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Meu coração tá quase saindo pela boca. Encosto minha cabeça no volante meio desesperada. Não é como se eu não conhecesse a faculdade. Meus tios fizeram questão de me trazer aqui, fizeram questão que eu conhecesse e conversasse com o reitor. A única diferença é que, no dia, ela estava vazia. Sem esses carros luxuosos e esses filhinhos de papai desfilando por aí. Da vontade de rir só de pensar o que eles devem estar pensando sobre o meu carro. Um celtinha 2006. Eu sinceramente tô pouco me lixando pro que eles acham, só não tenho paciência pra isso. Não sei se tô preparada pra isso. Voltar pra vida normal. Encarar tudo de frente. Preciso provar a mim mesma que eu sou corajosa.

Saio do carro com minhas coisas e já tranco a porta, tudo num minuto. Fecho os olhos com a mão na maçaneta e faço uma promessa silenciosa: você vai conseguir.

Começo a andar com a cabeça erguida, e as pessoas começam a reparar a mim. Prefiro não focar nisso, e sim em encontrar minha sala. Essa faculdade é enorme, e fico meio perdida no começo, mas logo lembro de como o reitor me orientou pra que eu não tivesse nenhuma dúvida em como orientar por ela. Minha "sala" parece mais um auditório. Também, pelo preço que se paga por essa universidade. Decido me sentar bem no final da última fileira, no canto, colada com a parede. Sinceramente, duvido muito que alguém vá me notar aqui. Começo a tirar minhas coisas da minha bolsa e arrumar tudo em cima da minha mesa. Tem algumas pessoas já espalhadas bem no começo das fileiras, em grupinhos, conversando e rindo. É claro, ninguém me notou graças a...

-Oie! Meu nome é Anahí! Prazer em te conhecer, qual seu nome? - Uma menina loiríssima, de olhos azuis me pergunta, se sentando na cadeira ao meu lado. E eu jurava que tinha conseguido me camuflar.

-Dulce. - Ofereço um sorrisinho a ela.

-Que nome lindo, amei! É novata, né? Novidade quentíssima, nunca tivemos uma novata. Nossa turma tá junta desde o começo e você aparece no último ano. Se prepara que daqui a pouco todo mundo já vai tá comentando sobre você. Ainda mais que aqui na nossa turma só tem 24 pessoas. - Ela solta uma risadinha.

-Não sei se gosto muito de ser o centro das atenções. - Falo olhando pra ela meio puta da vida. Não gosto mesmo de ser o centro das atenções.

-Eiiii, calma. - Claro que ela percebeu que eu tô puta- Daqui três dias passa. E você já vai ser amiga de todo mundo. Vem, vamo sentar lá na frente com a gente - Ela toca na minha mão. Involuntariamente eu afasto as nossas mãos e ela faz uma cara meio magoada e confusa.

-Anahí, desculpa. É muita informação, muita coisa acontecendo na minha vida. Obrigada de verdade por ser tão fofa comigo, mas prefiro ficar aqui sozinha. - Tento ser o mais educada possível e transparecer muita sinceridade, por que estava sendo realmente sincera. Meu jeito as vezes pode confundir as pessoas e eu sei que não tô na minha melhor fase ou versão. É tudo muito confuso pra mim agora. Estou literalmente uma pilha de nervos. Encarar as pessoas, voltar a viver depois de um ano encarando o nada, é apavorante.

-Tudo bem. Eu entendo. - Ela sorri e se levanta, indo pra frente da sala novamente.

Solto um suspiro de alívio e fecho meus olhos, contando até dez, como minha psicóloga ensinou. A cada um segundo, um me lembro de um momento feliz que já vivi. Isso me ajuda muito. Minha psicóloga diz que é pra me recordar que , na vida, existem muito mais momentos felizes que tristes, mesmo os tristes sendo os que eu mais me lembrei durante o último ano.

-Vou ficar aqui com você então! - Tomo um susto e abro os olhos, me deparando com a Anahí e todo seu material em sua mão.

-Ah não, não precisa mesmo, pelo amor de Deus. -Falo muito rápido e de uma maneira desesperada.

-Não tem nada. Eu quero ficar aqui com você. Te conhecer. Gostei de você desde a primeira vez que te vi. Nós vamos ser amigas. -Ela sorri e começa a arrumar o material dela.

Eu tento sorrir e fecho os olhos. Realmente, eu só queria ficar sozinha.

DESTINYOnde histórias criam vida. Descubra agora