Capítulo 3

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-Você não deveria fazer isso Flora... - Daisy retruca mais uma vez no fone de ouvido que coloquei para que ela me guiasse até chegar na nave, até lá Melissa aceitou fingir ser eu até que fosse tarde demais para que percebessem - Você nunca esteve em um ambiente tão hostil ou tão longe da gente, você tem noção de como isso é perigoso?

Eu não respondo só reviro os olhos, preciso me concentrar em chegar ao meu destino e me esconder até que a nave tenha partido. Também não posso esquecer de jogar o comunicador fora antes de entrar, isso pode gerar um problema quando estivermos no espaço. Eu posso estar entrando nessa escondida, mas sei bem como funciona todo o processo.

Um tipo de comunicador mesmo que simples, pode levantar suspeitas ou até ser um sinal a ser rastreado e ser seguido por algo que não seja a nossa equipe seria um grande problema. Ando casualmente quando chego em um área mais movimentada, contudo ninguém liga para mim. Os regnaris não são do tipo que se importam muito se estão cercados de pessoas ou tendo uma delas invadindo seu espaço. 

Eles estão mais preocupados em cumprir suas tarefas diárias, ignorando todo o resto. Chego no terminal onde os ônibus em formato de cubo embarcam e desembarcam, tem uma porta de acesso por aqui que permite chegar em um hangar com naves maiores para executarem missões de grande porte sem usar a nave de guerra que estamos. 

Melissa já viu onde e como é a nave que vão usar na missão, ela descreveu como ela é e onde estaria parada. Assim que entro nessa parte vejo varias naves diferentes em formatos, cores e tamanhos. Agora entendo porque ela precisou descrever exatamente o que tenho que procurar, Daisy conseguiu uma imagem, mas não estava clara já que os regnaris que ajustaram a nave só precisavam buscar em suas cabeças o que os outros regnaris viram quando estiveram no resgate da Elisa.

Pelo que entendi eles não fazem um armazenamento geral, como um servidor, do que eles sabem ou compartilham. Apenas armazenam o que for de grande importância ou histórico para compartilhar com todos, para que acessem quando quisessem. Fora isso, eles fornecem informações apenas se um pedir ao outro.

Surrada é a palavra que descreve essa nave, por fora é visível o desgaste dela com relação as outras no hangar. Mas isso é necessário para parecer que ela já tem anos de uso e que sempre faz as mesmas rotas de viagem, sei que por dentro o lugar é quase imaculado Elisa conversou um pouco sobre o lugar antes de invadirem para busca-la e Yiz preencheu os detalhes, aparentemente ela ficou andando escondida pela nave e isso é o que quero fazer até que estejamos no céu e a uma boa distância. 

Essa embarcação é quase um circulo perfeito, a diferença é que na parte de trás uma meia lua deixa a parte de cima menor. Da ponta da frente, até a parte de trás parece sair varias cobras largas. Na verdade, seriam mais como ondas, mas na minha cabeça só consigo ver a porta que lacrava a Câmara Secreta do Harry Potter. Me pergunto se vai ter um corredor sinistro com cabeças de cobras gigantes quando eu entrar...

-Você precisa fazer isso agora e deixar o comunicador exatamente onde você está agora, Melissa vai pega-lo quando sairmos - Daisy fala dando as ultimas instruções - Por favor tome cuidado Flora... Você acha que é durona e eu sei disso, mas você também é imprudente e impulsiva. Eu te amo Flora, mas por favor, por favor mesmo, seja apenas durona e tente não morrer ok?

-Margarida minha linda, você é Hermione da família eu sei! - Falo tentando acalma-la, faço referencia a nossa paixão por Harry Potter porque sei que isso vai colocar um sorriso no rosto dela. Nós somos tão próximas que não preciso estar ao lado dela para saber isso - Mas mesmo que você diga que eu estou mais para o Rony ou para o Fred e o George... Eu garanto que também sou um pouco Gina e vou fazer as coisas direito e ser muito boa nisso, eu prometo que vou voltar para casa e que quando estivermos em casa vamos ler os livros e maratonar os filmes e depois criticar os erros e coisas que fizeram diferente dos livros para os filmes, Ok?

-A gente já fez isso um milhão de vezes Flora... - Daisy fala rindo suavemente no meu ouvido.

-E vamos fazer mais um milhão de vezes quando eu voltar... - Falo com cuidado para que ela não perceba meu nervosismo crescente - Te amo Margarida, até a volta.

-Também te amo Florinda! - Ela brinca usando meu apelido na escola, quando éramos crianças um dos meninos colocou em mim e a coisa pegou. Por isso comecei a chamar Daisy de Margarida que seria a tradução do nome dela do inglês, ela também não gostava da troca, mas hoje é uma forma carinhosa de nos referirmos uma da outra - Boa sorte...

Ela termina de falar e eu tiro o comunicador, escondo onde Melissa disse para que eu fizesse isso e entro na nave. Não deve ter ninguém nela agora, os regnaris que vão conosco estão esperando as mulheres para entrar com elas. Eles querem fazer uma saída honrosa, já que tudo pode acontecer a partir do momento em que sairmos dessa nave.

Essa nave tem um uma rampa como em um avião de carga na frente dela, que é por onde eles irão entrar. Eu vou embarcar pela parte de trás onde está a meia lua com as cobras de tubos, existe uma entrada similar a entrada de serviço por onde abastecem a nave dependendo do tipo de lugar onde param para comprar alguma coisa. Alguns terminais são projetados para que a tripulação desça e use as instalações do lugar, mas em outros apenas o abastecimento ou descarregamento de produtos é permitido. 

Ou seja vou espremer meu corpo por um desses tubos de cobra, que é por onde as coisas entram e saem. Daisy disse que o terceiro da direita para a esquerda é o que devo entrar, ele vai me levar direto para as celas onde vamos ficar quando as mulheres acordarem. Vamos ter acesso a nave quando quisermos, mas celas só vão ser usadas para gerarmos uma imagem em looping do circuito de segurança caso necessário mostrar a alguém em Surne ou no caminho.

A questão é que existem sete tubos e ela não me disse que seria a partir da frente da nave ou da parte de trás, penso por um instante e escolho o terceiro da direita para a esquerda olhando da parte de trás. Ela sabia que eu entraria por trás, ela teria dito de forma diferente se fosse da parte da frente. Eu acho.

Não tenho tempo a perder então pulo da galeria em cima da nave, a porta que me trouxe até aqui fica a vários metros do chão e por isso ela tem um pequena passarela com uma escada em cada ponta para chegar no chão.

Me arrasto até a entrada do túnel de cobra, não sinto nenhum cheiro estranho e o caminho é grande o suficiente para que eu não fique presa ou claustrofóbica. Daisy fez uma vistoria na nave com o tio Álvaro e me garantiu que as passagens desses tuneis estarão abertas, então caso eu tenha entrado no lugar errado ainda vou conseguir ir para o lugar certo. Com extremo cuidado.

A passagem faz pequenas curvas e o ar parece ficar carregado, de repente me sinto pesada e o mesmo sentimento de afundamento me toma. A mesma sensação que senti quando Hulkru se aproximou na reunião.

Ele provavelmente está perto de mim, consigo dizer até a direção que ele está. Contudo agora preciso continuar, porque se eu sinto ele, Hulkru com certeza pode me sentir também.




(DEGUSTAÇÃO) Companheiro Involuntário 3.0Onde histórias criam vida. Descubra agora