Capítulo 41 Antes

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TPM.

___ Obrigada, amor. ___ sussurrei para meu namorado deitado ao meu lado, fazia massagem em minha barriga, para aliviar a cólica.

Estávamos na faculdade, de início a dor foi suportável, conseguia me conter. Mas, em dado momento, aquilo foi doendo mais e mais, aumentando a cada segundo. Odiava o período menstrual por causa das cólicas. Nem sempre elas vinham, mas quando apareciam, eram fortes.
Contorcia-me de dor, Luiz me olhou preocupado. Todos estávamos sentados na mesa, eu estava quieta demais. Ele não sabia que eu estava mal. Mas, suspeitava de algo, já que eu não tinha aberto a boca durante todo a manhã. Olhei para ele, que estava ao meu lado. Instintivamente apertei sua mão com força, mais força do que imaginava ter. Ele se assustou.

___ Amor, o que foi?

___ Leve-me para casa, agora. ___ grunhi. Já não sentia minhas pernas de tanta dor. Paulinha estava do meu outro lado, arregalou os olhos.

___ Clar, que que você tem? ___ indagou, com o olhar carregado de preocupação.

___ Cólica. ___ contorci o rosto de dor pela enésima vez.

___ Vamos, vem, amor. ___ Luiz me segurou, totalmente desesperado. Fomos saindo do refeitório. ___ Paula, resolve as coisas por ai, por favor! ___ pediu e minha amiga assentiu. Um pouco longe, a ouvi dizendo que: "Clari não está bem" para os amigos.

Ali estávamos nós. Lado a lado. Luiz comprou Nutella, fez um copo de leite quente para mim, me deu o remédio, estava todo preocupado.

Esquentou também um pano no fogão e o colocou em minha barriga. Depois começou a massagear o local que doía. Olhava-me com carinho... Ligou a TV, pôs o meu filme predileto. Eu sabia que ele só queria cuidar de mim, e era tão fofo vê-lo se esforçar, mas eu não queria me debulhar em lágrimas naquele momento. Ver aquele filme me deixava por ter em prantos, e para juntar, eu estava na TPM, o que só pioraria.

___ Esse filme agora não cai bem, amor... ___ falei. Ele levantou a cabeça, me olhando de lado.

___ Mas você adora esse filme. ___ justificou confuso.

___ Eu sei, mas não quero chorar agora, né! ___ gritei. Ele arregalou os olhos, porém não disse nada. Eu estava muito sensível.

___ Desculpe. ___ murmurou, beijando o topo de minha cabeça. ___ Quer que eu tire? ___ perguntou.

Ah, aquilo me tirou do sério. Agora que o filme já estava rodando ele queria tirar?!

___ Pelo amor. Não, babaca! Claro que não. ___ gritei, senti a barriga doer com força, por causa do grito descomunal. Não havia sentido, eu sei. Eu não queria que ele colocasse o filme, mas também não queria que tirasse. ___ Ai! ___ gritei, mais irritada ainda. Minha cólica tinha voltado. Urrei fora de mim. ___ Mas que inferno!

Luiz beijou minha cabeça. Senti seus lábios trêmulos. Talvez de medo. Preocupação. E logo veio a choradeira. Pelo filme, pela dor do caramba que sentia.

___ Não chora, amor... Fico mal ao te ver assim. ___ sussurrou ele. Soltava soluços altos, estava com raiva não sabia do quê, mas estava.

___ Dá para parar de beijar minha cabeça, inferno? ___ gritei, totalmente fora de mim. Estava com tanta raiva, tão nervosa. Luiz continuou quieto, mas não teve coragem de beijar mais minha cabeça. Apenas estava ao meu lado, me vendo espernear de ódio, quando me levantava, ele fazia o mesmo. Eu gritava com ele, xingava-o, berrava, mas ele não saia de perto de mim.
Eu não era tão nervosa, mas a TPM, vish, ela me fazia virar uma onça.
Eu estava agindo feito louca, gritava tanto que minha garganta doía, era tão forte minha raiva, que pela primeira vez vi meu namorado com medo de mim. Ele tentava me acalmar, quando me abraçava, eu o chutava, afastando-o. Já não aguentava mais, me senti tão mal por tratá-lo com agressividade, mas acontece que não conseguia ne controlar.
Estava fora de mim, até tentar me morder, eu tentei. Chorei como nunca havia chorado antes, e tive a impressão de que estava doendo mais no Luiz do que em mim. Ele parecia tentar não gritar comigo, na maioria dos meus ataques de raiva, ele parecia estar sentindo dor. Ficava com uma cara preocupada, e foi o que me fez parar, quando ele deixou uma lágrima cair. Corri, abracei-o sentindo-me culpada.

___ Desculpa, amor... ___ chorava eu, desolada. Parecia uma louca. ___ Me desculpe.

Ele não brigou comigo, apenas me apertou em seus braços.

___ Dói te ver assim, amor. Só isso. ___ senti a lágrima quente cair do seu rosto, pousando em minha cabeça. ___ Te amo...

___ Eu não consigo me segurar, desculpa. ___ murmurei. ___ Essa droga de TPM. ___ choraminguei, ele riu.

ClarisseOnde histórias criam vida. Descubra agora