Já passa do meio dia e ainda estou amarrada à árvore. Acho que torci o pulso enquanto tentava me soltar, porque ele não para de doer, e cada puxão que dou para tentar me soltar acaba em um grito sufocado.
Há poucos minutos, vi uma pedra pequena e afiada próxima da minha perna direita, a perna machucada. Estou tomando coragem para esticar a perna e tentar alcançá-la.
Preciso tirar as botas se quiser conseguir pegar a pedra com os dedos. É uma luta difícil, mas consigo. Lentamente, vou esticando a perna pouco a pouco, mas faltam uns 60 centímetros para que eu alcance a pedra, e minha perna já está tremendo intensamente. O que é pior? Conseguir se soltar, mas acabar desmaiando de dor, ou ser encontrada seminua amarrada à uma árvore?
Estico mais a perna e cerro os dentes com tanta força que chega a doer, mas alcanço a pedra. Porém, não consigo mais dobrar minha perna. Ela simplesmente travou.
Quando penso que não pode ficar pior, escuto passos contra a grama molhada. Não não não não não não não não!
Uma garota surge ao contornar a pedra. Ela está distraída lendo um livro, mas assim que se encosta na pedra para continuar a leitura, nota a minha presença e dá um grito.
— Pela Mãe, quem fez isso com você? — ela corre para trás da árvore e tenta desfazer o nó. Solto um grito. Meu pulso realmente está quebrado. — Vou ter que cortar o tecido. Não se mexa.
Quando meus pulsos são libertos, a primeira coisa que faço é cobrir meus seios. Quero pegar aquela pedra enorme, amarrá-la no meu tornozelo e me jogar no mar.
— Seu pulso está quebrado, não é? Vou fechar os olhos — diz ela, se aproximando de mim. — e te ajudar a se vestir.
— Obrigada — Minha voz sai tão baixa que não tenho certeza se ela ouviu.
Ela fecha os olhos e tira a própria túnica, ficando apenas de sutiã. Para quem não está enxergando, ela sabe muito bem o que está fazendo, pois consegue me ajudar a vestir a peça com muita habilidade.
— Consegue se levantar? — pergunta ele, abrindo os olhos castanhos.
— Não consigo dobrar a perna — digo, encarando o chão.
— Para a sua sorte, está falando com uma garota que vem de uma linhagem de curandeiras.
O tom descontraído dela me faz relaxar e rir. Ela se agacha ao lado da minha perna ferida e examina meu pé. Ela começa a massageá-lo com algo que não é nem bruto demais nem suave demais. Suas mãos são ágeis e macias. Seus cabelos acobreados fazem cócegas na minha perna. Suas mãos logo sobem para minha panturrilha, então para minha coxa, e toda a dor some e consigo dobrar a perna. Estou pronta para agradecê-la, mas suas sobrancelhas franzidas me fazem recuar.
— O que foi? — pergunto, observando os movimentos de sua mão. Ela não está mais fazendo a massagem, mas sim apertando alguns lugares, como se sentisse algo por baixo da pele.
— Parece que seus músculos estão embolados por toda essa região aqui, mas não consigo ajeitar eles que nem fiz com o seu pé.
— Foi um acidente na infância.
Talvez ela seja muito boa em interpretar linguagem corporal, porque apenas assente e não faz mais nenhuma pergunta a respeito.
— Se você não tiver nenhum compromisso agora, gostaria que viesse até minha casa — fala ela enquanto me ajuda a levantar. — Podemos tomar um chá e jogar conversa fora.
Fico espantada ao notar que não consigo me lembrar quando foi a última vez que fui convidada para algo.
— Claro. Sua casa fica muito longe?
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Noite Sombria e Perversa
FanfictionAnos após a Guerra, cada membro do Círculo Íntimo já tem a própria família, mas, diferente dos pais, os filhos não se dão tão bem uns com os outros. Calen e Rohan são o maior exemplo disso. A filha de Rhys e Feyre odeia o filho de Nestha e Cassian d...