Capítulo 55 | Antes

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Luiz dormia bem do meu lado. Fiquei observando. Os braços abertos, as pernas cobertas e a cara enfiada no travesseiro. Encostei na cabeceira da cama, peguei o lençol e cobri os seios. Não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto... Ele era lindo quando dormia. Me dei conta de quando tínhamos aqueles momentos e eu nem parava para observá-lo daquela forma. Luiz mexia comigo de uma forma que eu não era capaz de explicar. Ele era tão, mas tão importante para mim. E uma lágrima caiu na cama, eu o amava tanto e estava tão alegre por estarmos juntos novamente.

Meu namorado acordou subitamente, me dando um susto. O sorriso em meu rosto desapareceu no momento em que encontrei seus olhos. Estava pálido, horrorizado e preocupado.

___ Amor, o que foi?

Ele se sentou, passou as mãos na cabeça. Suspirou e me olhou.

___ Eu tive um pesadelo. Estou preocupado.

Franzi o cenho.

___ Pesadelo? Que pesadelo?

___ Não sei, na verdade... Eu vi escuridão, vi algo, sombras, algo ruim vai acontecer. ___ abaixou a cabeça. ___ Não sei, só sinto que tem algo muito errado. E isso doeu de um jeito absurdo. Eu vi a morte.

Arregalei os olhos, preocupada. Morte?

___ Mas, como... ___ e de repente, me senti mal, como se ele tivesse me dito que morreria.

___ Não, esquece. Não deve ser nada. ___ apressou-se em dizer quando percebeu que aquilo havia me afetado. Levantou da cama enrolado no lençol.

___ Mas, amor...

___ Mamu, já falei: esquece. Eu sempre tenho esses pesadelos. ___ abriu o guarda-roupa.

___ Como é que é? Você nunca me disse nada disso antes.

___ Sei que nunca comentei, mas porque achei irrelevante. ___ virou-se para me olhar. ___ Desde que minha mãe foi embora que tenho esses pesadelos horríveis. Mas, esse foi o pior de todos. Uma coisa ruim de verdade, amor... ___ torceu o rosto.

Chamei-o com um gesto de mão e ele veio me abraçar. Meu coração acelerou e tive um medo tão grande. Não sei porquê, mas parecia que aquilo se tratava dele, e pedi a Deus que ficasse tudo bem.

*****

Minha vida estava a mil por hora. Eu estava tendo provas na faculdade e estudava para caramba, Tinha também que cuidar do Davi às vezes __ quando Cássia estava ocupada. Meu namoro com Luiz estava maravilhoso e tudo ia muito bem. Meu pai e Sandra distribuíam convites para o casamento deles que se realizaria dali a dois meses e meio. Paula, Nanda e eu, costumávamos ir ao barzinho que ficava ali perto de casa, quando tudo estava corrido demais e não dava para fazer algo mais legal. Conversávamos gostosamente, ríamos tanto que as pessoas ao redor paravam para observar. Eu adorava sair com elas, só que sentia saudades da Vivi que tinha se mudado para o Rio Grande do Sul, na época em que eu estava na casa do Pablo. Nós nem tínhamos nos despedido. Amanda me contou que o pai dela tinha passado em um concurso, no qual o salário era mil vezes melhor que o que ele ganhava no Rio.

Era sábado e a temperatura era de quarenta graus. Eu estava deitada na minha cama, o ventilador no máximo, as pernas para o alto, em um ritmo irritante e tedioso. Meus finais de semana eram na maioria das vezes - um saco. Luiz passava as tardes de sábado ensaiando com a banda, à noite faziam shows em bares, por isso não saíamos muito. Já no domingo, ele passava o dia dormindo (resultado dos shows, ficava cansado). Eu achava bem legal o que faziam, eles ganhavam uma boa grana - não que Luiz fosse precisar, levando em conta o fato de que o pai dele era rico, mas o problema era que aquilo tomava muito o tempo do meu namorado...

ClarisseOnde histórias criam vida. Descubra agora