.PRÓLOGO

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 ⠀⠀⠀Localizada na região oceânica conhecida como Marina Sul, existe um país insular, nomeado por seus habitantes de Val'lar

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⠀⠀⠀Localizada na região oceânica conhecida como Marina Sul, existe um país insular, nomeado por seus habitantes de Val'lar. Atualmente, esse território é habitado por duas raças predominantes: os humanos, sendo a maioria; e os villdyrs, que podem ser descritos como uma raça de animais antropomórficos. No passado, a existência de duas espécies tão diferentes entre si, foi motivo para inúmeras batalhas. O que acabara levando a uma grande guerra. Porém, com o tempo, a paz foi estabelecida e eventualmente, todos os povoados que existem hoje em Val'lar foram feitos com trabalho conjunto dos dois povos.

⠀⠀⠀Um desses vários povoados se chama Porto Julbatroz, uma cidade costeira fundada na mesma enseada onde, há muitos anos, os primeiros colonizadores humanos ancoraram suas caravelas. Existe até mesmo um motivo, para tão peculiar nome:

⠀⠀⠀Um julbatroz é um tipo de ave marinha de grande porte, que pode chegar a medir até um metro de altura e possuí um bico curvado, usado para agarrar suas presas. Mas, inegavelmente, sua principal característica física é a presença de um excesso de plumagem protuberante ao redor do pescoço, fazendo parecer com que estas aves tenham uma juba. Normalmente essa espécie não é agressiva, contanto, é claro, que outras raças fiquem longe de suas ninhadas nas falésias da enseada.

⠀⠀⠀Ao desembarcar, como uma das primeiras visões dos navegantes foram essas aves sobrevoando por todo o litoral, esse nome acabou pegando. Assim, o primeiro assentamento foi batizado. Com o passar dos anos, a cidade foi crescendo e se estabeleceu como o principal porto para navios entrando ou saindo de Val'lar. Porto Julbatroz tornou-se uma metrópole sempre abarrotada, não apenas por seus cidadãos, mas também por marinheiros, comerciantes e viajantes.

⠀⠀⠀Em uma determinada manhã de Sol, quando a cidade estava mais movimentada que o normal, um julbatroz solitário voava por cima dos prédios, carregando algo em seu bico. O objeto em questão era um bonito chapéu de mosqueteiro, tingido de vermelho e adornado com uma esvoaçante pluma dourada, presa ao cinto afivelado de couro negro.

⠀⠀⠀Enquanto isso, alguns metros abaixo do animal, um homem corria por entre as demais pessoas que visitavam a feira local. Apesar de vestir partes de uma armadura surrada, que lhe cobriam seu peito, os braços e as pernas; ele conseguia manter o folego, correndo em uma velocidade considerável. O sujeito era alto e tinha uma longa cicatriz horizontal demarcando seu rosto entre os olhos e o nariz. Seus cabelos de cor castanho-claro, possuíam algumas mechas lisas, volta e meia grudando em sua testa suada. Ele portava uma espada embainhada na cintura, carregava um escudo circular com o brasão de uma rosa e uma lança longa, essas duas últimas, ambas presas ao suporte nas costas. Por debaixo do peitoral da armadura era possível ver partes de seu robe vermelho com detalhes em amarelo.

⠀⠀⠀Sempre que alguém via o homem correndo alucinado em sua direção, saía assustado da frente com medo de ser atropelado. Ele, por sua vez, tentava fazer o melhor possível para não esbarrar e machucar algum pobre coitado no seu caminho, mas nem sempre isso era possível quando se vestia uma indumentária como aquela. Mesmo em meio aos xingamentos e ameaças que recebia dos transeuntes espantados, nada podia pará-lo naquele momento, pois estava ficando cada vez mais sem tempo, já que em poucos metros, o julbatroz estaria sobre o oceano e completamente fora do seu alcance.

⠀⠀⠀Para cortar caminho sem ferir ninguém, o cavaleiro em sua armadura completa, saltou sobre um barril de peixes e depois pegou impulso para alcançar o teto de uma barraca de madeira. Ao atingir essa altura, isso o permitiu realizar um segundo salto, dessa vez para escalar o teto de uma das casas. Assim, era possível para ele correr livremente pelos telhados, bem mais vazios que as ruas abaixo. Um feito acrobático impressionante, diga-se de passagem, mas que não impressionou em nada os donos do barril e da barraca, ao terem seus bens danificados pela força aplicada pelo homem quando as usou de plataforma.

⠀⠀⠀Poucos segundos depois, enquanto corria e saltava de teto após teto, o cabo de sua lança prendeu em um varal de roupa. Sem ter como parar, ele acabou por arrebentá-lo de uma vez só, para o horror de sua dona que assistira às peças de vestimenta voarem por todo lado.

⠀⠀⠀A ave já estava sobrevoando o porto e segura de sua vitória sobre o humano lhe perseguindo. O cavaleiro, vendo o último telhado que delineava os limites da cidade se aproximar, deu seu máximo em um salto final, enquanto com seu braço esquerdo puxava o escudo das costas. Ele mirou, lançando o equipamento como um disco pelo ar, na tentativa de acertar o animal antes que ele estivesse longe demais.

⠀⠀⠀Dessa forma, com maestria, o escudo atingiu o alvo, libertando o chapéu de seu bico e fazendo a ave cair. Ela pegou impulso na água e voou de forma zonza para longe.

⠀⠀⠀― Isso! ― ele comemorou ao aterrissar.

⠀⠀⠀O cavaleiro então, respirou fundo e começou a correr novamente para poder agarrar o objeto que caia lentamente em direção as águas do oceano. Ele atravessou o píer, passando pelos marinheiros carregando e descarregando os navios com bem menos cuidado do que estava tendo antes, quando corria pelas ruas. Quando já estava quase no final, parou na ponta dos pés com os braços esticados e conseguiu agarrar o chapéu bem a tempo. Por pouco, não se desequilibrou, caindo com tudo na água, mas recuperou a postura e gentilmente colocou o acessório em sua cabeça, de onde ele nunca deveria ter saído.

⠀⠀⠀Satisfeito e sorrindo de orelha a orelha, o sujeito caminhou de volta a cidade enquanto pedia desculpas com toda a inocência do mundo aos marinheiros em quem esbarrou. Para sua felicidade, não arrumou problemas com nenhum deles, mas sua sorte mudou assim que ele colocou seus pés fora do porto, pois, uma pequena multidão enfurecida o aguardava, querendo tirar satisfações pelos objetos danificados e as roupas perdidas.

⠀⠀⠀― Eu sei o que todos vocês estão pensando agora, mas eu posso explicar ― falou, se dirigindo para o grupo de pessoas, enquanto trocava lentamente seu sorriso bobo por um longo suspiro.

⠀⠀⠀Entretanto, como já suspeitava, não foi tão fácil de explicar. E foi assim, que Lothar Mustang perdeu o resto daquela manhã.


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Se quiser saber um pouco mais sobre o personagem principal, dê uma olhada no capítulo 3 da minha outra história: As Crônicas de Val'lar: Passagens Fragmentárias.

Episódios novos vão sair todas as segundas-feiras.

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As Crônicas de Val'lar: Livro 1 - Lothar MustangOnde histórias criam vida. Descubra agora