𝑬𝑼 𝑬𝑺𝑷𝑬𝑹𝑶 𝑵𝑼𝑵𝑪𝑨 𝑻𝑬𝑹 𝑸𝑼𝑬 𝑪𝑹𝑬𝑺𝑪𝑬𝑹 / 𝑴𝑰𝑵𝑯𝑶

CAPÍTULO 10

- Difíceis? -- Perguntou Diego se levantando - Difíceis? -- Ele repetiu em um grito de raiva - Acha que até agora estávamos vivendo uma vida fácil? O que pensa que somos? Não sobreviveria a uma luta contra os Línios e quer nos dizer que tudo aquilo; ver os nossos amigos morrerem ou sermos obrigados a deixá-los para trás foi fácil?

- Eu não sei do que está reclamando Sr. Murel. A respeito de seus amigos você só perdeu seis na luta contra os Línios e com o Fulgor a solta isso é realmente uma coisa besta.

Maitê sentiu a raiva tomar conta de seu corpo no momento em que ele disse aquilo. Havia perdido uma pessoa muito importante durante a fuga, mas Diego se deu o trabalho de gritar com ele:

- Não aconteceu com você, seu desgraçado! -- Diego gritou. Maitê deu batidinhas na sua mão. Ele se virou para ela e se sentou ao seu lado. O homem se sentou de volta na cadeira em uma eternidade antes de voltar a falar.

- Me desculpe -- Sussurrou Diego.

- Não, você mandou muito bem, cara -- Maitê entrelaçou seus dedos na mão dele - Mas xingaremos ele depois. Agora precisamos ouvir. Ele já foi longe demais. Não vai se abalar com isso.

- Vocês podem pensar, ou pode parecer, que estamos meramente testando a capacidade de sobrevivência de vocês. Se considerado de modo superficial, o Experimento Labirinto poderia ser erroneamente classificado dessa maneira. Mas eu lhes asseguro... não se trata apenas de sobrevivência e de vontade de viver. Essa é apenas uma parte do
Experimento. O panorama dessa situação é algo que só entenderão no final. Clarões solares devastaram muitas regiões da Terra. Além disso, uma doença diferente de todas as anteriormente conhecidas pela humanidade tem aniquilado os povos... uma doença chamada Fulgor. Pela primeira vez, os governos de todos os países... os que sobreviveram... estão trabalhando juntos. Somaram esforços para criar o CRUEL, um grupo destinado a lutar contra os novos problemas deste mundo. Vocês constituem uma parte
importante dessa luta. E terão todo o incentivo para trabalhar conosco, porque, é triste dizer, cada um de vocês já contraiu o vírus -- Maitê franziu o cenho. O homem ergueu rapidamente as mãos para amenizar o burburinho que já havia começado - Atenção, atenção! Não há necessidade de se preocupar: o Fulgor
demora um tempo para se desenvolver e manifestar os sintomas. No entanto, ao fim destes Experimentos, a cura será a recompensa, e vocês jamais experimentarão os... efeitos debilitantes. Não são muitos os que podem pagar pela cura, vocês sabem. Mas chega dessa aula de história e de perder tempo. Agora nós os conhecemos. Todos vocês. Não importa o que eu diga ou o que esteja por trás da missão do CRUEL. Vocês farão o que for preciso. Disso não temos a menor dúvida. E, ao fazer o que pedimos, se
salvarão, obtendo a própria cura, algo que tantas pessoas almejam desesperadamente -- Maitê trocou um olhar demorado com Emily enquanto ouvia o som de papéis - Segunda Fase: Experimentos no Deserto. Essa fase começa oficialmente amanhã de manhã, às seis horas em ponto. Vocês vão entrar
neste salão e na parede atrás de mim encontrarão um Transportal. A seus olhos, o Transportal vai parecer uma parede bruxuleante acinzentada. Cada um deverá atravessá-la até cinco minutos depois do horário marcado. Portanto, de novo: ela abre às seis horas em ponto e fecha cinco minutos depois. Entenderam? -- Ninguém se mexeu. Todos os da área única ou trocavam olhares confusos, ou continuavam a olhar para o homem, todos com a mesma pergunta na cabeça. O que era um Transportal, afinal? - Estou bem certo de que todos podem ouvir. Vocês... en... ten... de... ram?

Maitê olhou em volta. O Grupo C inteiro olhava para ela. Queriam saber o que fazer. Ela pôs o dedo indicador na frente dos lábios, indicando o silêncio e os Clareanos responderam positivamente a pergunta do homem.

- Ótimo. A essa altura, os Experimentos no Deserto terão começado. As regras são muito simples. Encontrem a saída para o exterior, depois sigam direto para o norte por cento e sessenta quilômetros. Cheguem ao Refúgio Seguro dentro do prazo de duas semanas e terão completado a Segunda Fase. Nesse momento, e só quando ele acontecer, serão curados do Fulgor. São exatamente duas semanas, a contar do segundo em que passarem pelo Transportal. Se não conseguirem, estão condenados. É bem simples. Não há regras. Não há orientações. Vocês têm poucos suprimentos e não há nada para ajudá-los ao longo do caminho. Atravessem o Transportal no horário indicado. Encontrem uma saída. Percorram cento e sessenta quilômetros na direção norte, rumo ao Refúgio Seguro. É chegar ou morrer -- De repente todos começaram a perguntar ao mesmo tempo

- O que é o Transportal?

- Como contraímos o Fulgor?

- Quanto tempo demora pra perceber os sintomas?

- O que há no fim dos cento e sessenta quilômetros?

- O que aconteceu com os cadáveres?