Ashley se enturmou bastante com todos, e fiquei feliz pela galera ter facilitado bastante para ela.
As meninas a acolheram sem cerimônia, como eu imaginei. Fiquei um pouco bravo por não poder ter a atenção dela como eu queria, mas foi bom vê-la tão interativa. Também tentei não pensar muito no que rolou quando dançamos juntos, ainda não achei respostas para o que eu senti.
O olhar dela, suas mãos acariciando os meus cabelos, seu jeito tão doce e peculiar, um desejo inebriante de tê-la para mim, uma chama ardente acendeu em meu coração a cada vez que ela olhava em seus olhos, o simples gesto de encostar as nossas testas uma na outra, pareceu ser o fósforo acendendo fogos de artifício.
- Chegamos. - Anunciei parando no estacionamento da lanchonete.
Ela anui tirando o sinto de segurança. Tiramos a máscara antes de sair do carro, e logo entramos na lanchonete 24hrs.
- Deixa eu adivinhar... - Murmurou enquanto nos sentavamos - Você vem aqui quando tudo em sua vida parece não ter sentido.
Sorri ou vê-la espalmar a mão sobre o peito se expressando de uma forma teatral.
- Não. Mas gostei da discrição. - Rimos.
A garçonete se aproxima, pedimos dois hambúrgueres, uma porção de batata frita e milk shake.
- Você... pareceu incomodado quando...
- Falei que não ia ter mais a festa em minha casa, não é? - Ela desvia o olhar envergonhada.
- Desculpe, não quis ser invasiva.
- Tudo bem, é só que... está tudo muito complicado lá em casa. - Confessei olhando para minhas mãos entrelaçadas sobre a mesa.
- Se quiser conversar, estou aqui.
Sorri levemente e por algum motívo, senti que podia confiar nela.
- É que... bom, meus pais reataram.
- Deniel, isso é maravilhoso. - Ela realmente pareceu feliz, mas ao ver minha cara, franziu a testa confusa - Não é?
- Ashy, a três anos atrás, meus pais resolveram se separar e minha mãe decidiu ir embora, fui atrás dela no aeroporto, queria pedir para que ela ficasse, queria dizer que precisava dela, mas então a vi abraçada com um homem e entendi que ela havia me abandonando. Durante esse tempo, tive que aprender lidar com os meus sentimentos, com a sensação de abandono, a raiva mas com a saudade também - Na medida que as palavras saíam, minha garganta esquentava parecendo queimar, eu não ia chorar, não na frente dela. Ashley percebeu a minha dificuldade e pegou em minha mão.
- Está tudo bem, pode falar. - Falou com uma voz calma e doce.
Assenti respirando fundo.
- Meu pai se fechou para tudo, e de certa forma, para mim também, eu nunca o culpei, porque eu também havia me fechado para ele. Só que agora, minha mãe voltou, e simplesmente cuspiram na minha cara o fato de quê, ela não havia ido embora com um homem, era primo dela, só que deixaram eu acreditar o contrário para ser mais fácil para mim, meu pai e ela estava se encontrando escondidos e o resultado disso foi o bebê que você viu lá em casa, eles resolveram voltar, dar um chance ao amor deles, mas não deram a mínima de como eu ia me sentir.
- Deniel...
- Eu sofri, Ashley. Sofri como um maldito condenado, eles inventaram esse teatro todo e esqueceram que tinham um filho, eu paguei pela brincadeirinha idiota deles, e agora eles querem brincar de família feliz?! Até quando? Até resolverem que fugir é melhor? Ela é minha mãe, e me deixou, isso não tem perdão. - A raiva pulsa em minha veias, nunca falei sobre esse assunto abertamente, nunca expus meus sentimentos em voz alta, e agora fazendo isso, parece que todo o meu inferno pessoal está sendo jogado para fora.
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FanfictionEla é diferente, intrigante, tímida, ousada, introvertida, inteligênte, diferentes das outras. O que será que ela quer? Em uma cidade pequena como Burthefill, é difícil se encontrar, não a muito o que escolher, não a muito o que procurar, mas ela t...