Behind A Warrior - Eruri

Resistir

*capítulo não revisado*

***

— Precisamos conversar irmão...

O Ackerman sentiu seu pulso ser agarrado e puxado pela mais alta, para longe dali, o príncipe continuou apenas em sei estado estático, envergonhado com a situação em que foi visto com o amante, Erwin suspirou de maneira cansada, seus olhos notaram por último as escuras orbes de Levi, que sumiu com sua irmã por entre os corredores dali.

— Mikasa! — Ele chamou alto, sua mão empurrou fortemente a da mais nova, que segurava seu pulso fortemente. — Eu já estou farto de tudo isso! Não deveria invadir meu espaço assim, você não é uma criança, pare de agir como uma. — Ditou rapidamente, seu tom ríspido fez a sua semelhante dar um passo para trás, o olhar dela estava baixo, suas orbes acinzentadas focados no no chão, ouvindo cada palavra do irmão com receio.

— Eu nunca fui uma. Você fala como eles. — Um soluço escapou pela voz embargada, ela finalmente levantou seu olhar, suas lágrimas caíam pelas bochechas em abundância, e sequer precisava piscar para que elas caíssem, era automático, e doloroso. — Eu fiz tudo para que voltasse para casa, sempre foi eu e você, mas ele te manipulou.

— Do que está falando? — O mais velho tentou tocar no ombro da irmã, mas foi recusado com mais um afastamento e uma negação fraca vinda da mesma. — Você está chorando...Mikasa.

— Você vai me deixar voltar para aquele lugar, vai me deixar passar a eternidade sozinha. — Ela cambaleou, suas mãos se colocaram sobre os ombros de Levi. — Tudo isso por um humano?

— Eu sou humano.

A face da mais alta ficou inexpressiva, sentiu seu corpo na forma humana se encher de arrepios e seu coração cada vez bater mais rápido.

— Mas, geralmente não acontece tão rápido assim. — Ela foi rápida em indagar.

— Sim, contudo...Algo tem puxado meus poderes rápido, não consigo usá-los mais, eles apenas vão embora sozinhos, minhas costas cicatrizaram...Não diria que sou completamente humano, mas está perto. — Foi sincero com ela, talvez, com um pouco de conversa, ela entendesse seu lado, e resolvesse ficar na terra com si, um riso fraco escapou por seus lábios com tal pensamento, sua irmã nunca iria se tornar humana, era estranha a repulsa que ela possuía deles.

— Puxando seus poderes? Mas ainda sente um pouco da sua luz celestial não é? Ainda pode se curar. — A Ackerman se aproximou e tentou abraçar o outro, que a recusou, empurrando seus ombros.

— Eu não preciso de cura.

Mikasa sentiu seus olhos marejados novamente, a frase recente ecoou pela sua cabeça, e por algum motivo a da rainha, falando sobre o príncipe também.

"Creio que a culpa não é minha se ele resiste tanto."

— É você. — Ela ditou, fitando novamente o irmão, que a encarou com curiosidade. — Mesmo sem saber sobre...Está curando ele, por isso o príncipe resiste tanto. — A mais alta se encostou na parede, seus olhos se fecharam fortemente e ela se odiou, afinal, tudo que causou, apenas fez com que Levi se transformasse em um humano mais rápido. — Não é algo puxando seus poderes, sua alma está dando os poderes restantes para o príncipe, ela quer o curar.

A mulher deixou seu corpo deslizar sobre a parede, e se sentou sobre o chão gélido, seu irmão tentava processar o acontecimento, enquanto ela, possuía a dolorosa certeza de que Levi entregou sua vida eterna por aquele humano.

Ele nunca retornaria com ela. E nada que fizesse mudaria isso.

— Mas, eu sou um arcanjo. Meus poderes estão limitados a força bruta contra outros demônios, e minha cura só é melhor sucedida quando é algo amaldiçoado por eles, não poderia curar uma doença humana comum, a menos que...

Desacreditado, após juntar as peças e notar do que se tratava, ele permaneceu em silêncio por certo tempo, seus olhos em um azul escuro e quase negros, encararam a sua irmã no chão frio. Respirou fundo antes de finalmente ditar algo.

