade, nem eu seu muito bem o que estou fazendo.
- Que maravilha, vou ligar para o meu marido dizendo que teremos visitas, ele chegará a tempo para o jantar - Ela me dá mais um abraço e sobe as escadas.
- O que deu em você? - Deniel me olha com o cenho franzido.
- Eu é que pergunto, o que deu em você? - Levei minhas mãos a cintura.
- Como?!
- Você percebeu a maneira que falou com sua mãe? E bem na minha frente.
- Não se mete na minha relação com a minha mãe. - O seu tom duro acaba me fazendo acordar para a realidade. O que eu penso que estou fazendo?
- Eu só não gosto de ver um filho tratar a mãe de um modo tão ríspido. Perdão. - Cheguei perto dele para pegar o meu celular que está sobre o sofá. Com o aparelho em mãos, me viro e me dirigo a porta, mas antes de abrí-la, viro-me - Desculpe por me meter na sua vida, mas sua mãe voltou e quer se redimir e lutar pela a família, o erro não foi só dela. Deveria dar mais valor as chances que a vida te dá. - Saio sem me importar com o seu olhar gelado.
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Apenas um livro
FanficEla é diferente, intrigante, tímida, ousada, introvertida, inteligênte, diferentes das outras. O que será que ela quer? Em uma cidade pequena como Burthefill, é difícil se encontrar, não a muito o que escolher, não a muito o que procurar, mas ela t...