[ 6 anos depois ]
Eu estou curado.
Acho que não tenho maneira mais apropriada de começar do que dizendo algo que eu sonhei por todos esses anos. Estou curado a 1 ano e não tem sensação mais libertadora do que me livrar de todos os remédios e tratamentos. Eu me sinto bem de novo e não tem nada de estranho ou bagunçado, eu não vômito mais, não tenho febres e agora eu tenho cabelo de novo. São tantas mudanças que eu poderia passar horas contando o quando estou saudável e recuperado.
Acho de que todas as mudanças que passei, a única coisa que permanece a mesma é que ainda amo Liam. Eu o amo como se ainda pudesse sentir seu calor em meu corpo, mesmo que tenha anos que eu tenha o deixado da forma mais covarde que alguém poderia fazer.
Hoje, é o dia que volto para Wolverhampton. Confesso que sinto um frio na barriga, já que eu fui embora e mal me despedi das pessoas de lá, eu não faço a menor ideia de como elas estão ou se pelo menos estão lá ainda.
A única certeza que tenho é que minha casa permanece lá e é para ela que estou voltando.
☆
O dia aqui está ensolarado, confesso que não senti tanta falta deles, já que na Irlanda os dias quase sempre estavam bonitos, cobertos pelo céu azul.
Sim, esse é mais uma das coisas que tenho para contar, passei todos esses anos na Irlanda, esse foi o primeiro lugar em que pensei, já que não aguentaria ficar na Inglaterra e muito menos gostaria de ir até a Holanda. Então, decidi ir para o país que meu amigo tanto falava, aliás, tudo que ele falava sobre é verdade, eu sempre achava que ele pudesse estar exagerando nas palavras, mas a Irlanda é realmente um bom lugar.
Fiquei lá em uma casa perto da minha clínica, morei junto com uma enfermeira que cuidava de mim durante os períodos fora do hospital. Ela era bem mais velha do que a Dona Karen, mas era lúcida e tinha um espírito até mais jovem do que o meu, minha recuperação se da muito a toda a dedicação dela para cuidar de mim.
Lá eu conheci muitas pessoas, inclusive pacientes que também faziam tratamentos, eu realmente me assustei quando a Dona Sara - Nome da enfermeira que cuidava de mim - me convenceu de participar das dinâmicas entre pacientes - era algo como uma terapia ocupacional - e eu percebi que os medos deles eram os meus também, foi estranho de início, mas com o passar do tempo isso me ajudou a perceber que mesmo tendo deixado tudo que eu tinha para trás eu não estava sozinho, as pessoa de lá também tinham os mesmos medos que eu. Algumas delas eu vi partir, por infelizmente não conseguirem resistir a doença, mas muitas delas, inclusive eu, conseguiram se recuperar.
O táxi que peguei no aeroporto estaciona na porta da minha casa. Eu me sinto suando frio ao ver que ela continua da mesma forma, a pintura dela está um pouco velha, mas vê-la me trás tantas lembranças que mal posso descrever.
Carrego mala por mala para dentro de casa e fico feliz por isso, parece bobo, mas agora sou forte o suficiente para fazer isso sozinho, não me sinto cansando pelo simples movimento de subir escada.
Verifico no espelho se pareço apresentável e depois abro a porta da minha casa e observo a rua. Ela também continua a mesma, calma, silenciosa e vazia. O que me chama atenção mesmo é o meu jardim, que está bem cuidado até, faço uma nota mental de comprar produtos de jardinagem, mas no momento meu foco está em criar coragem para atravessar a rua e bater na porta da casa do meu amigo.
A probabilidade dele não estar ou ter se mudado é muito grande, só que essa se da na mesma proporção dele estar ali atrás daquelas paredes e isso eu só saberei quando tocar na campainha.
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Stars - Ziam
FanfictionEu me lembro das vezes que minha mãe dizia que todos nós somos uma estrela e que em algum momento iremos para sempre brilhar no céu, mas que se tivermos sorte, poderiamos encontrar alguma estrela brilhando nesse plano também. Agora que o encontrei...