Exposta.

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Não sei quanto tempo fiquei chorando no meu quarto enquanto eles conversaram na sala, podem ter sido 1 hora ou 20 minutos, mas para mim parecia uma eternidade.
Eu não queria mais ouvir aquela conversa, não queria mais ver eles, não queria mais sair daqui, só queria que tudo isso desaparecesse e que a dor que parecia tomar conta de todo meu peito fosse embora, naquele momento eu só desejava nunca tê-lo conhecido.

As vezes quando a Sarah se exaltava eu conseguia ouvir suas vozes, mas não entendia o que estavam dizendo, apenas consegui escutar quando ela gritou alto "vai para o inferno", então suspeitei que as coisas não estavam indo muito bem, e isso me confortou de certa maneira.
Recebi uma mensagem dele no meu celular.

"Já estou indo, mas preciso falar com você"

Em seguida escutei minha irmã batendo a porta do quarto com tanta força, que achei que iria arrancá-la.
Eu me levantei devagar e receosa, olhando com cuidado para o corredor antes de descer as escadas. O encontrei na rua, encostado em seu carro de cabeça baixa.

—Eai?— chamei sua atenção, com medo e triste.

—Ai Sam— ele exclamou e respirou fundo parecendo estar exausto— quando eu penso que as coisas não podem piorar...

—Sinto muito.

—Não sinta— ele desencostou do carro e me puxou para um abraço apertado— como eu deixei as coisas ficarem tão complicadas?

—Não é culpa sua.

—É sim— levantei minha cabeça para olhá-lo, e neguei com a cabeça com lágrimas nos olhos.

—O que vai ser da gente agora?

—Eu tenho que dar o maior apoio possível para a Sarah, porque querendo ou não eu causei tudo isso— eu já sentia o nosso fim chegando— e eu sinto tanto por ter te trazido para essa bagunça— e eu voltei a chorar de novo— mas esse bebê não é meu— eu fiquei em choque por alguns segundos tentando processar as palavras, o bebê não era dele? Ele não estava terminando comigo?

—Co-como?

—Nós não temos relações há meses, e eu sempre tomei todo o cuidado do mundo, simplesmente não é possível.

—Eu sei, mas os métodos falham— ele continuou negando.

—Eu sei que falham, mas comigo não era possível.

—Por que não?

—Desde que me beijou pela primeira vez, eu não conseguia mais sentir esse desejo por ela, depois disso, eu nunca... nunca mais cheguei lá— era isso mesmo que eu estava pensando?

—Você não gozava com ela?— ele negou envergonhado.

—Eu não conseguia, além de usar proteção, tinha isso, então, como é possível?

—Mas ela sabia disso?

—Soube agora.

—E ela?— me desvencilhei do seu abraço, talvez nem tudo estivesse perdido.

—Ficou indignada, começou a gritar, e disse que quando nascer ela vai fazer o exame de dna e esfregar na minha cara— aí estava a Sarah surtada de novo.

—Então, vocês não vão voltar?— ele juntou as sobrancelhas e me olhou como se eu tivesse dito o maior absurdo que ele já ouviu.

—É claro que não— ele segurou meu rosto com as mãos e deu um beijo na minha testa— isso estaria fora de cogitação em qualquer situação. Não existe mais eu e a Sarah, para mim existe apenas eu e você.

(...)

Quando eu voltei para dentro, Sarah saiu de casa sem me dizer uma palavra, e pela mochila que ela levou, pensei que não dormiria aqui hoje, então consegui ficar em paz, com meus pensamentos, minhas preocupações, meus medos, mas em paz, bem longe dela.
Falei com a minha mãe durante o dia, e ela me disse que voltaria essa noite, e no meio dessa confusão eu havia me esquecido de que hoje era o último dia do ano, mas eu não estava nem um pouco afim de comemorar isso.

A Irmã ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora