Capítulo 2 - Ovelha negra

730 46 0
                                    

Me chamo Cathrina. Cathrina Monroe. Tenho 17 anos e nesse momento estou indo morar com meu pai (Paul), a vaca-malhada da minha madrasta (Nataly) e meu meio irmão que eu nem sei o nome e nem como ele é. De que isso adiantaria em minha vida?

Tenho o cabelo azul, me baseio em roupas escuras, umas tatuagens aqui ou ali e variados piercings.
Daniel, meu padrasto, é um maravilhoso. Eu amo quando ele me suborna com dinheiro só pra eu me socializar com alguém (ex: "Bom dia!") e jogar video game com ele.
Connor, meu irmão de 7 anos é possivelmente a única pessoa que eu amo de verdade, ele é filho de Daniel e Kathryn.

—Você tem de voltar sociável! Não pode tirar a blusa na sala do diretor, não pode comer de boca aberta, não pode se sujar toda comendo chocolate! -minha mãe ia citando minhas qualidades ao longo do caminho.

—Sociável... -repeti pra mim mesma com uma cara como quem diz "Você sabe que isso não vai acontecer, né?".

—E vê se come refeições adequadas. Vale te lembrar que Pringles não é almoço! -Daniel acrescentou.

Esqueci de falar: tenho um vício incontrolável por Pringles e Coca-Cola.

—Querem que eu seja sociável? -perguntei e pus a cabeça pra fora da janela do carro. Fiquei falando qualquer merda pro carro ao nosso lado mas ele acelerou, me deixando falando sozinha.

—Viu? Eu tento ser sociável, mas as pessoas me ignoram! -eu disse e fechei o vidro. Coloquei uma música qualquer pra tocar e dormi.

Acordei depois com Daniel saindo do carro.

—Chegamos? -perguntei com voz de sono.

—Sim -Connor respondeu e saímos do carro.

Meu pai e Nataly estavam me esperando de braços abertos na portaria do apartamento.

Quando entrei, eles vieram logo me abraçar e eu pus o braço à frente.

—Sem contato físico, por favor!

Minha mãe sorriu amarelo pra mim e me deu tchau. Paul e a vaca subiram e disseram que ficariam me esperando lá em cima.

Me virei pra Daniel e Kathryn.

—Ok, última proposta: faço e como bacon, me socializo com todo mundo, paro de me cortar...

—Filha, está decidido! Você vai! -minha mãe disse e se aproximou de mim. —Se cuida, meu amor. Eu amo você -me deu um beijo na testa.

Resmunguei e peguei minhas malas, indo em direção a escada. Acha que eu vou de elevador? Tenho um medo platônico desse quadrado de metal que pode te matar de todos os jeitos possíveis em questão de segundos. Ok, talvez eu seja um pouquinho dramática.

Apesar de meu pai ser um empresário rico pra cacete, ele mora em um cubículo. E seu nível baixou quando casou com a vaca. Ela é veterinária. Olha que legal! Se ela ficar doente, nem precisa ir ao médico!

— E essa é a casa. Depois você pode conhecer o Cold. Acho que vão se dar bem! -a vaca falou.

—Quem é Cold? -perguntei.

—Filho da Nataly -meu pai respondeu.

Sério que mais alguém morava ali? -pensei.

—É que ele é meio... anti social -Paul continuou, respondendo meus pensamentos.

Ótimo. Agora eu também o odeio por ter pegado o título de ovelha negra da família antes de mim!

Fui pro corredor à procura do quarto e uma porta se abriu, batendo na minha cara.

Passei a mão pela testa e em pé na minha frente estava um sósia do Zach Abels quando era mais novo, só que com olhos verdes e com o cabelo menor. Sem camisa -morram todos, com umas tatuagens no braço e uma âncora em sua barriga.

—Essa é minha meia-irmã? -perguntou.

—Sim! -Nataly disse e me levantou. —Cold, essa é Cathrina. Cathrina, esse é Cold.

—Achei que fosse mais alta -ele disse com uma sobrancelha arqueada.

—Achei que tivesse educação -retruquei e entrei no quarto. Era um beliche.

Taquei minhas malas na cama de baixo e fui tomar banho. Acabei e me deitei. Esperando que isso tudo fosse um pesadelo.

CathrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora