Capítulo 33 - "Brincando" na água

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Aquele relógio bêbado alertava que faltavam uma hora pro baile, mas nem eu e nem Cold parecíamos nos importar com isso. Eu, por exemplo, estava comendo e mexendo no computador na minha cama enquanto ele dedilhava algumas notas na guitarra, na cama de cima.

-Já ouviu alguma música em alemão? -ele perguntou ficando de cabeça pra baixo. Ele ficava super fofo assim. Aos poucos, sua cabeça foi ficando vermelha por conta do sangue.

-Já. De uma banda escrota que nem alemã de verdade é. Acho que são tipo um cosplay. -fiz uma careta ao lembrar dessa música irritante num vídeo de carros.

-Eu gosto de uma música dessa banda. Escuta -ele me puxou pra cima, entrelaçando nossos dedos.

Cold fez as primeiras notas na guitarra e eu tapei os ouvidos pelo amplificador estar ligado, e o som, super alto. Logo me acostumei com a altura e ouvi a música normalmente. Wow! A voz de Cold ficava mais grossa em alemão. É tipo eu nas aulas de francês, que não aprendi budega nenhuma. Voltando ao Cold... só de pensar que esse inglês fajuto dele é uma voz forçada... eu poderia ouvi-lo falando em alemão pra sempre. Eu não estava entendendo titicas, mas ele cantava incrivelmente bem. A música -infelizmente- acabou, deixando uma frase estranha no ar. Literalmente, era uma frase em alemão.

-Qual o nome dela? -perguntei.

-Frei Im freien fall.

-O que significa?

-Livre em queda livre.

Nos encaramos por alguns segundos.

-Olha, temos quarenta e cinco minutos pra nos arrumar... -eu disse e ele correu pro banheiro. Ao perceber que era uma corrida, desci as escadinhas depressa e acabei caindo no chão. Vi o Cold rindo e me levantei rápido. Nós dois ficamos presos na soleira do banheiro e entramos os dois juntos.

-EU VOU PRA BANHEIRA! -escorreguei pra dentro dela.

-NÃO, EU QUE VOU! -ele foi atrás de mim.

Estávamos um de frente pro outro (de roupa, é claro), mas não evitei pensar besteiras. Ele, em um movimento rápido, se levantou e ligou o chuveiro, que estava em cima de mim.

-COLD, ESTÁ FRIO! -minha frase deve ter saído insignificante pois foi como "frio, está frio!". Ele riu e imaginei que pensou a mesma coisa. Joguei água nele também.

-Que pena, eu me molhei -ele disse falso e tirou a camisa.

-Ok, você venceu, eu tomo banho no quarto dos nossos pais -saí da banheira mas ele me puxou.

Se tem algo que aprendi com minhas muitas quedas da vida, foi colocar joelhos e cotovelos na frente. Eu fiz isso, mas acabei acertando algumas partes do Cold. Como sei disso? Assim que eu caí, ele fez uma careta dolorida.

Viu só? Não é só cair de joelhos em um cara. É cair de joelhos, cotovelos, apaixonada, molhada em cima de Cold Way! Me processem, eu vou pro inferno por desejar meu irmão.

-Fica -ele sussurrou e eu quase chorei, desejando falar "Eu fico! Fico aonde você quiser! Eu te amo, Cold!", mas soaria muito Perrie.

Me sentei em suas pernas (em uma área não muito legal) e ele tirou uns fios de cabelo do meu rosto. Em um movimento rápido, nossos lábios se encostaram e iniciamos um beijo sem urgência. Só com desejo um pelo outro. Ok, tinha algo a mais, mas nada especificado.

Não me preocupei com meu cabelo, atualmente rosa, em seu rosto também, ele fazia o trabalho de tirá-los. Senti um pequeno... hum, incômodo, mas deve ser coisa da minha cabeça. Sorri e depois de minutos, nos separamos.

-Eu iria pro inferno por estar apaixonado pela minha irmã?

-O que? Você está apaixonado por mim? -brinquei, desejando que ele dissesse sim.

-Não. Só um hipótese.

-Acho que não. Eu já vou pro inferno sem estar apaixonada, que dirá você. Você está apaixonado por mim!

-Claro que não, você que está!

-Ó-obvio que não! Que besteira! -fiquei da cor do meu cabelo. Ele pegou uma mecha dele e pôs entre meu nariz e minha boca.

Voltei pro meu lugar de beijá-lo e continuamos tudo de novo. Foi a vez dele de sorrir e ouvimos passos.

-Crianças? Estão aí? -a porta do quarto foi aberta. Merda.

Tento sair do colo do Cold mas ele sussurra um "não" e me segura.

-Cold? -meu pai se aproxima.

-Me solta!

-Fica aqui, porra!

A porta do banheiro é aberta e eu pulo pro outro lado da banheira. Cold, por um motivo desconhecido, pôs as mãos em cima das calças.

-Crianças? O que estão fazendo?

-P-pai, é que...

-Faltam meia hora pro baile e vocês estão brincando na água? Ora, vejam só! Eu e Nat vamos jantar fora. Não cheguem muito tarde e, se chegarem, não façam barulho, ela tem o sono muito leve. Deixei algumas libras em cima do armário da sala, peguem antes de saírem. -meu pai diz e sai- Ouviu isso, Nataly? Alguns minutos pro baile e as crianças brincando na banheira, vê se pode! -ouço a voz dele longe.

Eu e Cold nos encaramos por alguns segundos e, logo depois, caímos na gargalhada. Rimos muito mesmo.

-Olha só, amor, -estremeci quando ele disse essa palavra- eu sou um adolescente com os hormônios à flor da pele e cheio de testosterona, sendo você minha irmã ou não, eu posso não me controlar como dessa vez quando você sentar no meu colo enquanto me beija. Não se atreva mais a fazer isso, senão a situação não acabará bem. Eu sou homem! -ele diz e tira as mãos da calça, onde eu percebo um volume. -Preciso me aliviar. Sai daqui.

-O que? Você... vai mesmo fazer isso? Eu não acredito!

-É óbvio! E a culpa é sua.

-Meu Deus, Cold! Eu vou pro outro banheiro -digo e saio, ainda com as palavras dele ecoando em minha cabeça. Eu poderia me sentir ofendida, mas ele, como sempre, me deixou em um transe perpétuo. Na verdade, as últimas palavras dele.




Penúltimo capítulo, meu coração está doendo, gente. Somos quase dez mil! <3

CathrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora