Capítulo 48 | Antes

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Um tempo

Saí da casa de Pablo determinada. Embora estivesse com medo de estar tomando a decisão errada, eu sabia que se Luiz me amasse, ele mudaria por mim.

Cheguei em casa e vi Nanda dormindo no sofá e Lucas ao ladinho dela. Os dois eram muito próximos, meu irmão a adorava. Subi correndo para meu quarto. Lavei o rosto, me assustei ao ver que estava ele vermelho e decidi que seria melhor conversar com Luiz no dia seguinte. Não queria que ele e a Maya me vissem tão mal daquele jeito, não precisava da falsidade daquela babá e nem da pena de Luiz.

Depois de tomar um banho quentinho e gostoso, vesti uma roupa fresquinha e me deitei.

Estiquei meu braço até a mesinha e peguei meu celular. Precisava me distrair, não queria pensar nele e se continuasse a refletir sobre a "decisão certa", acabaria desistindo e não terminaria o namoro.

Fiquei cerca de meia hora mexendo nas redes sociais, não havia nada de tão empolgante nem coisas legais para ver. Assim que decidi sair do Facebook, acabei entrando no perfil do Luiz e encontrei uma foto nada propícia para aquele momento.
Maya e ele estavam abraçados na praia, pareciam um casal de namorados apaixonados. Aquela foto me embrulhou o estômago e me senti muito mal. Quis morrer, me afogar em lágrimas.

Ia ligar para meu pai, pois queria desabafar com ele, quando minha mãe abriu a porta de meu quarto, sem bater.

___ Oi, amor. ___ sorriu, veio até mim, beijando minha testa. ___ Cheguei agora. ___ olhou diretamente em meus olhos, tentei não encará-lá, porque perceberia que eu não estava bem. ___ Você estava chorando? Filha... O que o Luiz fez desta vez? ___ percebeu.

___ Mãe... ___ tentei me segurar, mas quando ela tocou no nome dele, duas lágrimas escaparam. Valéria se sentou na beirada da cama, pegando em minhas mãos e me olhando com preocupação.

___ Ô, minha filha... Fale o que aconteceu, quem sabe não posso te ajudar?

___ Ele... Ele não me ama, mãe, é isso que está acontecendo. ___ solucei, eram incontáveis o número de lágrimas despejadas somente naquele dia. Ou eu estava na TPM, ou tinha razão em estar mal.

___ Não diga isso, Clari. ___ fez careta. ___ Sei que ele anda passando muito tempo com a Maya, mas sei também que ele te ama de verdade, amor...

___ Não ama! ___ gritei. ___ Desculpe, mãe. ___ ela fez que sim. ___ Eu não sou burra. Sabe, ontem mesmo eu os vi juntos, e eles quase se beijaram. ___ abaixei minha cabeça. ___ Já tentei de tudo, mas é perceptível que ele não gosta mais de mim. E que também eles dois não são amigos, mãe. ___ olhei para ela, tentando buscar um refúgio materno, me joguei em seus braços. Não conseguia me segurar. Doía absurdamente. ___ E eu tomei uma decisão. ___ ela me olhou apreensiva. ___ Vou dar um tempo. ___ ela arregalou os olhos, surpresa.

___ Tem certeza?

___ Sim. Eu tenho. Preciso confiar nele, quero ter certeza que Luiz me ama, senão... Como poderei conviver desta forma? Sofrendo, sendo deixada de lado.

___ Claro, claro, meu bem. ___ sorriu fraco. ___ Acho que está certa. Se conversar não está funcionando, dê um tempo e veja como será. Já falou com ele?

___ Não. ___ sequei minhas últimas lágrimas. ___ Amanhã eu falo. Não quero que me vejam deste jeito. ___ ela assentiu. ___ Mãe, o Doug já chegou? ___ ela assentiu novamente. ___ É que eu queria que ele me levasse para escola, sabe, de agora em diante. Se ele puder.

___ Claro, falo com ele para você. ___ beijou minha cabeça. ___ Ai, filha. É doloroso ver você tão tristonha. ___ suspirou. ___ Confie em Deus, vai dar tudo certo. Se for para ser, será. ___ piscou.

___ Aham. ___ murmurei baixinho.

Mamãe já ia saindo, quando pulei da cama e corri até ela.

___ Ô, amor. Pode chorar... Estou aqui. ___ disse, assim que a agarrei e me escondi em seus braços carinhosos. Lágrimas, centenas delas insistiam em brotar.

*****

Já era tarde da noite, eu havia trancado a porta do meu quarto mais cedo e nem havia jantado. Deixei avisado para minha mãe que eu já estava indo dormir.
Iria passar o resto da noite escondida no meu cantinho. Recebi informações sobre Luiz e Maya. Mamãe comentara que ele passara a tarde e o início da noite na casa de Takumi e Maya tinha ido na casa de uma amiga, mas ambos estavam de volta às sete da noite.

Apenas dei de ombros. Não queria saber deles, não podia nem ouvir o nome de ambos que minha vontade era de morrer.

Dissera também que todos estavam preocupados comigo, mas Valéria disse que eu estava apenas fazendo trabalho da faculdade e queria ficar sozinha, a agradeci pela mentira.

Mesmo com aquela bela desculpa esfarrapada, quando eram umas 2 da manhã, ouvi meu celular vibrar perto de meu ouvido. Uma mensagem. Claro que eu não tinha conseguido dormir até aquela hora e ficara ouvindo músicas tristes e melosas, me debulhando em lágrimas, o que resultaria no dia seguinte em olhos inchados, e a desculpa seria que eu dormira muito tarde pois estava estudando. Bela rede me mentiras esfarrapadas. Abri o WhatsApp. Mensagem de "Titico ❤". Imediatamente fui até os contatos do meu celular e mudei o nome dele para "Grande Babaca".

A mensagem era a mais lavada de todas e me tirou do sério.

Grande Babaca: Amor... Está brava comigo?

"Não, seu imbecil", aquilo me fez querer socar a cara dele. Era muita falta de bom senso. Até parece que eu o perdoaria tão fácil assim. Resolvi nem respondê-lo, iria dizer tudo no dia seguinte, não tudo, tipo só que estaria tudo acabado... E aquela dor estava voltando. Simples: o idiota escreveu:

Grande Babaca: Amor, não faz isso! Não me ignora. Eu te amo, sabe disso, não é? :( ❤

Um simples e talvez falso "Eu te amo", já me fazia querer voltar correndo para os braços dele. Eu necessitava dos lábios do babaca, mas não ficaria disputando sua atenção com a babá. Não correria atrás dele, porquê eu não era daquele tipo e mesmo que doesse muito, eu iria fazer o que tinha planejado.

Desliguei a internet, coloquei os fones e liguei o music player, com a música Leãozinho. Acionei o alarme para o dia seguinte. Acordaria mais cedo para ir com Doug. Antes de dormir, uma lágrima escorreu de meus olhos... E mais uma e mais uma...
Nem mesmo aquela canção conseguira me acalmar, eu realmente estava sentindo cada parte de meu corpo estremecer só de imaginar que terminaria com Luiz. Precisava ser forte. Doeria, sim, muito. Mas era para o meu bem. Era o melhor.

ClarisseOnde histórias criam vida. Descubra agora