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Após passar a manhã sozinho apenas com os meus pensamentos e começando a me acostumar com a companhia dos meus medos, percebo que as poucas pessoas que sobraram, acabaram me empurrando para encarar o tal problema que talvez esteja me cegando - assim como Niall disse ontem.

A questão é que eu simplesmente não consigo, apesar de já não me reconhecer mais, ainda ajo como um covarde. Liam me faz sentir coisas diferentes e adversas ao que sempre senti, mas saber que ele me faz sentir incapaz de encara-lo foi algo que não esperava. Eu simplesmente não me imagino contando que estou doente e tendo forças para suportar qualquer resposta dele sobre isso.

Na minha cabeça vou ser rejeitado e realmente tem grandes de que isso aconteça, mas ontem Karen pareceu querer me mostrar que talvez ele não faça isso, o que me leva a acreditar que não serei rejeitado, mas serei apenas um fardo. Nenhuma das opções são boas e eu não quero aceita-las por enquanto.

Diante de tudo isso eu só me sinto culpado por ter me permitido tanto em relação ao Liam. Se eu não tivesse me rendido tantos aos seus braços aconchegantes, aos seus beijos que viciam e seus carinhos, talvez ele não seria meu grande medo agora. E porra, como eu sinto falta de tudo isso, eu estava no céu com tantas coisas boas e quando menos esperei despenquei, caindo no inferno e restando apenas os demônios como companheiros diários.

Agora eles estão aqui, me encarando e parecendo me lembrar a cada segundo de que eu estava vivendo algo que sempre fui fadado a não pode ter. O Zayn que não pertence a ninguém.

O telefone toca me tirando de meus devaneios e atendendo já sabendo quem é.

- Oi, Zee! - Diz Donyia, como sempre animada.

- Oi, Dony.

- Liguei para saber como vão as coisas.

- Ah, estão indo. Marquei as sessões já, vão ser 10 meses.

Ouço um suspiro do outro lado. Isso é tão desanimador que até mesmo Donyia, sempre tão alegre, não consegue fugir.

- Vão passar rápido, tenho certeza. - Pois eu não. - Estou com saudades já, vou aí nesse final de semana de novo.

- Tudo bem, é sempre bom ver você. Estou com saudades também.

- Vi hoje na TV que o tempo vai mudar por aí, espero que até o fim de semana esteja sol e a gente possa sair pra bater perna.

- Também espero, Dony. Traga o Alex se quiser, vou chamar Niall para ir conosco.

- Então quer dizer que as coisas andam se ajeitando?

- É, meio que sim.

- Fico feliz em saber disso. - Ela faz uma breve pausa para falar com alguém - Zee, eu tenho que ir agora, se não a chefe me bota pra fazer hora extra, odeio aquela chata - Ela acrescenta falando mais baixo e me fazendo rir - Beijos, te vejo no fim de semana!

- Beijos, Dony! Até.

As coisas andam se ajeitando, mas hoje definitivamente não é um bom dia. Estou te tentando me concentrar e tirar todos os atrasos das matérias, mas elas vem acumulando cada vez mais, junto com as neuroses. Eu realmente não queria trancar a faculdade no último ano, mas parece que no fundo eu sinto que não faz mais sentido continuar. Se sem nenhum efeito do tratamento as coisas já estão assim, a tendência é piorar.

Aliás, isso vai além de mim, as pessoas já me olham torto por ser meio esquisito, então eu realmente não quero imaginar que tipo de olhares vou receber quando meu corpo contar que estou doente. Quando isso for aparente, eu mesmo vou me olhar torto, não quero que outras pessoas façam isso por mim também, mesmo já estando acostumados a esse tipo de olhar, eu não pretendo atrai-los ainda mais, principalmente se algum deles for de dó. Recebi um ontem do meu melhor amigo e não foi nada agradável.

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