— Se levante. — O menor ordenou,  ainda trêmula e com receio, ela ficou de pé, um som estridente se fez presente assim que fez isso, a palma da mão do mais velho bateu fortemente contra o lado direito do seu rosto, ela possuía certeza que de ficaria marcado por muito tempo, a ardência mesclava com o líquido que descia de suas orbes. — Como você fez algo assim comigo? Eu sou seu irmão! — Ele só ouvia alguns soluços dela, obviamente nunca iria desconfiar que a mais nova tentaria matar uma pessoa que claramente ele amava. — Me responde Mikasa. — Sua voz era tão alta que parecia invadir todo o castelo.

— Eu sinto muito...— Ela deu início, finalmente encarando fielmente o mais velho. — Eu achei que se ele não estivesse no caminho você desistiria. Levi! Eu só não quero ficar sozinha...Você é minha família, não poderia sobreviver aquilo tudo sem você.

— "Eu". — Ele repetiu. — Você cita tanta essa palavra que dá pena...É tudo sobre você não é? Sequer iria se importar se eu passasse a eternidade infeliz, se você estiver bem, meus sentimentos pouco importam não é?

— Não. — A morena respondeu rapidamente.

— Não? Em algum momento você pensou em como eu sofreria em ver meu amor morrer lentamente enquanto eu não posso fazer nada? — Um silêncio enorme se formou entre ambos. — Amanhã eu quero que me conte tudo detalhadamente, e quem o amaldiçoou, mas por enquanto, quero que fique o mais longe possível, não aguento sequer olhar para seu rosto.

— Levi eu-

— Teve tempo o bastante de falar antes. — Ele ditou por último, antes de se afastar dali.

***

A médica estava ali, sentada ao lado do príncipe, após algumas horas sozinho no quarto, Levi retornou, e desde então, ele dormiu ao seu lado na cama, os braços rodeavam sua cintura com uma força sobre-humana, e as vezes era possível notar algumas lágrimas caírem sobre o rosto dele, como se estivesse em um sonho ruim.

— Toda vez que o examino você parece estar melhor Erwin, isso é bom. — Hange ditou com empolgação.  — Ele parece estar cansado. — Se referiu ao anjo deitado sobre o peito do homem loiro.

— Sim. —  As mãos do Smith foram até o rosto do mesmo o analisando com calma. — Acho que ele brigou com a irmã.

— Oh...Eu ouvi uma discussão, mas não achei que fosse eles, geralmente são tão silenciosos. — Ditou, encarando o casal na cama. — Vai se casar com ele ou algo assim? — O nobre riu fraco, acariciando o rosto do amado. —  Desculpa se estou causando desconforto com minhas perguntas, mas somos melhores amigos e eu fico curioso sobre.

— Claro, pretendo me casar...Ou algo assim. — Respondeu, encarando a amiga a sua frente.

— Que empolgante! As pessoas consideram casamentos assim tão errados, mas você é o rei e elas literalmente não poderão fazer ou falar nada! — Dizia rapidamente, arrumando seus óculos sobre o rosto, dono de um grande sorriso.

— Fico preocupado com ele. Sei que deve ser difícil deixar tudo que já construiu, deve ser por isso que Mikasa não aprova nossa união. — Ele apertou ainda mais o menor em seus braços, que murmurou algo sobre seu sonho, tão baixo ao ponto de apenas adormecer novamente após isso. 

— Ela tem que se acostumar com isso. E se ama tanto o irmão, é só ficar aqui na terra também não é?

— Eu queria que fosse tão simples. — O nobre suspirou após sua fala, suas mãos ainda acariciando o rosto sereno do Ackerman.

— Bom, eu espero que tudo dê certo, pois, vocês merecem. — Foi a última frase dita pela médica antes de se retirar do quarto.

O nobre esticou o braço e fechou a cortina, fazendo a escuridão adentrar o local, talvez em total penumbra ele conseguisse dormir e descansar seus pensamentos atordoados, se aconchegou ainda mais com o outro, seus lábios tocaram a testa do amado antes de por fim fechar seus olhos.