Capítulo 25

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___ Mas o que é isso?! __ nosso beijo foi interrompido com um grito furioso do Boca. Meu coração ia sair para fora.

__ Bo-boca? __ gaguejei, me afastando subitamente do Luiz.

__ Luiz, como você pôde? Você sabe que eu a amo, como jamais amei alguém. __ Boca gritou, apontando o dedo para Luiz, que estava imóvel. Logo, Nanda, Vivi e Morena apareceram na cozinha.

__ O que está acontecendo, aqui? __ Nanda perguntou, confusa.

__ Boca... Não foi nada. __ Luiz disse, e foi como um soco no estômago. __ Nós... Eu...

Engoli em seco e abaixei a cabeça. Por que não pensei no Boca? Meu Deus, ele não merece isso, ninguém merece, claro, mas, ele? Ele é meu namorado. Espera. Como não percebi isso antes? Eu não o amo. Não assim...

__ Boca. __ falei, me sentindo culpada. __ Desculpe. Eu não... Eu...

__ Não, querem saber? Eu entendo. Eu estava temendo que você se separasse de mim, Clarisse. Mas, me trair? Quero dizer, todos sabem que vocês se amam. Por que aceitou namorar comigo, então? No início achei que eu estava errado, mas, eu estava certo.

O que? Como...?

__ O quê? Perai, você e o Luiz...? __ Morena perguntou com uma expressão confusa.

__ Qual é gente? Vão me dizer que ninguém percebeu que eles se amam? __ Nanda falou, indiferente. Todos estavam boquiabertos. Luiz parecia sem reação, ou emoção.

__ Eu entendo e até aceito isso. Mas jamais imaginei que vocês fossem capazes de fazer isso comigo. Eu confiei em você , Clari, mas agora, acabou tudo. __ ele se esforçava para não chorar. Como aquilo me doía. Não queria, nem nunca tive intensão de magoá-lo.

" Agora, me diga, Luiz, que você não a ama?", ele perguntou para Luiz que parecia não estar ali. Ele não disse nada. Nada.

__ Eu sinto muito. __ eu disse e era verdade. Boca saiu em disparada dali. Subi as escadas correndo e peguei minha bolsa. As lágrimas desceram como cachoeira.

__ Clari, calma. Fica, vamos resolver isso. __ Nanda implorou, enquanto eu descia as escadas apressadamente.

__ Não. Eu preciso ir embora. __ falei em meio às lágrimas.

__ Eu ainda tô chocada com isso. __ ouvi Vivi comentar, e Luiz estava vindo atrás de mim. Abri a porta e sai. Tentava ligar para minha mãe, que não atendia. "O que eu fiz"? Pensei.


Luiz apareceu lá fora, agora sim ele parecia estar reagindo. Seus olhos estavam vermelhos e em tão pouco tempo ele estava chorando desesperado.

__ Clari. Eu... Desculpe por tudo. Sabe, o que eu falei sobre... Eu...

__ Luiz para!! Eu tô cansada. Você não entende? __ berrei. __ Eu não... Eu... Eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu só queria fazer isso parar. Porque dói. __ sequei o rosto em um rápido movimento. __ E eu o magooei. Eu não posso acreditar que fiz isso.

Luiz chorava baixinho. Ele apenas voltou correndo para dentro. Eu já não sentia a dor de tão forte que ela era. Consegui ligar para minha mãe e ela logo me buscou. Vendo meu estado, não perguntou nada, então subi correndo para meu quarto. Corri para meu banheiro e liguei o chuveiro. Despi-mi e lavei meu rosto. Tomei um banho demorado e quando terminei coloquei uma roupa fresquinha e deitei-me. Dormir eu não conseguiria, só me restou ouvir música, o que também não funcionou. Por que eu fui tão burra? Qual o meu problema? Por que eu não me afastei? Porquê? Tudo que eu devia ter feito era tê-lo impedido. Mas, não... Eu não o impedi. Por quê?! As lágrimas não me abandonariam nunca. Na verdade, eu sabia o porquê, mas admitir aquilo era difícil demais.

ClarisseOnde histórias criam vida. Descubra agora