CAPÍTULO 41

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Então ela pôde ver com clareza. Thomas, Teresa e Aris correndo na direção deles. O que não ajudou nem um pouco com as perguntas. Só percebeu que havia se esquecido totalmente do bastão em que se lia REFÚGIO SEGURO quando Diego e Sonya começaram a discutir a teoria de que ainda não tinha chegado a hora e que aquele era apenas um sinal para não  ultrapassarem ali.

Maitê se virou outra vez para Thomas, Aris e Teresa. Era bom que Teresa tivesse uma boa explicação para ter feito aquilo.

Maitê deveria estar se perguntando o motivo de se importar tanto quanto aquilo "a traição dela é problema dos Clareanos" disse para si mesma só que se havia algo que irritava ela era a traição. Se não a magoasse a deixava extremamente brava. Ela esvaziou a cabeça quando viu Minho sorrir para o amigo que se aproximava, os braços cruzados mas um belo sorriso no rosto. Maitê apoio o braço no ombro de Minho e pôs a mão na cintura esperando por Thomas.

- Já estava na hora de nos alcançarem, seus molengas! -- Gritou ele para os três e Maitê sorriu. Thomas parou na frente deles e se curvou, apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego.

- É, bom te ver, garoto -- Afirmou Maitê para ele ignorando Teresa e Aris. Thomas se ergueu e disse:

- Pensei que estivesse se atracando com unhas e dentes com essas garotas depois do que nos fizeram. Do que fizeram a mim, pelo menos --  Minho olhou para trás, na direção do grupo agora misto, depois
tornou a olhar para Thomas.

- É mais surpresa para nós te ver com essa daí, acredite -- Disse Maitê indicando Teresa com a cabeça - Depois do que ela lhe fez.

- Nunca confiei em nenhum desses traidores de mértila -- Completou Minho e Maitê se afastou dele, pronta para ouvir uma explicação, mas tudo que ele disse foi:

- Estão do nosso lado. Confie em mim -- Maitê arqueou as sobrancelhas, descrente e Minho riu amargamente.

- Imaginei que diria algo assim. Deixe-me adivinhar: é uma longa história?

- É, a história é bem longa -- Respondeu Thomas. Maitê deu um sorriso de lado. Se havia algo que queria escutar naquele momento depois da explicação que o CRUEL desse a eles a respeito do Deserto era a história de Thomas - Por que pararam aqui? O que todo mundo está olhando? -- Minho se afastou para o lado, estendendo o braço para trás.

- Dê uma olhadinha você mesmo. Ei, pessoal, abram espaço! -- Todos obedeceram e recuaram, formando um corredor por onde Teresa, Aris e Thomas passaram.

- Acredita que estão do nosso lado? -- Maitê perguntou a Minho.

- Não. De jeito nenhum -- Deu duas batidinhas no ombro dele.

- Muito bom -- Falou ela seguindo ao lado de Minho para perto de Thomas.

- Temos uma hora ainda. O Refúgio Seguro é um bastão no chão? -- Disse ele descrente.

- Não foi tão mal, pensando bem -- Replicou Minho - Mais da metade conseguiu chegar. Parece que mais gente ainda do grupo feminino.

- O Fulgor já enlouqueceu você? É, chegamos aqui. Sãos e salvos.
Chegamos a um bastão.

- Cara, não nos mandariam aqui sem um motivo. Conseguimos chegar no tempo que nos deram. Agora, é só esperar o relógio avançar e alguma coisa vai acontecer.

- Isso é o que me preocupa.

- Odeio admitir -- Acrescentou Teresa -, mas concordo com Thomas. Depois de tudo o que nos fizeram passar, seria fácil demais deixar um sinal aqui e depois vir nos buscar num lindo helicóptero como
recompensa. Algo ruim está para acontecer.

- Não importa o que diga, traidora -- Respondeu Minho - Não quero ouvir mais nenhuma palavra vinda de você -- Então ele se afastou com raiva. Maitê foi atrás dele.

- Minho. De agora em diante preste atenção na tatuagem -- Disse Maitê apontando para o próprio pescoço e depois ela cruzou os braços - Eu não sei você, mas tô curiosa para saber que história longa é essa.

- Eu não estou curioso. Preciso saber o que é, se não vou morrer de raiva -- Maitê sorriu.

- Você é definitivamente o meu Clareano favorito -- Minho sorriu e pós as mãos nos quadris.

