CAPÍTULO 29

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Pouco antes de o sol desaparecer por completo naquele dia, Jorge ordenou que fizessem guarda pelos limites da cidade para encontrar a Brenda e Thomas. Ficariam a noite e manhã inteira em seus postos.

Maitê teve de ficar com Minho. Ambos protestaram de início, mas o plano de Jorge era que os mais fortes ficassem juntos já que seriam enviados para pontos estratégicos. Minho tentou convencê-lo de que seria melhor ir com Newt e Maitê com Emily, porém Jorge negou.

- Ah, que se dane -- Resmungou Minho agarrando o braço de Newt para levá-lo embora. Jorge entrou na frente da dupla.

- É o melhor plano para nós. Não vou desperdiçar o talento dos dois, os colocando em locais mais pacíficos. Se você quiser continuar com essa birra de criança e mandar seu amigo para aquele lugar perigoso com você, fique a vontade, mas quando ele morrer não quero ver um chorinho de maricas -- Minho olhou em volta. Todo o grupo o fitava em silêncio. Maitê sentiu muita vontade de rir, mas se segurou, deixando amostra um pequeno sorriso de lado.

Minho soltou Newt e atravessou, na direção do beco em que Maitê e ele montariam guarda. Quando ele passou por Maitê, ela levou a mão a boca para esconder o sorriso e depois seguiu o garoto.

Entraram em um beco sem saída e ficaram encostados na parede, logo no início dele, um de cada lado, em paredes opostas, de modo que conseguissem ver cada lado que o outro não conseguia.

- Tá bravinho? -- Ela debochou quando o Clareano se sentou no chão cheio de raiva. Ele a olhou com desprezo.

- Sério, eu te odeio.

Ela se deitou de barriga para o chão, apoiando o rosto no braço e mirou a rua atrás de Minho, passando os olhos por tudo ao redor. Era vazia e silenciosa, o concreto coberto por uma grossa camada de areia. Ela pôs a mão livre a frente do rosto e a olhou, estava cheia de feridas. De repente sua visão focou em Minho que a olhava com curiosidade, mas logo desviou para a rua a suas costas.

- Se pensa que eu vou me descul...

- Não, não penso -- Ele a interrompeu - Só cale a boca um instante. Podemos fazer isso quietos pelo menos? Nenhum de nós queria estar aqui.

- Não fui eu que precisei de uma bela bronca pra vir -- Retrucou, provocando-o.

- Eu tento, eu tento e olha no que dá!

- Ah, não se faça de vítima agora, ficaria tão bravo quanto eu se Diego fizesse um acordo daqueles.

- Não bateria nele e muito menos xingaria vocês.

- Tá se doendo por causa de um xingamento, Minho? Logo você?

- O que quer dizer com... -- Minho parou de falar enquanto espiava um ponto acima do ombro de Maitê.

Ela se virou e viu cinco Cranks que começaram a correr na direção deles. Dois com facões, um com um taco de baiseball e outro com um canivete. O quinto tinha algo na mão que eles não esperaram para ver.

- Levanta! Vem! -- Minho disse, já de pé, enquanto apanhava a mochila.

Maitê fez o mesmo e eles saíram correndo daquele beco. Viraram duas esquinas até pararem de correr.

- Acha que eles vão vir nos pegar? -- Minho perguntou e ela negou com a cabeça.

- O problema é que deveríamos montar guarda lá... Agora sei o que o Jorge quis dizer com perigosos, mas cinco de uma vez... -- Maitê parou de falar quando uma pessoa apareceu a sua frente.

Recuou dois passos com Minho, mas quando se virou para trás, viram uma outra pessoa.

- O que jovens como vocês fazem sozinhos essa hora da noite? -- Um deles perguntou com a cabeça inclinada, se aproximando com passos curtos.

Minho puxou seu braço para a direita e começou a correr com ela.

- Podemos pegar um por um, sabia? -- Ele disse sem diminuir o ritmo depois de percorrerem certa distância.

- Tá de leira, Minho? Vamos apenas nos afastar e esperar algumas ho... -- Maitê se interrompeu quando ouviu o motor de uma moto roncar as suas costas.

No início da rua, havia uma moto com o único farol ligado, se aproximando deles em alta velocidade.

- Espera! -- Disse Minho - Quando ela chegar perto, nos separamos.

- Isso não é um Línio, Minho. Ele pode... -- Minho agarrou seu pulso.

- Cala a mértila da boca um instante e confia em mim -- Maitê olhava a moto se aproximar com medo - A única entrada da rua, é a droga daquele beco e não duvido que... Agora! -- Minho gritou a última palavra e a soltou, então ambos recuaram para os lados e a moto que levava duas pessoas, seguiu em linha reta.

Eles correram até o beco mais a frente. Até escutaram o som da moto batendo contra algo que eles não pararam para olhar.

Assim que entraram, se depararam com dois dos mesmos Cranks de costas para a saída. O terceiro membro da gangue chegou pelas costas dela e de Minho e a empurrou no chão que era cheio de pedras e desnivelado. No momento em que seu corpo tocou o chão, ficou cheio de arranhões.

𝑬𝑼 𝑬𝑺𝑷𝑬𝑹𝑶 𝑵𝑼𝑵𝑪𝑨 𝑻𝑬𝑹 𝑸𝑼𝑬 𝑪𝑹𝑬𝑺𝑪𝑬𝑹 / 𝑴𝑰𝑵𝑯𝑶Onde histórias criam vida. Descubra agora