Capítulo 18 - Elevador

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Acho que dormi dentro do carro, pois quando acordei estava no colo de Cold subindo as escadas de casa.

-Vocês demoraram muito naquela convenção nerd, hem -falei que nem um bebê.

-Cala a boca antes que eu te jogue pela janela!

-Onde estamos?

-Você não entende o significado de cala a boca?

Resmunguei alguma coisa e voltei a dormir. Fazer o que?
Cold é lindo, cheiroso e forte. E eu estou, aparentemente, apaixonada. Eu disse isso mesmo? É o sono.

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Acordei no outro dia com batidas do meu pai na porta. Foi a única noite bem dormida que eu tive nesse lugar.

Cold ainda estava dormindo na cama de cima. Tive uma ideia. Subi lá e bati o travesseiro nele com força, fazendo o mesmo cair lá de cima!
Comecei a rir e desci.

-Eu poderia ter me machucado! -ele falou e bocejou como um ursinho.

Ri mais e peguei minha necessárie.

Fui até o banheiro, só coloquei um pouco de creme dental na boca e deixei meu cabelo solto. Vesti um short rasgado e uma blusa preta dos The Beatles. Calcei meu All Star azul e voltei pro quarto.
   Chegando lá, Cold já estava arrumado então descemos juntos.

O café foi super legal e animado! Sintam o doce aroma da ironia no ar logo pela manhã.

Tinha muita gente na cozinha!

O velho do Cloud reclamando como sempre, as tias gordas N andando pra lá e pra cá com aventais, e a única que estava aproveitando bem o café era a vaca malhada da Nataly, que estava sendo paparicada por sua barriga já estar fazendo volume. Volume nada! Isso é gordura mesmo, gente! Parem de paparicar a vaca!

-Cold, Cathrina, peguem as malas pra pegarmos o trânsito desgraçado de volta pra Londres -meu pai falou.

Cara! Aquilo pra mim e pra Cold foi tipo: Corre pra pegar os últimos ingressos pro show da Nirvana!

Fizemos uma corrida paralela na escada e empurrei Cold lá em baixo. Sou muito delicada, não!?

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Nos sentamos cada um de um lado do carro e colocamos nossos MP4's no volume máximo.

-Cath? -a vaca falou- Como você é menina, poderia escolher sugestões de nome pro meu futuro filho, ou filha!

-Eu não! Pede esses dois aí que são seu marido e filho. Não tenho nenhum grau de parentesco com você! -falei. Sempre tão meiga!

-Vamos lá! Diga um nome!

-Tá. Ér... Hum... Theodore -falei.

-Theodore? Não acha um nome muito adulto?

-Não! Se eu tivesse um filho ele se chamaria Theodore. Você pediu minha opinião e eu gosto de Theodore!

-Ok. Theodore na lista. O que acham, homens da minha vida? -perguntou. Que nojo. "Homens da minha vida".

-Legal -falou Paul e Cold juntos. Provavelmente eles não estavam nem prestando atenção. Sortudos.

-Eu não quero mais um irmão! Já basta o Connor! -resmunguei.

-Quem é Connor? -perguntaram todos no carro.

-Meu irmãozinho.

-E como ele é? Você cuida dele? -Nat perguntou.

-Ele tem cabelo castanho e respira. E tem dois rins, eu acho. Sim, eu cuido dele por... Ei! Eu não vou cuidar dessa coisa aí na sua barriga!

-Ok, ok! -ela disse rindo e pus meus fones de novo.

-SHHHHH! -Cold fez e aumentou o volume do rádio.

-Então essa está valendo dois ingressos pro show mais esperado em Londres! De que música é o trecho "Come as you are, as you were, As I want you to be as a friend, as a friend, as an old enemy"?

Cold começou a estalar o dedo na minha frente.

-É... é... É da Nirvana! Qual o nome dessa música mesmo?

-Come As You Are.

-ISSO! -ele falou e imediatamente pegou o celular pra discar o número da rádio- Eu sei o nome da música! É Come As You Are da Nirvana!

-Parabéns, garoto! Você acaba de ganhar dois ingressos pro show que será daqui a duas semanas! Parabéns!

Ele desligou o telefone e comemorou como um nerd que acaba de ganhar uma HQ de última geração. Depois, colocou os fones e voltou a ouvir música, enquanto minha boca formava um O.

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Finalmente chegamos a Londres!
Estacionamos o carro em frente ao prédio e saímos.

Só que como a ovelha morreu, Nataly ficou com algumas heranças velhas que deviam estar no museu. E quem ficou encarregada de levar tudo? Isso mesmo, eu! Até rimou.

Todos subiram e me deixaram lá. Isso é só uma prévia de como odeio minha vida e família.

Peguei as malas e... Porra! Elas pesavam mais do que eu!

A porta do elevador estava aberta e as escadas livre.

Eis a questão: enfrentar meu medo de elevador ou subir as escadas com duas malas mais pesadas que eu e acabar com minha coluna?

Arrastei elas até o elevador e apertei o botão com meu celular em mãos, obviamente.
Nunca tinha andado em um, mas até agora está tudo bem.

O elevador apitou, dizendo que cheguei.
A porta deve abrir em 3,2,1... Bati minha cara na porta de metal. Não!

Apertei o botão de abrir a porta mas não aconteceu nada. Meu estômago estava embrulhado e comecei a chorar.

Não pode ser! É muito azar pra uma pessoa só! Na primeira vez que uso o elevador fico presa em um! Isso não pode estar acontecendo!

-PAI! COLD! NAT! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! -gritei batendo na porta e nada.

Tentei ligar pra alguém, mas meu celular estava sem sinal! Merda!

Olhei meu reflexo no espelho, que estava quebrado. Isso está medonho!

Escorreguei até ficar sentada no chão e comecei a chorar mais.

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Cold on

Não é possível que eu esteja conseguindo tocar uma música inteira na guitarra sem interrupções ou gritos de que eu toco muito mal.

Tem alguma coisa de errado.

Cathrina on

Depois de estar com o rosto encharcado, ouvi a porta se abrindo.

ALGUÉM VEIO ME SALVAR!

Se fosse um velho com uma verruga enorme no nariz eu ia agradecê-lo pra sempre!

Mas não era esse velho. Nem a mulher dele.

O abracei tão forte que cambaleou pra trás. Não me importava se estávamos desconfortáveis, ou se eu estava pisando no pé dele na ponta do pé pra ficar mais alta. Enlacei minhas mãos em seu cabelo e molhei seu ombro todo de lágrimas.

-Cath? -sussurrou Cold- Está tudo bem agora.

Ignorei completamente o que ele disse e lhe tasquei um beijo.

Como eu o amo!

Por ter vindo me salvar, óbvio!

CathrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora