CAPÍTULO 28

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- Wow -- Emily conseguiu expressar como o grupo inteiro se sentiu ao ver aquilo tudo.

- É, todas as facas estão bem afiadas. Aqui no Deserto não se pode brincar de sobreviver. Vamos, escolham uma -- Todos continuaram parados, como se no momento em que encostassem nas armas alguém fosse se machucar seriamente.

Maitê se separou do grupo e apanhou um facão, encostou o dedo indicador na ponta da lâmina e o girou. Ergueu os olhos para Emily que a fitava com curiosidade, passou o facão para ela e depois olhou em volta.

- O quê estão esperando? -- Perguntou pegando outro facão para si. No momento os outros se aglomeraram em volta dos baús.

- A quanto tempo não pegamos em uma dessas -- A voz de Lucca se destacou no meio dos outros. Ele havia recolhido duas facas bem grandes.

- Finalmente vai tentar usar o facão? -- Perguntou Carlos a Maitê que sorriu de lado.

- Prefiro a minha lança, mas um desses não cairá nada mal.

- Pessoal -- Chamou Jorge - Talvez não tenham facas para todos então eu aconselho que deem essas para os mais experientes com armas e os que não fazem ideia de como se corta um bife usem martelos ou os bastões.

- Como se alguém aqui fosse acostumado a cortar pessoas no meio com isso aqui -- Disse Caçarola mostrando uma faca de caça.

- Aqueles dali parecem saber o que estão fazendo -- Jorge apontou para Diego e Lucca que seguravam facas nas duas mãos.

Maitê saiu de dentro do quarto apertado, dando espaço para que os Clareanos que ficaram de fora entrassem. Ao seu lado estavam Lucca, Carlos, Diego e Emily. Alguns minutos depois saíram Terê, Luiza e Isac.

O sorriso no rosto deles logo foi arrancado quando ouviram um Crank gritar. Um grito agonizante de arrepiar a espinha. Jorge pôs a cabeça para fora da porta e mirou o corredor de onde o som tinha vindo, apressou os Clareanos e depois os guiou pelo caminho, curvas e mais curvas pelos corredores, todos em silêncio apenas seguindo Jorge.

No início eles ouviram um bando de risadas insanas mas depois de alguns minutos só ouviam gritos. Jorge os guiou por um caminho que levava a uma escada igual a que eles tinham entrado que dava para a luz do dia. Saíram em meio a vários prédios abandonados, vidros quebrados e um fedor horrível. Quando eles seguiram um pouco a frente perceberam que o cheiro vinha de vários corpos de Cranks mortos e amontoados um em cima do outro. Emily fez menção de se aproximar, mas Jorge passou o braço na sua frente.

- Alguns deles apenas fingem ou não estão totalmente mortos -- Ele se dirigiu a frente do grupo, os guiando - Ficariam surpresos com a força que eles tem em um braço mesmo que estejam feridos.

- Onde estamos? -- Indagou Luiza - Sei que é um Deserto, mas... em que país? Se é que ainda existem países.

- Eu tenho a teoria de que esse seja o antigo México. Todos os países que sobraram estão unificados e um grande símbolo disso é o CRUEL, a unificação de recursos, tecnologias e muito, muito dinheiro mesmo.

- Ninguém viu nada de errado em por o nome CRUEL a uma associação? -- Questionou Carlos - Sei que é uma sigla e tudo mais. Só que... sabe, é esquisito.

- Tirando o fato de que eles são realmente cruéis -- Acrescentou Lebre - Mas conte mais.

- É, em relação a tudo isso nós nascemos ontem -- Completou Carlos.

- Criaram um sistema de testes terrivelmente complicado e fizeram áreas de quarentena. Conseguiram amenizar o Fulgor, mas não detê-lo. Acho que a
única esperança é encontrar um tratamento. Espero que esteja certo sobre
terem conseguido isso. Mas, se conseguiram, com certeza não divulgaram
nada ainda para a população.

- Por quê? -- Quis saber Lucca.

- Porque só os mais ricos receberiam. Igual o entorpecente. Do que adianta divulgar que conseguiram a cura e privar isso da maioria? É como entregar doce a uma criança e tirar das mãos dela quando estiver prestes a dar uma mordida -- Maitê olhou por cima do ombro e viu que todos os Onze estavam a sua volta e os Clareanos um pouco mais atrás.

Minho e Newt lhe lançaram um olhar de raiva, ela sentiu uma pontada de culpa, queria ir falar com eles. Deveria pedir desculpas a Thomas, não a eles e também não se importava se Minho estivesse com raiva, mas Newt a incomodava. O que diria a eles afinal?

"Ah, não importa" Abanou Maitê, se virando para Jorge outra vez.

- Como está o mundo? -- Indagou Carlos - É tudo areia agora?

- Não. Hoje, toda a área  entre os dois trópicos, Câncer e Capricórnio, é de areia. As Américas Central e do Sul, a maior parte da África, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático são terras estéreis, populações inteiras mortas. Portanto, bem-vindos ao Deserto.

- Mas por quê tem tantos Cranks aqui?

- Eles enviam todos para cá. Nos deixam apodrecer aqui.

- Deveriam separar, não é? -- Questionou Lucca - Os mais sãos dos mais insanos.

- Deveriam, hermano. Deveriam, mas todos que testaram positivo vem pra cá. Os que foram enviados antes estão mais loucos porquê o vírus se agravou, só que eles não dão a mínima.

𝑬𝑼 𝑬𝑺𝑷𝑬𝑹𝑶 𝑵𝑼𝑵𝑪𝑨 𝑻𝑬𝑹 𝑸𝑼𝑬 𝑪𝑹𝑬𝑺𝑪𝑬𝑹 / 𝑴𝑰𝑵𝑯𝑶Onde histórias criam vida. Descubra agora