Acordei com uma luz fortíssima no olho. Pisquei algumas vezes, e percebi que estava em um hospital. Olhei em volta, ainda tentando me acostumar com a claridade repentina. Senti um fio enrolado em meu dedo e quando o levantei, alguém entrou devagar. Minha cabeça doía um pouco e senti uma tontura. O que houve? A mulher, que confirmei ser a enfermeira por causa da vestimenta, se aproximou e arregalou os olhos.
— Deus! Você acordou! Que bênção. — ela exclamou, surpresa.
— O quê? O que aconteceu? Por que estou aqui? — perguntei confusa.
— Calma, moça. Não fale muito. Fiquei quieta, chamarei o médico pra ver você e já já você ficará a par de tudo. — ela sorriu e saiu.
Em questão de segundos, um médico alto, gordinho e careca entrou. Ele tinha papéis na mão, e os analisava atenciosamente. Ele terminou e veio até mim.
— Clarisse, você finalmente acordou. Seus pais ficarão tão felizes. E seu irmão. — sorriu com vontade. Só que ainda não sei por que diabos estou aqui!
— Doutor, o que aconteceu? Eu sinto como se estivesse aqui há anos e... Não me lembro de absolutamente nada.
Ele suspirou e colocou os papéis em cima de uma mesa. Ele me olhou e sorriu, parecia não acreditar.
— É um milagre. Você bateu a cabeça ao desmaiar, segundo seus pais, e ficou em coma por três meses. Nós estávamos preocupados, pois você poderia ficar anos em coma...
Coma? Mas... Não me recordo quando bati a cabeça.
— Mas doutor... Não me lembro o que houve. Como isso aconteceu?
— Não se preocupe, você não deve ter perdido a memória, logo vai se lembrar. E, eu não acho que seja eu quem tenha que dizer isso. Foi um problema familiar. Mas esqueça isso por enquanto, o que importa é que você está acordada e bem. Preciso que você faça vários exames antes de te dar alta. Ah, e vou avisar seus pais. Licença. — ele sai rapidamente do cômodo.
Juro que não me lembrava o que acontecera. Estava tentando ao máximo, mas parecia que a minha mente ainda dormia.
Alguns minutos depois, vi duas pessoas eufóricas e com lágrimas nos olhos entrarem em meu quarto: Meus pais. Senti uma onda de emoções ao vê-los, era como se tivesse passado muito tempo desde que os vira. Sorri e não pude evitar derramar uma lágrima. Estava morrendo de saudades.
Minha mãe chorava feito criança ao meu lado, me abraçando e dizendo milhões de coisas ao mesmo tempo que meu pai — que também chorava — me pedia perdão várias vezes seguidas. Por que ela está tão eufórica e pede perdão a cada segundo? E por que meu pai está aqui? E ainda por cima, sóbrio?
— Gente... — eu pedi. — também estou contente em vê-los, mas o que aconteceu? Tem meia hora que estou pedindo explicações e ninguém diz nada. Não me lembro de nada.
Minha mãe parou sua choradeira, secou os olhos e apavorou-se.
— Você perdeu a memória?! Não acredito! — ela me olhou com os olhos arregalados de surpresa. Ai, mãe...
— Não, Não! Quer dizer, não me lembro o que aconteceu. Mas não perdi a memória, não deste jeito. __ disse, tentando acalmá-la. Eles soltam um suspiro de alívio e me abraçam. De repente, me lembro que não vi Lucas ali.
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Clarisse
Romance|EM REVISÃO| Homenagem à Música "Clarisse" Legião Urbana. Existem muitas coisas na vida das quais não tem como fugir: a dor e a tristeza, a alegria e... o amor. Clarisse sofreu durante seus 17 anos. Ela não imaginava que o mundo lá fora podia se...