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Passei o resto da semana ignorando as ligações de Donyia, não apareci na universidade e fingi não estar em casa às vezes nas quais Liam apareceu em minha porta.

Hoje é sábado e desde terça tudo mudou.

Além disso, eu descobri que sou mais covarde do que imaginei e sinto mais falta de Liam do que deveria.

Desde aquele dia, eu não ando mais atendendo as ligações de Doniya, pois ela facilmente perceberia a mentira em minha voz. Ela é mais uma que eu vou evitar que se preocupe comigo. Donyia mora em outra cidade, tem sua vida, emprego, casa própria e simplesmente não é justo que ela largue tudo para cuidar de mim, pois é exatamente algo que eu sei que ela faria.

Ela sempre se responsabilizou pela minha criação e mesmo depois que comecei a faculdade, Donyia nunca deixou ser uma pessoa presente, isso significa ser uma família, mesmo que ela tenha se reduzido. E por ser a minha única família, eu tenho obrigação de poupa-la de mudar sua vida de novo para se dedicar à minha.

Já Liam, bom, ouvir as batidas dele na porta durante dois dias seguidos e suas mensagens que só pararam de chegar ontem, doeu. Senti cada pedacinho meu se quebrando um pouco a cada batida e mensagem ignorada.

Como eu queria ter ele aqui agora, me aconchegando nos braços dele e afastando meus medos. Aquele toque dado em meu rosto da última vez que nos vimos, provou que Liam tem esse poder em mim e eu queria senti-lo agora, mas simplesmente não é certo. Apesar de doer e fazer com que eu me sinta pior do que já estou, eu sei que estou fazendo o melhor para ele.

E eu me sinto tão frustrado diante de tudo isso, sempre lidei com tudo sozinho e simplesmente eu não conseguia sentir nada, por que agora tem que doer tanto? Por quê agora tem que ser tudo tão difícil?

É como se a cada vez que eu tentasse fazer com que a minha vida voltasse a ser aquela rotina que sempre havia sido, o mundo me puxasse de volta para o agora. Eu simplesmente não consigo aceitá-lo.

Cansado de ficar em casa preso em tantos pensamentos, medos e passado, decido sair e andar por aí.

Pela primeira vez desde terça coloco os pés fora de casa e eles me guiam em uma direção contrária do vento gelado e cortante, que bate em meu rosto e me prova que ainda sou capaz de sentir alguma coisa.

O céu limpo da noite gelada de Wolverhampton, tem diversas estrelas e eu olho para as duas mais brilhantes torcendo para sejam as pessoas que eu mais que queria que estivessem aqui comigo. Desejo que meus pais estejam me protegendo de alguma forma, apesar da distante infinitamente grande entre nós.

Eu não consigo parar de andar sem rumo, fazendo exatamente igual aos meus pensamentos, que se multiplicam e não acabam, me perturbam o tempo todo e não me deixam mais descansar. A cada passo tenho esperança de estar me afastando de tudo que ficou em meu quarto, mas sinto a cada brisa que faz meus cabelos dançarem, que todos eles já estão dentro de mim, ocupando cada espaço que se esvaziou e me lembrando que vão continuar aqui, mesmo que eu ande quilômetros procurando uma rota de fuga.

Depois de tanto andar, vejo um bar com luzes chamativas e cheio de pessoas. A música alta me parece um bom jeito de não conseguir ouvir meus próprios pensamentos.

Entro no bar sem fazer contato visual com ninguém, apenas sigo em direção ao balcão, sentando no banco e pensando em qual bebida vou tomar para ver se a sensação de queimação no estômago pode ser o suficiente para que eu me afogue e leve tudo junto comigo.

Sou atendido pelo bar man e compro uma garrafa inteira de whisky. Eu nunca bebi uma garrafa inteira de bebida, muito menos whisky, mas para tudo tem a primeira vez.

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