There we go again

151 21 0
                                    

No dia seguinte...

Ae

Estava sentado no escritório lendo alguns orçamentos pendentes, quando Pete entra sem bater e se senta na beira da minha mesa, como se a sala fosse dele.

- Como está indo o novo emprego? Pergunta ele com seu jeito de patricinha.

- Muito bem, obrigado por perguntar. Respondi sorrindo fechado, tirando a atenção dos papéis mas logo voltando.

- Sabe... Ele começa distraído, e eu logo vi que não conseguirei terminar de ler nada com ele aqui. O que aquele ratinho de laboratório disse era mentira, ok. Não sou tão ruim como ele deve pensar. Comentou rindo baixo.

- Por que não vai atormentar um dos seus amantes Pete? Perguntei já incomodado com sua presença.

- O que...

- Achou mesmo que podia me manipular como faz com alguns empregados daqui? Larguei os papéis e me escoro na poltrona. - Sorte minha Can ter me dado algumas informações sobre você. Ditei superior, cruzando os dedos.

- Vai mesmo acreditar em blasfêmias de um estranho? Questiona ele cínico, dando a volta na mesa, virando minha cadeira e se apoiando nos braços da mesma.

- Atraente, manipulador e chantagista. Palavras que caem muito bem em você. Citei simples, em seguida pego seu queixo. - Provavelmente pensa que todos deveriam estar aos seus pés, não é? Fazendo tudo o que quer. Digo me curvando pra frente e encarando-o sério, em seguida aproximo a boca bem perto do seu ouvido e umedeço os lábios, fazendo questão de estalar a língua sensualmente. - Pessoas que não respeitam o próximo como você me dão nojo. Sussurrei, logo sorrindo de canto. Mas agora é sua vez. Vai provar do próprio veneno. Ri sibilar, lambendo a hélice auricular.

Assim me afasto, jogando-o delicadamente pra trás, ele cai de bunda apoiado nas palmas e eu encaro seu semblante confuso, provavelmente não esperaria esse tipo de comportamento. E realmente, se Can não tivesse me alertado sobre cafajeste, era possivel que eu teria sido mais um peão dele. Preciso aguentar e fingir essa postura ameaçadora, se não ele vai ficar enchendo meu saco até dizer chega.

- Agora saia da minha sala, tenho mais o que fazer. Ordenei desinteressado, abanando a mão e retomando minha posição original.

- P-pois saiba que e-eu farei um inferno n-na sua vida. Gaguejou ele desestruturado com o ocorrido, limpando sua roupas de alta costura. Depois ele arrebita o nariz e sai apressado.

Algumas horas depois...


- Não acredito que fez isso. Can diz, olhando o prato e enrolando macarrão no garfo.

Eu havia chamado Can pra comer em um restaurante simples de contêiner.

- Foi você quem disse pra eu falar isso. Rebati confuso, o olhando e brincando com a comida.

- Opa espera aí. Eu disse pra você falar algo que seja ameaçador de forma implícita e só em caso de vida ou morte. Explicou o pálido, gesticulando a mão, em seguida dando um gole no suco natural de laranja.

- Tá talvez eu tenha exagerado um pouco. Admiti pondo o garfo com comida na boca.

- Olha, não vou julgar, até por que eu estou em uma situação pior. Respondeu dando de ombros.

- Pior que a minha? Difícil.

- Eu joguei café no chefe da M.C. Revelou ele irritado, tirando a franja do rosto.

- Ok, isso é bem pior do que minha situação. Abri a garrafa de água e dei um gole.

- Mas eu não me arrependo e faria de novo se fosse possivel. Meu susto foi tão grande que cuspi tudo seu rosto.

- Eles podem mudar Can. Arregalei os olhos enquanto falei contraditório. Ele passa a palma no rosto e inicia sério:

- Ae você tem que entender que pessoas como eles só olham pro próprio umbigo. Fariam o possivel e o impossivel pra prejudicar alguem que os intimida, já que eles tem condição pra isso. Se a gente não virar esse jogo, vamos acabar sendo culpados por algo que eles fizeram. Explicou ele gesticulando as mãos e continuou exaltado . - Tem noção do que ele fez comigo?! O filho da puta me manipulou, trocou os trabalhos e ainda me humilha todo dia. Tudo por que ele ficou sujo. Ainda acha que ele pode mudar? Perguntou retórico, suspirando pesado.

- Ninguém é mal por natureza, deve ter uma história por trás disso. Algo muito traumático pode ter acontecido. Eu falo calmo, mas preocupado. Ambos estavam certos, eles foram e são maldosos com a gente, mas deve ter algum motivo pra eles nos tratarem assim.

- É, talvez esteja certo. No final, eles não fizeram algo tão horrível assim. Concordou ele, se rendendo ao meu comentario, brincando com a comida. - De qualquer jeito, isso não muda nossa situação, o jeito é suportar e não revidar. Continuou de forma cansada e um pouco triste.

- Gostei da ideia, não precisamos nos igualar a eles. O melhor jeito de derrotar o inimigo é transformando ele em amigo. Cogitei alegre, sorrindo fechado e ele retribui de forma fofa. O celular do menor toca e ele olha. - Quem é?

- Tin, ele quer que eu faça hora extra de novo. Ele suspira exausto.

- Pode ir, eu pago. Ofereci recolhendo os pratos.

- Obrigado. Vamos por o plano em pratica daqui a alguns dias. Concordou Can escrevendo no celular.

- Ei. Chamei e ele me olha. Não guarde rancor, ele pode ser bonito por dentro. Pedi e ele assente, agradecendo a comida e se despedindo.

AutumnOnde histórias criam vida. Descubra agora