DESTINY

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Acordo assustada, suando e tremendo. Consigo conter um grito a tempo. O mesmo sonho, sempre, toda noite, só ele. Vejo as horas no meu celular, 5 da manhã. Me permito sentir um pouco orgulhosa de mim mesma. Cinco horas direto de sono, pra quem não conseguia dormir nem uma completa.

Como já sei que não vou conseguir dormir de novo, decido treinar um pouco. É o meu refúgio toda manhã, consigo extravasar tudo através do exercício. Depois que termino, vou tomar um banho e me arrumar pra faculdade. Estranha? Sim. Feia? Nunca. Arrumo meu cabelo, faço uma maquiagem levinha e pego minhas coisas, já descendo pra tomar café.

-Bom dia!

-Bom dia flor do dia. - Meu tio solta uma risadinha debochada e eu reviro os olhos.

-Mário, irritando nossa florzinha logo pela manhã? - Minha tia começa a rir com ele.

-Vocês sabem que eu ODEIO ser chamada de flor, florzinha, grrrr - Falo me sentando na mesa e pegando um pouco de café.

-Por isso mesmo. Você fica tão fofinha brava, querida.

-Eu tenho é medo da Dulce brava, Fatima. -Começo a rir com eles.

Com minha família é tudo tão fácil. Queria que fosse com o resto do mundo também.
Acabo de tomar meu café e já me despeço deles. Prefiro chegar mais cedo na faculdade mesmo.

Paro no estacionamento e tiro da minha bolsa meus remédios e minha garrafinha de água. A primeira pílula para a minha querida ansiedade. A segunda para a minha amiga depressão. Eu sei, é meio estranho falar assim dos meus transtornos mentais, mas é assim que eu consigo lidar com isso e ainda dar umas boas risadas de uma coisa totalmente sem graça. Respiro fundo e olho as horas no celular. Dez minutos pra aula começar. Conto até dez e saio do carro.

Sento no mesmo lugar de ontem e Anahí já está na cadeira do lado da minha.

-Muito adiantada, barbiezinha. -Decido fazer já uma brincadeirinha com ela.

-Eu a-m-e-i esse apelido, sinceramente. -Reviro os olhos. - E eu vi isso. Bom dia candy, ansiosa pra mais um dia de sofrimento?

-Muito.

-Bem debochadinha, candy. - Ofereço um sorrisinho irônico- Dulce, quero conversar rapidinho com você antes da aula começar.

Ok Dulce, tudo bem, calma.

-Almoça comigo hoje? Por favor, por favorzinho, quero muito te conhecer mais. Você pode ficar o almoço todo calada se vc quiser, não vou ligar.

Enquanto Anahí me encara quase que sem piscar, eu fico tensa, pensando. Não consigo nem responder ela de imediato.

-Não precisa me responder agora, ok? Pensa até o final da aula. Com carinho.

A aula começa e eu decido não pensar em nada, só focar nos professores e na matéria. Se eu ficar overthinking vai ser pior e pode ser até um gatilho pra mim. Vou decidir na hora mesmo. No intervalo, Anahí decide me deixar sozinha e ficar com seus amigos. Caramba, parece que ela até já me conhece. Percebeu que eu precisava de espaço e se afastou por mim. Claro que eu tô realmente muito insegura com o almoço, é um passo muito grande. Mas, eu me sinto tão a vontade e bem com ela. Eu sinto tanta vontade já de ser amiga dela.

Quando o último professor dispensa a classe, eu olho nos olhos dela.

-Anahí, eu vou almoçar com você. Mas quando a gente chegar lá, preciso conversar com você e te explicar algumas coisas, tudo bem?

-Tudo ÓTIMO. Vamos, já fiz nossa reserva. Você tem carro?

-Tenho. Me manda o endereço que eu vou te acompanhando até lá.