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NEPHELLE

Assim que Calen desapareceu para dentro da casa, Rohan e eu nos encaramos, conversando silenciosamente através de nossas mentes. É melhor que ninguém, muito menos Calen, escute o que queremos dizer.

Desde quando você gosta dela?, pergunta ele, me olhando com raiva.

Há alguns anos. Mas eu não quero falar sobre isso. Quero saber por que você a destratou tanto, e quero uma resposta de verdade.

Rohan já sabe que, nas últimas semanas, a Nephelle que estava com ele era uma sósia, e não eu. Eu já destratei Calen, mas nunca como ele fez, e sei que meu motivo não é o mais nobre de todos, mas pelo menos eu tenho um motivo. Não consigo entender o que levou Rohan a tratá-la dessa maneira.

Não é da sua conta, resmunga ele, me dando as costas.

A passos rápidos, diminuo a distância entre nós e puxo-o pela nuca, ignorando seu gemido de dor.

— É da minha conta sim — rosno em seu ouvido. — e você vai me responder agora.

Em resposta, ele aperta meu braço com força.

— Me machuque o quanto quiser, não vou te responder.

— E se eu machucar outra pessoa, Rohan? — aperto mais a nuca dele, sentido seus músculos tensionarem. É um golpe baixíssimo, mas digo: — Nestha anda vulnerável ultimamente.

— Você não ousaria...

— Você sabe que sim. Agora me responda: por que você trata Calen dessa forma? Por que a afastou de você?

Sinto sua pulsação acelerar contra meus dedos.

— Madja está por perto?

— Não mude de assunto.

— Eu preciso falar com ela primeiro. Dependendo do que ela me disser, eu conto toda a verdade para você. Apenas... Apenas confie em mim.

Não sei o que ele quer dizer, mas, mesmo receosa, solto seu pescoço e me afasto.

ROHAN

Na noite em que Calen se machucou, anos atrás, eu encontrei uma bruxa. Na verdade, não sei se ela era uma bruxa ou algum outro tipo de criatura, mas sei que ela era poderosa, mais do que os feéricos e Grã-feéricos.

Foi enquanto procurávamos por Calen na floresta. Eu fiquei sozinho por alguns minutos, andando sem rumo, e quando me dei conta, havia me perdido. Foi aí que ela surgiu.

Sua pele era da cor da luz do luar, e parecia até mesmo emanar um brilho prateado. Seus cabelos eram azulados, assim como seus olhos. Ela era linda, mas não era o tipo de beleza atraente que Calen e Nephelle têm. Era uma beleza que assustava, dava medo.

Você cometeu algo muito errado, menino — falou ela, se aproximando de mim e me olhando com interesse. — Quando alguém faz algo errado, eu gosto de amaldiçoar esse alguém, mas tenho poucos minutos para fazer isso. Quase nunca consigo encontrar o criminoso nesses minutos, mas você, Rohan Archeron, foi tão fácil de achar. Sabe qual será minha maldição para você, menino? Você gosta da filha do Grão-Senhor, não gosta? É do seu desejo tê-la como sua?

Eu neguei, mentindo, mas a bruxa percebeu. Ela tinha milhões de anos, enquanto eu mal havia completado meu décimo segundo aniversário.

Se ela se apaixonar por você, morrerá. Quando seus lábios tocarem os dela, toda a vida deixará aquele corpo, e você estará condenado a carregar para sempre a culpa de tê-la matado. Afaste-a de você, Rohan Archeron, e então ela poderá viver. E se tentar contar isso para alguém, se tentar se livrar desta maldição, seu corpo irá doer até que você se desmanche em dor. Você não quer isso, quer? Vai ficar quietinho e fazer com que Calen te odeie, não vai?

Foi por isso, senhoras e senhores, que eu fiz tudo o que eu fiz. Cada maldade, cada ferimento que causei nela, foi tentando evitar isso, e quase coloquei tudo a perder quando a abracei hoje, mas vê-la andando do jeito que sempre quis, o brilho no rosto dela... Deuses, foi a coisa mais linda do mundo.

Quando eu disse que a tratava mal porque me sentia culpado e ela explodiu, uma parte minha ficou radiante. É assim que deve ser, ela deve me odiar. Mas então ela contou tudo o que fez, contou sobre o veneno, e eu tenho certeza que a dor de ter ouvido aquilo doeu bem mais do que a dor que sentirei quando contar sobre a maldição para Madja e Rhysand.

Madja é curandeira e talvez consiga diminuir a dor. E Rhys pode entrar na minha mente, então talvez doa menos do que se eu falar.

Pedi a Rhys e Madja, que estava fazendo uma consulta de rotina com Feyre, para me encontrar no consultório dela, longe da Casa. Estou aqui há menos de dez minutos, mas já sinto a maldição agindo e estou desesperado. Não consigo respirar direito, não paro de tremer, não consigo organizar meus pensamentos. Penso em Calen e em tudo que sofreu e em Nephelle, que me escondeu seus sentimentos por anos, penso na dor que elas devem sentir, penso em como meu pai deve ser sofrido por não poder ficar perto de minha mãe no começo, no desespero que o consumia e na culpa que a devorava. Mil vocês berram dentro da minha mente, falando tudo ao mesno tempo, e eu não entendo nada.

— CALEM A BOCA — grito, tapando os ouvidos e fechando os olhos com força. É a maldição daquela bruxa desgraçada. — EU TE ODEIO, TE ODEIO, TE ODEIO, TE ODEIO. ME DEIXE EM PAZ.

— É O SEU CASTIGO POR SER  UM MONSTRO, ROHAN! — ela berra dentro da minha cabeça, rindo e gritando e se divertindo. Demônio demônio demônio. — VOCÊ VAI ENLOUQUECER E SE PERDER DENTRO DA SUA MENTE. ENTÃ, VÃO TE MANDAR PARA A MESMA PRISÃO ONDE O ENTALHADOR FICAVA, OU TE DARÃO DE BRINQUEDO PARA BRYAXIS.

— NÃO VÃO FAZER SISO, NAO VÃO! CALEN ESTA CURADA, ME DEIXE EM PAZ, POR FAVOR.

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Antes tarde do que nunca, né? na correria com coisas da escola e um livro que eu PRECISO escrever até o final do mês que vem ( surtando kkkkk), mas aqui está o capítulo de vocês ❤

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