Capítulo 47 - O Fim É Apenas O Início

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Observo enraivecida, a mulher de preto desaparecer e acompanho apreensiva a agitação de todos.

Eu deveria saber que tinha algo de errado com ela. De todos, ela era a que mais parecia... Não humana. Os desgraçados que se divertiram com os jogos e que se divertiram machucando pessoas, demonstravam resquícios de humanidade. Seus vestígios de medos, inveja, solidão, traumas e emoção humana... Todos eles demostraram. Mas aquela mulher só conseguia ver diversão. Mesmo no cenário caótico e diante da proposta do Chapeleiro, ela sorria e o atiçava. Ela não demonstrava nenhum traço humano.

- E agora? - Ryo indaga vindo até mim, totalmente tensa, mas eu ainda não consigo pensar direito.

Se eu não estivesse tão focada no meu plano ou tivesse mudado de ideia, isso não teria passado por mim. O que estava diante dos meus olhos, eu não vi. Mira nunca foi uma jogadora normal, porque ela era uma infiltrada... Mas mestra? Ela parece ser sádica o suficiente para isso, mas não meticulosa. Ela vacilou quando repetiu minhas palavras na frente do Chapeleiro e se eu não estivesse no automático...

- Porra. - Kuina xinga, chamando a minha atenção.

A mulher estava tocando nas mãos, bem próxima a barreira, o que me fez deduzir que ela tocou na mesma, teimosa.

- Isso não vai funcionar. - Chishiya se direciona a maior, sem nem sair do lugar.

Nego com a cabeça e continuou correndo os olhos pelo local, tentando deixar o que eu não posso mudar no passado e focar no agora.

- Precisamos sair daqui. - Usagi olha para o Chuck, que permanece olhando para as telas em branco.

Sinto uma pequena corrente na sala e logo encaro os ar-condicionados e o barulho sútil que ele estava emitindo.

Aperto os olhos.

Nada aqui acontecia por acaso. Nada.

- Pessoal, tem algo errado. - digo indo até o meio da sala e olhando para cima.

- É, estamos presos. - Kuina retruca, irônica e eu me viro para ela, sentindo seus olhos me queimar.

- Ae, eu não vou fazer isso com você. Não agora. - respondo firme, olhando diretamente para ela, que segundos após, desvia o olhar, causando um pequeno aperto no meu peito. Suspiro. - Os ar-condicionados não estavam ligados. Nem mesmo quando a energia voltou. - aponto para cima e todos observam o objeto.

- Não pode ser coincidência. - o platinado diz e eu ando até a barreira, observando a corrente eletricidade ali.

- E não é. - digo, pensando em como estávamos presos. - Ratos de laboratórios. - digo para mim mesma, lembrando do que Mira falou.

Olho novamente para cima e logo tudo fica silencioso. O ruído, quase imperceptível para, mas as engrenagens na minha cabeça não.

O que estava acontecendo? Esse era um jogo? Não foram apresentadas as regras. Seria assim de agora em diante? O nosso objetivo era escapar? Era um jogo de equipe ou psicológico?

Pisco incomodada com a confusão na minha mente e segundos depois o verdadeiro caos começa. O ruído em si não volta, mas uma fumaça branca começa a sair dos eletrônicos, me deixando em total alerta.

- Porra. - Kuina xinga novamente e logo entra em pânico, assim como os demais.

- Isso é é gás. Gás para dormir. - Chishiya aponta cobrindo o rosto e indo em direção a barreira.

- Cubram os rostos. - grito também correndo em direção a saída.

Toco na barreira, procurando uma maneira de sair dali, mas em reposta, recebo o mesmo choque de antes. Penso em gritar por ajuda, mas eu sabia que ninguém iria aparecer. Estávamos por conta própria e deveríamos agir.

Fúria In Bordeland Onde histórias criam vida. Descubra agora