Rosa

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Erwin massageva as têmporas, inutilmente, tentando fazer afastar-se a pouca dor de cabeça que sentia.

As íris azuis focadas no papéis em sua mesa, qualquer aliança indicada por outro reino, fosse ela por meios políticos ou militares, deveriam envolver um estudo e grande averiguação da situação. Por mais que o Reino estivesse enfrentando uma crise, qualquer decisão do princípe poderia piorar tudo, causando um caos total, desde os mais nobres até os mais pobres.

Ele observou a si mesmo no espelho da média sala em que se encontrava, seu corpo estava sobre a cadeira, contudo sua postura continuava reta e firme, seus fios dourados no pentiando que costumava usar, a camisa e calças pretas, afim de chamar mais atenção para a capa azul e aveludada que ficava por cima das vestes.

A bota preta batucou levemente no chão, causando um barulho mínimo, sua cabeça começava a latejar e talvez não fosse sua melhor idéia continuar a leitura dos documentos. Ele iria ler aquilo com mais calma, em outro momento.

O barulho da porta o chamou atenção, já que ouviu a mesma bater contra a parede, sua mãe tinha a face irritada, ela adentrou o local, fechando a porta com a tamanha brutalidade que a abriu. Erwin sinalizou com a mão, fazendo o guarda sair do cômodo, o deixando sozinho com a rainha.

A mulher moveu-se, cedendo seu corpo sobre a cadeira, as mãos segurando o vestido vermelho, enquanto sentava. As orbes azuis da mulher fixadas nas semelhantes do filho, os fios longos e loiros da rainha iam até a cintura, infeitados pela coroa delicada sobre a cabeça, tão brilhante quanto os colares e aneis que estavam sobre seu corpo, o rosto pouco enrugado se aliviou da tensão, que tinha na expressão irritada, soltando um suspiro longo e relaxando. O príncipe continuava sério, esperando alguma resposta da mais velha, que explicasse sua ida até a sala.

— Filho, desde quando omite fatos tão importantes? — A Smith mais velha iniciou, e o mais novo já tinha noção de que assunto se tratava. — Tem um homem no nosso Jardim. Mas sabe o que há de errado nisso Erwin? — Disse irritada, o nobre suspirou. — Ele está aqui a uma semana, eu sequer fui informada.

— Mãe. Recebi notícias de que a senhora estava muito ocupada, não queria incomodá-la. — O loiro ditou calmamente. — Levi não será um problema.

— Não? — Perguntou incrédula. — Sabe de onde ele veio? Porque pelos seus traços, ele não é Europeu Erwin. — Ela se levantou, aproximado-se dá janela que havia ali. O príncipe viu a cortina da mesma se abertar vagarosamente por sua progenitora, dando visão ao homem no Jardim, Levi vestia algumas roupas do príncipe, e por mais que não demonstrasse muito, com seu rosto sempre sério, parecia estar gostando da companhia da criança loira, apontando para as várias plantas que haviam ali.

— Você não vai fazer nada. — O nobre falou, fazendo a Smith mais velha voltar sua atenção a si, deixando o tecido cobrir novamente a janela. — Não é?

— Não. — Respondeu a mulher, convicta. — Não quero ele perto do Armin. — Disse o nome da criança, Erwin achou estranho o nervosismo da mãe. — Ou de qualquer outra criança daqui. — A mais velha apenas se retirou, deixando a porta aberta ao sair, não deu chances para que o filho a respondesse.

O homem se levantou, guardando os papéis em suas gavetas, sua mente flutuou, levando seus pensamentos até o Ackerman. A recuperação do moreno foi bastante rápida, mais do que esperava, no entanto ele não era bom em falar, não conhecia algumas palavras e nunca tocava no assunto "família". Fazendo Erwin presumir que era um órfão.

Caminhou até a porta, observando o soldado posto a frente da mesma, o homem fez uma pequena reverência assim que passou por ele, todos que o viam faziam aquilo.

Não demorou nada para que o príncipe chegasse ao Jardim, sorrindo gentilmente para Levi, que direcionou os olhos negros para si. Ele estava sentando em um banco, e tinha uma rosa em suas mãos.

— O Armin já se foi? — Perguntou, ao notar a falta da criança.

— Sim. — O moreno respondeu, os fios negros caiam sobre a testa, e Erwin notou que a camisa branca que o menor vestia, estava com a mangas enroladas, provavelmente porque era grande demais para si, e iriam cobrir  suas mãos se não as enrolasse. — Sua mãe o levou. — Respondeu seco.

— Levi. — O nobre se abaixou, apoiando apenas um de seus joelhos no chão. — Minha mãe é difícil. Mas ela não é alguém ruim. — O menor concordou, sentindo algo estranho com a aproximadamente do loiro. — Tenho certeza de que ela irá gostar de você após um tempo. — O Smith disse, vendo o moreno concordar novamente em silêncio, ele focou os olhos azuis na camisa branca, observando o tecido brando ser sujo por uma gota de sangue. — Levi! Não segure a rosa assim. — O príncipe deixou o arcanjo preocupado, mas ele entendeu em seguida, vendo o loiro, retirar a rosa de sua mão, a jogando no chão. — Dói? Você estava apertando ela. — O Ackerman concordou, sentindo um pouco de ardência, observando os pequenos furinhos na palma branca, as gotas pequenas se formavam ali.

— Obrigado. — Ditou, olhando o nobre pegar um lenço, usando uma de suas mãos para segurar a sua gentilmente, enquanto a outra tocava o tecido em sua pele, a limpando. O anjo o observava com atenção, Erwin também o lembrava um anjo.

— Tenha mais cuidado. — O príncipe se afastou, direcionando suas orbes as do moreno, eles se olharam por poucos segundos antes do príncipe continuar. — Hange me disse que você já pode se movimentar normalmente. Gostaria de ir a cidade comigo amanhã? — Levi concordou rapidamente, ainda com o lenço do loiro em mãos.

— Erwin. — Chamou o loiro assim que ele se levantou, o fazendo olhar para si novamente. — Ele tem seus olhos. — O Ackerman sorriu minimamente, Erwin se surpreendeu. — Armin é uma boa criança.

— Ele é sim. — Ditou, sorrindo para o anjo antes de sair dali.





....

— Sasha. — A mais alta chamou. — Acha que vou mesmo achar meu irmão?

Um silêncio se fez ali, Blouse se sentou na pequena cama. Olhando para a amiga, mesmo que no céu todos os anjos fossem considerados irmãos, os Ackermans tinham uma ligação bastante forte, já que possuíam a mesma essência de luz, e seria o equivalente a possuir o mesmo sangue na terra.

Mesmo depois de uma semana de buscas, a Ackerman mais nova não obteve um sinal sequer do mais velho, teve que agradecer Niccolo diversas vezes, já que era o mesmo que estava cedendo abrigo e comida para elas, Sasha parecia mais íntima do loiro, Mikasa se marinha reservada.

— Vamos sim. — A outra sorriu para si. — Levi é forte, ele está bem.

— Eu sei que ele não está morto. Consigo sentir. — Mikasa falou, olhando para o outro anjo.

— Isso, mas agora você precisa dormir, na forma humana sequer temos como recuperar energias se não fizermos isso. — A Blouse ditou, tentando achar uma posição confortável na pequena cama, o que era um pouco difícil quando se tinha literalmente asas em suas costas.

— você tem razão. — A Ackerman sorriu. — Amanhã, vamos procurar ele. — Falou com uma grande certeza, era melhor que tivesse fé.

Behind A Warrior - Eruri Onde histórias criam vida. Descubra agora