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Desde que acordei me senti numa linha tênue entre me sentir vazio e bem.

Me sinto vazio desde que meus pais morreram naquele acidente de carro.

A verdade é que a dor da perda não passa, nós apenas nos acostumamos com a presença dela. Tem coisas que a gente vê e fazem essa dor voltar a ser mais evidente e com isso a gente se pergunta quando foi que esquecemos que ela estava ali.

Eu já me peguei pensando se me esqueci dos meus pais em algum momento, mas depois de ontem eu tenho certeza que não. Aquela cena do Liam abraçando o pai e de sua mãe admirando a cena feliz, me passou a sensação de família, uma coisa que eu já não tenho a 7 anos.

Em contrapartida, eu me sinto bem. Primeiro por ter certeza de que não esqueci daqueles que me criaram com tanto amor e dedicação e segundo porque eu senti um pouco de amor materno vindo da Karen.

Talvez esse lance de ser mãe seja algo que te faz cuidar e se preocupar com seus filhos e qualquer um que esteja junto com ele também.

Um barulho vindo da janela, sobressaltou a musica calma que guiava meus pensamentos e me obrigou a ir olhar o que era.

Ao chegar na janela, lá estava Liam Payne se preparando para jogar mais uma pedra, que por pouco não me acertou já que a janela estava aberta agora.

Não faço a mínima ideia do que ele quer aqui, mas ele parece animado em jogar pedras no meu vidro.

- Você sabia que esse botão grudado na parede é a uma campainha, né? - Gritei pela janela.

- Sei sim, mas se você ouvisse quando toca talvez eu não precisasse fazer desse jeito.

Será que eu estava tão submerso em meus próprios pensamentos que nem ao menos ouvi a campainha?

- Olha, se você quebrasse o vidro eu não iria responder por mim!

- Ah, é? Então desce aqui e me mostre o que você faria - Havia um tom de desafio em sua voz, embora eu soubesse que não estava falando sério.

Porém, mesmo sabendo disso desço as escadas com sangue nos olhos, eu levo desafios a sério.

Quando abro a porta e me deparo com ele exibindo seu sorriso com a maior cara lavada. Eu perco tudo e não consigo fazer nada além de ficar plantado encarando aqueles olhos que quase se fecham ao sorrir.

Liam Payne me causa coisas estranhas, me faz pensar coisas estranhas e tudo isso por algum motivo é estranhamente bom.

- Bom, eu já deveria ter desconfiado que você não faria nada mesmo - Disse ele já entrando em minha casa com uma sacola na mão.

- Você deveria agradecer por eu ter piedade da sua integridade física. - Ele ri e eu pela primeira vez me questiono algo que deveria ter pensado desde que o vi na minha porta - O que veio fazer aqui?

- Ah, vim por três motivos. Primeiro por conta do que aconteceu quando você esteve lá em casa.

Eu não quero me lembrar mais daquilo, já havia pensado tanto que parecia um filme em repeat em minha cabeça.

- Não precisa falar disso, tá tudo bem.

- Não, Zayn. Não me sinto bem com o que meu pai fez com você, sei que você se chateou e eu me senti ofendido por você.

Eu só assinto, não sei o que dizer. Ele está sendo tão gentil vindo se desculpar por algo que não fez, talvez eu deveria dizer isso, mas não quero fazer algo que dê a entender que eu não o perdoo, mesmo sabendo que a culpa não foi dele.

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