- Sim, é melhor que eu seja mesmo -- Ela olhou em volta e percebeu que a maioria estava se sentando no chão para esperar. Luiza estava sozinha, então Maitê se aproximou e ajoelhou atrás dela passando os braços por cima de seus ombros para abraçá-la.

- Tudo bem caçula? -- A menor sorriu e Maitê se se afastou para se sentar ao seu lado com as pernas cruzadas, mas Luiza deu as costas para ela e deitou a cabeça nas suas pernas.

- Nós deveríamos comemorar nosso aniversário -- Disse ela com a voz carregada de tristeza. Maitê franziu o cenho e acariciou seus cabelos - Deveríamos comemorar nossos anos de vida... Num mundo como esse... -- Uma lágrima desceu pelo seu rosto - Onde a gente não sabe o que vai acontecer com os nossos amigos... -- Ela ergueu os olhos para Maitê que odiava vê-la chorar. Aquilo a machucava - Deveríamos saber o dia em que nascemos -- Maitê beijou sua testa.

- Eu sei... -- Ela sussurrou limpando as lágrimas do rosto de Luiza, porém mais lágrimas desciam - Eu sei...

- As coisas estão tão difíceis ultimamente. Não sou mal acostumada mas... Deveríamos poder viver de vez em quando. Ao invés de sempre sobreviver, sabe? Agora tudo que temos a fazer é torcer para que o CRUEL não tenha feito uma grande crueldade com a gente e fazer a gente vir aqui apenas para sofrer mais um pouco. Estou cansada disso... -- Luiza deu uma pausa e soltou um suspiro - cansada de ter medo e de perder cada vez mais gente... Não acho que Victor, Luna e Miguel serão os últimos. Sabe, eu não quero morrer... mas eu também não queria ter nascido. Não para viver desde jeito -- Maitê pensou alguns intantes aquilo e percebeu que as vezes sentia exatamente a mesma coisa.

- Um mundo sem uma Luiza não é o mundo em que eu quero viver -- Ela começou a limpar as lágrimas do rosto e a abraçou - Não posso dizer que as coisas vão melhorar, mas posso afirmar que você é a nossa pequena guerreira e é mais ajuizada do que muitas pessoas no Mural. É inteligente o bastante para saber que já chegamos longe e que temos de nos orgulhar de tudo que aguentamos. Não entraremos para a história por ter ajudado a criar uma cura mas sim por ter passado por tudo isso. Memória apagada e um Labirinto com aquelas feras? Fala sério! Já somos lendas.

Ela ouviu alguém chamar o seu nome, esperou que Luiza se afastasse para poder ver quem havia sido. Minho, sentado com Newt, Thomas e Caçarola.

- Vem cá -- Disse ele. Maitê sinalizou para que o clareano esperasse e se agachou com as mãos no rosto de Luiza.

- Teremos um final feliz -- Garantiu Maitê em um sussurro. Luiza sorriu sem mostrar os dentes e só então ela se ergueu e caminhou até os garotos.

- O que foi?

- O Tommy aqui vai explicar a história da Teresa -- Respondeu Newt dando duas batidinha no chão ao lado dele para que ela se sentasse.

- Certo. Tudo isso era um plano do CRUEL. A Teresa estava fingindo.

- Fingindo? -- Interrompeu Newt - Tommy ela bateu em você. Olha só a sua cara, tá cheia de machucados.

- Eu sei, mas ela estava fingindo. Disseram para o Grupo B que caso elas não me matassem, todas morreriam, mas eu as convenci e viajei com elas até chegar a um lugar cheio de árvores secas em volta. Teresa apareceu no meio das árvores e disse que precisávamos conversar. E eu fui -- Maitê sentiu vontade de chamá-lo de estúpido depois dele praticamente pedir para morrer mas tudo que podia fazer era arquear as sobrancelhas - Lá, ela me contou que era amiga do Aris e que conversava com ele... -- Thomas pousou o olhar em Maitê alguns segundos - telepaticamente -- Suspirou.

𝑬𝑼 𝑬𝑺𝑷𝑬𝑹𝑶 𝑵𝑼𝑵𝑪𝑨 𝑻𝑬𝑹 𝑸𝑼𝑬 𝑪𝑹𝑬𝑺𝑪𝑬𝑹 / 𝑴𝑰𝑵𝑯𝑶Onde histórias criam vida. Descubra agora