Capítulo 30

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___ Vocês demoram demais, meu Deus! Doug disse que era para estarmos lá às sete. Já são sete e quinze! ___ meu pai falou, olhando o relógio de pulso. Ele estava escorado na escada, esperando que nos arrumássemos. Desci e ele beijou minha testa.

___ Você está linda. ___ ele sorriu, me abraçando.

Era a véspera de Natal, e passaríamos essa data especial na casa do Doug. Minha mãe ainda estava se aprontando e meu pai já estava bastante impaciente com a demora. Douglas era seu mais novo melhor amigo, eles viviam juntos para lá e para cá, meu pai odiava chegar atrasado em compromissos, ainda mais se fosse para a casa do amigo do "peito" dele...

___ E eu? Como estou? Hã? ___ Lucas descia da escada, fazendo pose de modelo bonitão.

___ Lindo, filho! O garotão do papai. ___ meu pai deu uma risada. Lucas vestia uma calça jeans, uma camiseta preta e um tênis azul. Nada demais, porém "pais" são "pais".

Eu vestia um vestido de coro marrom escuro e um salto alto bege, básico.

Finalmente minha mãe estava pronta. Os cabelos envoltos em uma trança de lado, um vestido cor de vinho longo.

Entramos no carro, com aquele cheiro forte de diversos perfumes. Lucas logo começou a espirrar.

___ Ih, filho... É a alergia? ___ minha mãe olhou para ele, pelo espelho. ___ Eu nem trouxe um remédio, podemos passar em uma farmácia...

___ Não, mãe... É só uma coceirinha. Já passa. ___ Meu irmão respondeu, espirrando.

Abri um pouco o vidro do carro. Uma brisa envolveu meu rosto e logo senti frio. Coloquei a mão no meu nariz, ele estava congelado.

___ Filha, não fique aí tomando vento no rosto, porque depois vai ficar doente. ___ meu pai avisou.

___ Tá. ___ falei, fechando o vidro. Peguei meu celular, tinha uma mensagem da Nanda.

Nanda: Cadê vcs?!

Eu: Desculpe. Nós estamos indo, estaremos ...


*****

___ Acorda, dorminhoca. ___ senti um cutucão no ombro.

___ Hã? ___ abri os olhos subitamente.

___ Levanta, sua burra. Já chegamos. ___ Era Lucas fazendo cara de "Ô menina bobinha, pobrezinha".

___ Ah, tá... ___ abri a porta e saí.

Nanda disse-me que a mãe dela iria passar o Natal com eles também, ou melhor ___ conosco___. Ela era uma modelo italiana, e que ainda quando Nanda era uma criancinha, ela os deixou, para seguir a carreira de seu sonhos. Luiz nunca falava da mãe, Amanda dizia que ele era quem mais sentia rancor por ela. O fato de ela tê-los abandonado ainda o machucava. A casa estava decorada com árvores pequenas de Natal, presentinhos debaixo de uma árvore maior, algumas luzes...

Cumprimentei Nanda e Doug, mas ainda não tinha visto o Luiz. Vivi viria também, e Boca, os outros passariam a véspera com a família deles.
Vi uma mulher loira, altíssima, com um vestido longo e preto, sentada no sofá da sala, com uma taça de vinho na mão. Ela sorria delicadamente e conversava com uma senhora já de idade. A mesma também era de pele extremamente branca e seus olhos eram azuis, deduzi que fosse a mãe da mais jovem...

Haviam outras pessoas, poucas, na verdade... Alguns jovens jogando perto da piscina, outras mulheres de aparentemente trinta anos, dois senhores mais velhos e uma outra senhora, esta, de pele bronzeada, olhos verdes e cabelos pretos. Senti alguém tocar meu ombro e dei um pulo. Aquele toque. Eu sabia quem era.

___ Ah! ___ virei-me, arregalando os olhos. Meu coração disparou... Minha garganta estava seca, minhas pernas, bambas, minha visão embaçada e...

___ Oi. ___ ele disse, com um sorriso triste no rosto. ___ Você... Tá bem?

___ Hã, é... Oi. ___ consegui falar. Fazia tantos dias que eu não o via... E senti saudades daqueles olhos cor do céu. Daquele sorriso, daquelas covinhas e daquel...

