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- Como? Quando - Pergunto sentindo o ar faltando em meus pulmões.

- Foi hoje cedo, ela viu que você esqueceu o remédio e sabia que era importante, então decidiu que precisava levar - A cada palavra que ele dizia, parecia que sua voz ia ficando cada vez mais distante - Ela acabou batendo o carro no caminho do aeroporto e não resistiu.

- Não pode ser - Eu digo, mais externando o pensamento e estado de negação do que para respondê-lo.

- Eu tentei impedir ela de ir, mas - Não espero ele terminar de falar, pois não quero mais explicações, não adianta mais. Dony se foi e nenhuma palavra sequer pode trazê-la de volta. Nada a trará de volta. Nunca mais.

Eu corro para subir as escadas já sentindo as lágrimas derramarem pelo meu rosto.

- Zayn! Esper- Não olho para trás, mas arrisco dizer que alguém impediu Liam de fazer algo e realmente isso não me importa agora.

Chego no quarto, mas me sinto tão fraco que deixo minhas pernas cederem na metade do caminho. Meus joelhos se impactam contra o chão, só que a dor a minúscula comparada a tudo que sinto agora.

Dony se foi. Se foi porque cumpriu o papel de irmã. Se foi porque se preocupava comigo. Se foi porque sempre fez de tudo para o meu bem estar. Se foi porque fui um irresponsável e esqueci meus malditos remédios.

Se eu não estivesse doente não estaria assim, sem cabelo, sem forças, sem a necessidade de ser controlado por remédios e sem a Donya.

Agora eu me encontro aqui, de joelhos no meio do quarto escuro, com as mãos enterradas no rosto e sentindo uma dor que rasga o peito e me impede de respirar. Meus soluços altos e incessantes ecoam pela casa e minhas lágrimas que não param de cair podem ser capazes de me afogar.

E não faz diferença, eu me sinto sem ar, não sei se é pela dor ou pela quantidade de água, mas eu não consigo respirar. Não consigo respirar e continuo assim até sentir o calor de Liam em volta do meu corpo.

- Amor, respira por favor.

- Eu não quero! - Grito mesmo com as mãos enterradas no meu rosto e ele ainda sim não se afasta. Grito porque estou com raiva, porque estou com dor e porque… - Eu quero ela de volta.

- Amor… - Ele diz tão baixo que quase é engolido pelo som dos meus soluços.

- Eu não posso aguentar isso de novo. Não posso viver sem ela, eu não tenho mais forças para superar isso. - Liam não tem o que dizer e na verdade, ninguém nunca vai ter palavras de conforto para me oferecer agora e nem daqui a muitos anos, o vazio que ela deixa em mim, não tem reparos.

Ele me abraça forte, como das vezes em que pode juntar meus pedaços, mas eu não me sinto completo. Ainda sinto cada caco meu estilhaçado e tentar juntá-los agora me corta profundamente, nada pode me tirar essa dor, nem mesmo ele.

O problema é esse, eu já estou quebrado em tantos pedaços que nem ao menos sei como ser completo de novo e nem sei se um dia posso voltar a ser assim.

Então, só me resta chorar por todos os meses em que eu não me permitir fazer isso, pois ainda acreditava que tinha forças para enfrentar todos os meus medos. Agora eles estão aqui comigo, engolindo as esperanças que eu tinha sobre a certeza de um amanhã.

Depois de horas nos braços de Liam, já não me restavam mais lágrimas para chorar e não tinha mais forças para isso. Então, silenciosamente nós sabíamos o que tínhamos para fazer e ele fez tudo. A única coisa que fui capaz de falar nesse tempo foi apenas “Quero estar bonito para vê-la pela última vez”. Sendo assim, Liam escolheu o único conjunto social que havia em meu guarda roupa e por um acaso ele era todo preto.

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