Can't be true

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Flashback (...)

Cá estou eu, andando tranquilamente pelas calçadas da cidade onde moro, a qual não me lembro no momento, enfim, eu paro e vejo uma cafeteria aparentemente nova, já que nunca a notei por ali.
Quando planejava entrar, um homem alto, com o celular e um copo de isopor, esbarra em mim e quase me faz cair.

- Ei, se queria passar era só ter pedido licença. Disse irritado, massageando de leve o ombro batido. - Grosso. Xinguei baixinho.

O homem, que estava prestes a abrir a porta do local, me olha por cima do ombro, guarda o aparelho, se vira e vem diretamente a mim, parando bem proximo. Ele me olha de

- O que disse? Perguntou com semblante sério, mas logo ri nasalmente. - Esqueça, não vou perder tempo com asneiras de um pobre. Completou de modo superior.

- O que pedi foi um pouco mais de educação, mas parece está em falta. Comecei já mais irritado. - Sua mãe não deve ter te dado, não é? Por isso que você é assim, um mal amado. A última frase eu levanto a voz e o empurro.

Ele quase não se mexe, apenas cambaleia um pouco pra trás e, sem perder a postura, calmamente se aproxima cada vez mais e assim sussurra no meu ouvido de forma ameaçadora.

- Perdeu a noção do perigo? Está mexendo com a pessoa errada, não sabe do que sou capaz. Ele se afasta.

- Nossa que medo. Finji medo, tremendo as mãos. - Está certo, eu não sei quem é você... Depois da fala imparcial, eu pego seu copo, abro a tampa e lanço o líquido escuro em seu rosto e roupas, porém ele apenas fecha os olhos pra se proteger. - Mas adoraria ver do que é capaz. Esmigalho o copo e deixo cair no chão. E enquanto ele se limpava com seu lenço branco, seu olhar não desviava de mim.

- Aproveite seu café senhor

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- Aproveite seu café senhor. Sorri satisfeito, virei as costas e puz as mãos no bolso do moletom.

- Vou fazer você arrepender de ter feito isso. Então é melhor já ir abaixando sua cabeça. Ele fala como se fosse uma promessa maligna.

- Eu nunca vou abaixar a cabeça para pessoas como você. Digo enquanto o olhava por cima do ombro, pra enfim seguir o meu caminho.

(...)

- Você vai ser meu chefe?! Questiono desacreditado. - Você é chefe disso tudo?! Completei fechando a porta atrás de mim.

- Ficou surdo por acaso? Retrucou irônico, arrumando seu paletó.

Pressionei os lábios, no ato de acalmar minha raiva. - Ok, deve ter algum mal entendido nisso. Me desespero de forma subentendida, passando a mão pelo cabelo.

- Não tem nada errado aqui. Eu fiz questão de te contratar. Ele sorri de canto, cruzando os braços. - Eu vi seu currículo. Estenço. Ótimas qualificações e inúmeras recomendações. Citou lento e baixo, dando um clima mais sombrio, enquanto rodeava sua mesa e se sentava na poltrona. - Vai ser muito interessante te ver trabalhar para mim. Finalizou com um sorri de canto, passando a lingua nos lábios e se apoiando na palma direita.

Ok, por mais que ele esteja me dando calafrios agora, eu não pude deixar de olhar seus lábios e acabei engolindo saliva. E quando ele os úmideceu.... fui obrigado a desviar o olhar pra não piorar a situação.

- E-então eu vou pedir demissão. Conclui retornando ao normal e encarando-o. Droga eu gaguejei.

- Acho que não seria uma boa ideia. Ele puxa sua gaveta e tira uns papéis, junto com seu celular. - Tendo em vista que você precisa muito desse emprego, afinal, sua mãe está no hospital e é você quem cuida da sua irmã. Cita ele sorrindo de canto, lendo algo no aparelho e se balançando na poltrona giratória.

- Como que...?

- O que o dinheiro não paga, não é? Proferiu sarcástico, levantando o olhar.

- Maldito! De onde tirou essas informações? Perguntei irritado, depois de ir até o mesmo e o pegar pelo colarinho.

- Eu não te devo satisfações. Ele diz calmo, desvencilhando minhas mãos de sua blusa social. - Mas sei o quanto você precisa do dinheiro, isso é o que importa. Complementou sério, puxando uma caneta do bolso do paletó pra mesa. - Este é o contrato, assim que assina-lo, vai estar realmente integrado a empresa. Explicou empurrando os papéis com as pontas dos dedos.

Tive que sentar e morder os lábios pra pensar, tudo estava acontecendo muito rápido. Como posso trabalhar pra um homem que claramente me odeia e vai fazer de tudo pra me ferrar?! Porém, o salário é o melhor que irei receber, a carga horaria é padrão, mas acessível. Merda, não posso deixar passar uma chance dessas, mesmo sabendo que vou sofrer...

- Ok, aqui está. Empurro o contrato calmamente e me ponho de cabeça baixa.

- Perfeito. Diz animado, pegando o contrato já assinado. - Vai ser ótimo trabalhar pra mim, secretário Can.

- O que?! Me surpreendo assustado, levantando a cabeça.

- Não leu as letrinhas. Se-cre-tá-ri-o. Soletrou indicando as sílabas no contrato. Ele sorri maléfico assim que vê minha cara de confusão misturada ao medo.

- Seu... Comecei furioso, cerrando os punhos nos braços da cadeira. Foi por isso que ela saiu chorando daqui.

- Como eu disse, vai ser ótimo trabalhar pra mim. Finalizou acenando pra eu sair do escritório.

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