___ O que foi? ___ ele sorriu, meio desconfiado. Estava com as mãos no bolso do short azul. Ele estava vestido de um jeito bem simples, enquanto que todos estavam com suas melhores vestes. Parecia que estava indo à praia..

___ Ah, nada... É que faz tempo que não te vejo. ___ sorri, sem graça.

___ Na verdade... Você quem anda me evitando.

___ Ah... Não é isso... Eu... Eu andei ocupada demais com estudo e...

___ Não dava tempo para atender minhas ligações? ___ ele franziu o cenho, irônico.

___ Luiz... Por favor, eu...

___ Ah, então você é a menina linda e meiga? A amiga de meus netos? ___ A senhora que antes eu tinha visto, a de olhos azuis e cabelos pretos, estava sorrindo docemente para mim. ___ Desculpe interrompê-los, queridos...___ ela deu uma piscadinha para Luiz. ___ Sou a mãe do Douglas, meu nome é Anastácia. ___ ela me abraçou carinhosamente. (Ainda bem que ela veio me salvar!)

___ Ah, oi. Sou a Clarisse. ___ a cumprimentei a beijando na bochecha.

___ Você é linda! Ouvi falar muito de você, e por sinal eles estavam certos. Você é uma graça.

___ Obrigada. Acho que exageraram! ___ sorri.

___ Querida, venha, vou lhe apresentar meu marido. ___ ela me puxou pela mão, seguindo até o lado de fora, onde dois velhinhos jogavam cartas.

___ Álvaro, esta é a menina que nossas crianças tanto falaram. A Clarisse. ___ ela cutucava o senhor, toda sorridente.

___ Ah, oi, minha filha. Sou o avô do Luiz e da Siqui. ___ ele se levantou e me abraçou.

Depois que conheci os avós paternos do Luiz, Nanda apareceu com Boca e a Vivi.

___ Vocês demoraram! ___ exclamei.

___ Clari, quer conhecer minha mãe e minha avó? ___ Nanda perguntou, totalmente fora do assunto. ___ Vamos, vou te apresentá-las.

A turma se reuniu lá fora, sentados em uma mesa, comendo e conversando, enquanto Nanda me levava para apresentar sua família.

___ Mãe, esta é minha amiga, Clarisse. ___ minha amiga tocou o ombro da loira que eu vi, a de vestido longo e preto... Bem que ela parecia mesmo modelo. E parecia tão mais jovem, que se eu não a conhecesse, não acreditaria que tinha dois filhos, já adolescentes...

___ Oh... ___ ela parou imediatamente a conversa com a outra mulher, se levantando. ___ Olá, Clarisse! Sou a Francesca. Prazer. ___ ela me deu beijinhos e me abraçou discretamente. Parecia muito chique...

__ E esta, é minha avó, Giorgia, mãe da minha mãe. ___ Nanda apontou para a senhora que estava conversando com a Francesca. ___ Detalhe, ela não sabe falar português, somente italiano. Então, se quiser posso traduzir o que ela disser...

___ Ah, entendo. Diga que sou a Clarisse, e é um prazer conhecê-la.

Nanda disse algumas coisas em italiano, depois de alguns minutos, voltamos para a mesa. Haviam alguns jovens sentados com Boca, Vivi e Luiz. Uma morena de cabelos lisos, aparentemente uns doze anos, uma outra loirinha de cabelos bem cacheados, diria que com uns quinze anos, um rapaz também nessa faixa etária, e todos muito loiros e de olhos claros.

___ Gente, essa é Clarisse, nossa amiga. ___ todos disseram um "oii" carregado de sotaque italiano.

___ Clari, essas são: Chiara e Stella são irmãs, Luchino, Fernanda __ (a morena de cabelos liso, tenho quase certeza que é brasileira.) __ , o Enzo e o Arthur. ___ Luiz apontava o dedo para eles, falando os respectivos nomes, eles davam um "oi" tímido.

ClarisseOnde histórias criam vida. Descubra agora