Visualizada e ignorada.

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Meia hora depois de me trancar no meu quarto, e ficar deitada no tapete branco ao invés da cama, pensando na péssima pessoa que eu era, e na minha irmã que ficaria mais devastada do que já estava se descobrisse o que eu havia tentado fazer, escute...

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Meia hora depois de me trancar no meu quarto, e ficar deitada no tapete branco ao invés da cama, pensando na péssima pessoa que eu era, e na minha irmã que ficaria mais devastada do que já estava se descobrisse o que eu havia tentado fazer, escutei meu celular tocando, e quando o alcancei na cama, gelei ao ver Rafael no identificador de chamada.

Eu fiquei paralisada olhando para seu nome, sem saber se atendia ou não, eu deveria atender para pedir perdão, mas estava envergonhada demais para aquilo, e não estava preparada para ouvir dele, todo tipo de xingamento referido à mim. Eu decidi que no momento era melhor eu ignorar.
Respirei aliviada, quando a chamada se cancelou sozinha, mas meus batimentos se aceleraram de novo, quando ele tornou a ligar, e dessa vez, eu cliquei no botão de ignorar.

Meus planos de ficar no meu quarto pelo resto da minha vida, para ter que evitar a culpa que eu sentiria ao ver Sarah, foram interrompidos pela minha barriga que estava roncando há horas, eu era sensível para fome, e sentia que ia desmaiar de fraqueza a qualquer momento.
Me levantei da cama, e peguei meu celular para olhar as horas, e vi que as notificações das ligações perdidas ainda estavam ali. Eram quase 1 hora da manhã, Sarah provavelmente já estava dormindo em seu quarto, apesar de eu não ter ouvido barulho nenhum na porta em frente à minha, mas ela sempre dormia mais cedo que isso.

Abri a porta do meu quarto silenciosamente, as luzes do corredor e das escadas estavam apagadas, um breu total, exceto pela luz noturna do meu quarto. Meus pais já deviam ter ido dormir, eles não tinham o costume de vir ao quarto dar boa noite e um beijinho.
Andei pelo corredor sem fazer barulho graças às meias felpudas que esquentavam meu pé, o frio já estava dando as caras por aqui.

Acendi as luzes das escadas, para não correr o risco de derrubar algo e acorda-los e fui direto para a cozinha.
Abri a geladeira, e achei uma torta de frango pela metade, parti um pedaço generoso e coloquei no microondas.
Vi de relance, da janela de vidro fosco da cozinha, uma luz, e pensei ser coisa da minha cabeça, mas a luz apareceu de novo, e naquele momento eu pensei que tinha um invasor na minha casa, eu pensei em gritar, ou abrir a janela para verificar se tinha realmente alguém ali fora, mas decidi que o melhor a se fazer, era correr até o quarto dos meus pais, para não chamar muito atenção com os meus gritos.
Mas antes que pudesse me virar, eu reconheci a voz da minha irmã, era baixa, mas era ela.

Eu abri a janela disfarçadamente, para me certificar do que ela fazia, pensei em abrir a porta e ir até lá, mas achei melhor espionar antes. E me abaixei imediatamente, quando vi Rafael sentado em uma espreguiçadeira na frente da minha irmã. Eu torci para que ele não tenha me visto, mas provavelmente já sabiam da existência de alguém na cozinha, pelas luzes e o barulho, mas não sabiam que era exatamente eu.
Uma pontada estranha surgiu em mim, podia ser surpresa ou até ciúmes, mas eu realmente não esperava que eles iriam reatar tão cedo. E aquilo me incomodou.

Quando o microondas apitou, eu me levantei para pegar minha torta, e antes de sair da cozinha, respirei fundo e fui até a janela para fechá-la, ela era silenciosa, não tinha como me ouvirem e isso me deixou segura. Mas me arrependi, quando os olhos de Rafael se cruzaram com o meu, ele parecia estar olhando para cá antes mesmo de eu aparecer na janela, mas provavelmente só olhava um ponto fixo, ele estava com o cotovelo apoiado no joelho, e uma mão no queixo, pensativo, enquanto minha irmã, que estava de costas para mim, gesticulava algo com as mãos, e em que uma delas estava seu celular com a lanterna ligada, para iluminar o local.

A Irmã ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora