Capa vermelha.

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Capítulo 1.

Era uma época antiga, onde as carroças de madeira desnivelada eram puxadas por burros, pois cavalos eram caros ou destinados à realeza. Onde a lama e barro compunham toda e qualquer estrada.

Em uma aldeia, longe de qualquer palácio, oculta dentro de uma floresta, com apenas uma estrada de saída e entrada, era atormentada por um lobo que lhe roubava as galinhas, carneiros e homens. Eles não sabiam de onde vinha tal criatura, mas a temiam até os ossos. Apenas os mais destemidos ou tolos ousavam ir atrás do lobo. Ninguém nunca viu criatura tão grande e horrenda.

Nesta mesma aldeia, vivia Gulf Kanawut. Um rapaz de 20 anos, filho de um caçador e uma costureira. Ele tinha seus segredos, mas era conhecido por todo o vilarejo por caçar tão bem quanto o pai. E era um dos tolos que se aventurava na floresta, nenhum outro caçador ia tão fundo quanto ele; porém ele ia para visitar sua avó, que vivia fundo na mata, longe da aldeia e perto da magia oculta em cada galho e folha das ávores e arbustos.

Gulf adorava o lago perto da casa da avó, mesmo que ela o proibisse de ficar até o anoitecer, ele saía cedo para aproveitar das águas cristalinas, ótimas para nadar, se banhar e pescar. Saía cedo, é claro, quando não tinha um "compromisso" com o filho do ferreiro da aldeia, Kao Noppakao. Sempre durante a tarde, em uma barraca abandonada longe das outras casas da aldeia, eles se encontravam para se distrair dos dias trabalhosos e agitados. Um momento de prazer apenas deles dois. Nunca passava disso, uma escapada com foco sexual. Eles gostavam assim; conversavam pouco, beijavam muito.

Era mais uma manhã simples, Gulf foi acordado pelo movimento no andar de baixo de sua casa. Seu pai levantava cedo para se reunir com o pessoal do conselho da aldeia para decidir o que fariam em relação ao lobo e sua mãe preparava o café, sua irmã mais velha ainda dormia ao seu lado. A casa não era tão grande, com apenas dois quartos – o dos pais e o que dividia com a irmã – no andar de cima e uma cozinha e sala de jantar no de baixo, uma horta atrás da casa e um enorme tronco na frente para cortar lenha.

Kanawut levantou, tomando cuidado para não acordar a irmã. Se vestiu e desceu as escadas seguindo o cheiro de chá, pão e milho cozido. Seu pai já comia, se adiantando para sair cedo.

— Gulf — Nosh, pai de Gulf, cumprimentou — Tem certeza que não vai comigo hoje?

— Tenho, pai — Sorriu para ele.

— Então aproveite que está livre e vá levar algumas coisas para sua avó — Menma, mãe de Gulf, falou — Leve mais ervas para o chá dela, esta época chuvosa não é boa para a horta dela.

— Sem problemas, mãe — Ele sentou à mesa, não demorando em se servir do milho e do pão — Se der tudo certo, vou ver se pesco alguma coisa para uma sopa no lago.

— Já disse para não ficar indo naquele lago — Menma reclamou, apontando a colher de pau para o filho — Quer pescar? Vá ao rio como os outros pescadores, não fique entrando naquela água esquisita do meio de uma floresta assustadora. E se você se afogar? Quem ajudará você?

— Eu sei nadar muito bem, mãe, não se preocupe — O olhar reprovador que recebeu foi o suficiente para saber que aquela era uma péssima desculpa — Está bem, não entrarei no lago.

— Ótimo!

Como o esperado, após o café-da-manhã, Nosh saiu para a reunião. Gulf ajudou a mãe a preparar a cesta para levar à sua avó, Grace, sua irmã, acordou pouco tempo depois, saindo para buscar água no rio. Após o almoço, ele se arrumou para ir à casa da avó. Sua capa estava em frangalhos desde que encontrou um urso na floresta, então saiu sem ela. Pegou a cesta com ervas e legumes com sua mãe, colocou uma faca na cintura e um arco e flechas nas costas.

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