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 ⠀⠀⠀Conforme combinara com a mestra, Lothar reuniu todos os suprimentos que precisava para a viagem e partiu ainda cedo

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⠀⠀⠀Conforme combinara com a mestra, Lothar reuniu todos os suprimentos que precisava para a viagem e partiu ainda cedo. Ele polira sua armadura, lhe dando um brilho extra e disfarçando os arranhões, consequência do excesso de usos. Teve também a mesma atenção com suas armas, tratando de amolar o fio das lâminas caso elas venham a ser necessárias nesse trabalho. Devidamente equipado e pronto, o cavaleiro se dirigiu até a estação ferroviária de Porto Julbatroz, mantendo sempre um olho na estrada e outro nos céus, afinal, não tinha tempo para imprevistos hoje.

⠀⠀⠀A criação dos trens e das linhas ferroviárias que unificavam todas as principais cidades de Val'lar era algo relativamente novo. Foi uma surpresa para os Val'lareanos verem, pela primeira vez, esses grandes veículos movidos a vapor transportando passageiros, carga e diminuindo em muitas horas, as longas viagens a pé que precisavam ser feitas no passado. O início da era ferroviária de Val'lar, entretanto, foi repleta de polêmica, já que nem todos estavam dispostos a aceitar o progresso tecnológico entrando nas suas vidas. Um desses, em especial, foi a própria Igreja d'Os Sete Divinos. Seus membros foram responsáveis por liderar inúmeros protestos contra o projeto, pois, segundo eles, isso era considerado uma ofensa a Vendel.

⠀⠀⠀Em Val'lar, essa religião local dita que o corpo divino é composto por sete deuses, também chamados de Äbels. Vendel é um desses sete, reconhecido como o Deus padroeiro dos viajantes, pois, há muitos anos, seu avatar humano era visto caminhando pelas estradas.

⠀⠀⠀Entretanto, no fim, nada puderam fazer para impedir o investimento, já que o próprio Rei de Val'lar da época bateu o martelo, concedendo sua benção na finalização do projeto. Eventualmente, a poeira baixou e a população geral, incluindo a maioria do clero, acabaram se rendendo as maravilhas que a comodidade dos trens a vapor trouxeram as suas vidas.

⠀⠀⠀Lothar comprou uma passagem e aguardou até seu embarque ser liberado. Assim que foi permitido a entrar, ele procurou um assento vazio em um dos vagões compartilhados e se uniu a outros, que assim como ele, escolheram viajar na classe comum. Honestamente, só havia viajado de trem na classe nobre uma ou duas vezes. Você tem o seu próprio quarto para relaxar durante a viagem, mas, geralmente elas costumam ser curtas demais para justificar o preço pago por aquele luxo extra. Desde então, ele sempre preferiu as viagens coletivas que eram muito mais baratas.

⠀⠀⠀Conforme os demais lugares iam sendo ocupados pelas famílias e pelos viajantes solitários, o cavaleiro sentiu um sono irresistível tomar conta de seu corpo. Ele se aconchegou no assento, abaixou o chapéu sobre o rosto para bloquear a luz do Sol e deixou suas pálpebras se fecharem lentamente. Em poucos minutos o trem já estava em movimento com seu balançar rítmico, conforme suas rodas deslizavam ao longo dos trilhos. Estava quase entrando no sono profundo quando, de repente, sua consciência foi trazida de volta pelos gritos que um pregador, que se dizia representante da Igreja d'Os Sete:

As Crônicas de Val'lar: Livro 1 - Lothar MustangOnde histórias criam vida. Descubra agora