Capítulo 7

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Desgrudei as costas da porta e após me trocar, olhei no espelho umas três vezes para conferir se estava tudo certo. A verdade era que eu estava com medo da mulher ter contado tudo ao homem platinado.

— Por que demorou tanto? — o platinado perguntou, assim que eu saí. Me da uma folga, cara.

— Eu estava fazendo um curativo. — respondi encarando a morena, que me encarava de uma forma nada agradável. Levei a mão ao pescoço e toquei o local dolorido, lembrando de como ela me enforcou durante o nosso encontro.

— Por que não me deixou entrar logo? — perguntou, colocando as mãos nos bolsos, de forma relaxada.

Se fosse outra pessoa, eu consideraria uma pergunta simples, mas se tratando dele, o simples se tornava complexo. Suas ações, suas observações, suas perguntas. Sempre havia algo a mais por trás delas. Ele sempre estava procurando algo a mais. Revirei os olhos e tentei soar o mais calma possível.

— Eu estava conversando com a Kuina. — respondi pedindo a ajuda da morena, mas ela não parecia nenhum pouco disposta a me ajudar. E para falar a verdade, eu também estava com medo de qualquer coisa que pudesse sair de seus belos lábios.

— Ela me contou que você a levou ao quarto ontem. — começou analisando meu quarto, mas eu logo o cortei.

— Eu fiz o que todos os homens deveriam fazer ao encontrar uma mulher alcoolizada. O mínimo. — respondi ganhando a sua atenção. Ele abriu a boca para falar algo, todavia foi cortado pela morena.

— Eu tô com fome. — ela disse nos olhando.

— Eu já comi, vocês podem ir. — o platinado começou. — vou resolver umas coisas, depois nos encontramos. — terminou me olhando, se referindo ao plano.

— Eu não estou com fome, talvez eu possa te ajudar em algo. — disse tentando ficar o mais longe possível da morena, pelo menos até eu descobrir o que fazer para ela ficar de boca fechada.

— Ah, você vai comer, Kyle. — a morena se pronunciou, me fazendo estremecer. — Temos um longo dia hoje e não queremos que nada de mal lhe aconteça, portanto é importante que você esteja bem alimentado. — eu sabia que aquele discurso fofinho dela, era só uma ameaça disfarçada de preocupação.

— Agradeço, pela preocupação, mas eu não estou com fome, Kuina. — disse tentando soar o mais doce possível.

—  Pois eu acho que você está sim! — disse se aproximando um tanto quanto irritada, mas logo sua feição mudou e ela deu um sorriso. — Vou esperar você lá fora! — avisou antes de sair do quarto.

— O que houve? Eu pensei que vocês estavam bem. — o platinado perguntou olhando para a porta pela qual a morena saiu.

— Eu também. — dei um sorriso amarelo, esperando o homem sair do meu quarto para que eu pudesse fazer o mesmo.

O caminho para o refeitório foi feito em silêncio e não era aquele silêncio gostoso de se apreciar. Sabe aqueles silêncios de filme de terror e suspense, que faz você querer comer todas as unhas das mão? pois bem, era esse o silêncio. Após a morena escolher o seu café da manhã, nos sentamos em uma mesa mais afastada e eu a observei devorar toda a refeição, calada. Vez ou outra, parava e ficava me encarando, mas logo voltava para o café. Diaba. Eu já estava suando frio quando ela resolveu abrir a boca.

— Então?

— Então o quê? — perguntei perdida.

— Você disse que me contaria tudo, estou esperando. — disse séria. É, eu disse, porque te matar não estava nos meus planos e eu definitivamente não queria te matar.

Fúria In Bordeland Onde histórias criam vida. Descubra agora