Ravina

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A rainha entrou no quarto do filho sem avisos, ela fitou o pequeno homem deitado na cama, enrolado nos lençóis como se estivesse com muito frio, os fios negros desgrenhados por cima da testa, ele possuía um rosto delicado e angelical mesmo dormindo, a loira não havia reperado ainda, mas admitia, era um rapaz bonito, talvez fosse por isso que o filho estivesse tão interessado naquele homem.

Erwin adentrou o quarto segundos depois,  suas roupas eram mais casuais, havia um casaco verde escuro sobre a camisa branca e calça preta, acompanhada de um sapato de mesma cor, a mãe do loiro o encarou.

— Está dormindo com esse homem? — Ditou sem rodeios. A mais velha era muito bonita, isso explicava a beleza do príncipe, havia uma coroa enfeitando a cabeça da mesma, seu rosto estava sério, enquanto aguardava por sua resposta.

— Não temos nada. — Foi rápido ao dizer, se sentiu levemente irritado por dentro, o Smith não era esse tipo de homem, não estava ajudando o Ackerman esperando algo daquele tipo em troca.

— Contudo, ele dorme na sua cama.

— Não tem malícia alguma nisso mãe. Minha cama é grande o bastante para cinco pessoas. — O príncipe suspirou após sua fala. — Tem algo que deseja? Porquê não entendo por qual motivo invadiu meu quarto.

— Minha saúde está um pouco debilitada querido, vou precisar de que cuide das coisas a partir de amanhã. — A rainha sorriu para o mais novo, os lábios se encurvaram de maneira fraca e sem força.

— Mãe. Prescisa chamar a Hange, não pode continuar assim. — Falou preocupado, as mãos grandes pousaram sobre os ombros da mulher. — Não terá discussões, caso não a chame, eu mesmo farei isso.

— Está bem meu filho. — A Smith respondeu de maneira obediente, fitando mais uma vez o anjo de cabelos negros espalhado por meio dos lençóis. — Ele é...— Hesitou por poucos segundos. — Bonito.

O nobre concordou silenciosamente, focando suas orbes azuis sobre o Ackerman brevemente, antes de voltar sua atenção para a mais velha novamente, despedindo-se da mesma com um breve abraço.

O arcanjo se remexeu assim que ouviu o barulho da porta se fechando.

— Por que mentiu? — O loiro se assustou quando a voz baixa saiu da garganta do moreno, se virando para o olhar.

— Menti? — O nobre se aproximou da cama, ficando de pé, próximo a Levi.

— Nós dois estamos dormindo juntos. Não é? —  O anjo disse de maneira simples, sua voz saiu calma por conta do sono ainda presente em seu corpo. — Desde que cheguei aqui, dormimos juntos.

— Levi. — O Smith encarou os olhos escuros, sentiu uma pequena vontade de rir vendo um homem tão sério quando aquele, agir de maneira tão inocente. — Ela não quis dizer esse tipo de dormir. Entende?

— Não.

— Ah. — O príncipe tentou achar as elhores palavras, porém não era bom em explicações daquele tipo, falaria de uma só vez. — Sexo, você sabe o que é?

— Reprodução humana? — Perguntou o anjo. Nunca o falaram muito sobre os humanos, no entanto os anjos sabiam algumas coisas sobre os mesmo, através do toque eles poderiam fazer mais coisas, Deus chamava de pecado da carne, o Ackerman não sabia ao certo como funcionava.

— Isso.

— Mas isso não acontece apenas entre homens e mulheres? Seria impossível qe fizéssemos.

O loiro encarou o rosto do moreno.

— Tem como fazer mesmo sendo dois homens, ou duas mulheres. — O Smith fitou os lábios pequenos e rosados por poucos segundos, antes de estender sua mão para o Ackerman, que a segurou com a sua, se levantado em seguida. — Prescisa se arrumar. Vamos sair hoje, se lembra?

— Sim, você me disse ontem. — O anjo falou, levantando a cabeça, para olhar no rosto do homem alto.

— Pedi para algumas mulheres que trouxessem roupas para você, escolha uma que gostar.

— Obrigado Erwin.

(...)

Por mais que o anjo não gostasse muito de barulho e sujeira, passear com o príncipe estava sendo bom, ele gostava de conversar sobre o reino, e Levi não se importava de ouvir, ficava até curioso em certos pontos.

Erwin levava a anjo a vários pontos da  cidada, o Ackerman parecia curioso com as coisas, e era linda a forma com que ele se expressava sobre algo, era puro e sincero, as vezes a sinceridade era até mais do que o nobre queria ouvir, quando ofereceu um chocolate ao anjo e ele simplismente cuspiu após mastigar, dizendo que tinha um gosto horrível.

Foi difícil achar alguma coisa que o moreno se interessasse em fazer ou ao menos comer, no entanto, agora ele havia visto finalmente algo que Levi gostava muito.

Morangos.

Os olhos escuros ficaram maiores e foi notável o quanto ele estava supreso assim que deu a primeira mordida na fruta, o príncipe se sentia encantado pela forma que o anjo tentava, inutilmente, disfarçar que estava gostando muito daquele sabor.

— Sua bochecha. — O mais alto levou a mão até o rosto do outro, tocando a bochecha com o polegar, descendo o mesmo e tirando o pequeno pedaço, pouco notável, da fruta.

O Ackerman agradeceu, bem baixinho, seu rosto esquentou e ele tocou a bochecha rosada, se perguntando mentalmente do por quê daquela reação. Mastigou rapidamente o morango, desviando seu olhar do Smith, com vergonha, ainda mantendo-se sério ao máximo que poderia.

O príncipe sorriu para si, e ele faria o mesmo, se aquela sensação estranha e familiar não tivesse se formado em torno de si.

— Levi? — O loiro chamou, notando o menor distraído. O moreno olhou ao redor da cidade movimentada, como se procurasse por algo ali.

— Levi! — A voz femina se fez presente  no local, bastante alta, ela se embargou aos poucos e estava cada vez mais próxima. — Irmão. — O anjo se virou, seu olhar se estabilizou na mulher com o capuz escuro, os olhos negros como os seus.

— Mikasa?

Chamou, o loiro observou os olhares trocados pelos dois, confuso, duas pessoas vieram atrás da jovem em seguida. A outra também trajava um capuz, mas ele não estava colocado sobre sua cabeça, ela era acompanhada por um rapaz loiro e alto.

Levi paralisou, achou que não viriam atrás de si.

Behind A Warrior - Eruri Onde histórias criam vida. Descubra agora