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Em uma fração de segundos, já estamos na sala da casa, que está silenciosa. Todos devem estar dormindo seguros em seus quartos, mas mesmo assim não consigo me conter e, discretamente, espião quarto por quarto. Primeiro o de Tamlin, depois o de Alis, então os das gêmeas de tia Mor e Elain. Verifico o quarto de todos os adultos também, além da biblioteca e de todos os outros cômodos. Quando acabo, estou tremendo. 

— Está tudo bem — sussurra Nephelle, envolvendo-me pela cintura e conduzindo-me até a cozinha. Sento-me em uma banqueta enquanto ela enche a chaleira com água. — Você precisa de um chá para se acalmar. Enquanto isso, acha que consegue me contar tudo o que aconteceu nesses últimos dias? — Não há desafio ali. Soa gentil, preocupada.

Conto sobre os comentários mais maldosos do que o comum e a tentativa de me matar. Se havia alguma dúvida em mim sobre a veracidade do que Nephelle disse no Arco-íris, essa dúvida some; ela está pálida de um jeito que nunca pensei ser possível ver em uma pessoa viva. Com as mãos trêmulas, ela puxa uma cadeira e se senta de frente para mim. 

— Essa… Essa sósia. Ela fez algo de ruim para mais alguém? — pergunta ela, olhando-me aflita.

— Não que eu saiba. Mas não importa o que ela fez. Temos que avisar aos outros e descobrir o que ela está tentando fazer. 

— Ela deve saber que eu voltei hoje — murmura ela. Não precisa completar a frase para que eu saiba o que está pensando.

— Você está a salva aqui, ninguém desconhecido vai conseguir atravessar as proteções que meus pais mantêm ao redor da casa. 

Ela assente, não muito convencida. Eu me levanto e termino de preparar o chá. 

Enquanto despejo a água quente nas xícaras, já um pouco aliviada por estar em casa, permito-me pensar no que Nephelle falou: do preconceito no acampamento, na sua atração por garotas, na sua atração por mim. Não é exagero, hipérbole ou coisa do tipo quando digo que nunca imaginei que ouviria isso. 

— Está ouvindo isso? — indaga ela rapidamente, mantendo a voz baixa. Parecem passos apressados, correndo, e estão cada vez mais próximos.

Ela já está empunhando uma adaga que estava escondida entre seus seios — é errado reparar nisso? —, quando para nossa surpresa, Cassie surge, o rosto totalmente desprovido de cor, exceto por um corte longo na bochecha esquerda.

— Rohan — ofega ela, se sustentando na ponta da bancada. Só então noto que a lateral do vestido está rasgada e suja de sangue, sangue dela. — Ele bebeu um pouco na festa, e passou o caminho todo de volta murmurando coisas estranhas. Ele disse que queria encontrar a mãe, e eu disse que ninguém sabe onde Nestha está e que ele não podia sair por aí sem rumo. Tentei impedi-lo, e então ele fez isso.

Rohan esfaqueou Cassie? Não consigo pensar, mal consigo respirar. Por que ele faria isso? Por que daria uma facada nela para ir atrás de Nestha? Por que sequer daria uma facada em alguém? Cassie não era sua inimiga, eles até mesmo haviam transado há poucas horas! Apesar de não ser a pessoa mais gentil do mundo, nunca o vi sendo mau com alguém, agredindo alguém. A cada hora que se passa de hoje, sinto que nunca conheci Rohan, não de verdade.

— Você viu para onde ele fugiu? — indaga Nephelle, ajudando Cassie, que está ainda mais mole e pálida, a se sentar numa banqueta 

— Ele atravessou — diz ela, respirando com dificuldade e piscando pesadamente. — Disse que iria para — uma tentativa falha de inspirar profundamente. — para…

Antes que qualquer uma de nós possa fazer algo, Cassie desaba no chão, desacordada.

Nota da autora

Quero agradecer muito a todos que estão lendo, muito obrigadas pelos quase 1,5K de views♡

O que estão achando da Fic? Comentem aí.

Além de agradecer vocês, também quero dizer que, se a fic bater 2k até dia 15, vai ter uma maratona de capítulos especial. Vocês conseguem! P.S: Não se esqueçam de votar também

Beijos e boa semana para vocês♡

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