Depois de uma noite inteira inquieta na cama, pensando no momento em que estava na casa de Juliette, a proximidade, seus olhos fechados, o rosto quente sob meus dedos, nada estava importando naquele momento, esse era o problema, o mundo a minha volta desapareceu e só vi aquela criaturinha linda a minha frente.
Dormi e acabo acordando de madrugada depois de sonhar com Juliette, onde Fátima a impede de me ver. Não consigo dormir depois disso, meus pensamentos voltam aquele momento, o que estou fazendo?
Desligo o despertador do celular e permaneço aqui, não minto a mim mesma dizendo que não gostaria que tivesse acontecido algo naquele quarto, porém, minha razão pesa em minhas costas gritando desesperadamente "sua louca" ao mesmo tempo em que meu emocional me traz as imagens dela, o sorriso bobo, o abraço, os cachos saltitantes nas pontas dos cabelos.
- Droga! - Susurro ouvindo o celular tocar novamente.
- Sarah? - Ouço a voz de Juliette ao atender o celular, normalmente eu não atenderia, porém ao ver, a primeira coisa que penso é que algo havia acontecido.
- Juliette? - Respondo com outra pergunta, a voz dela no telefone é baixa.
- Você não vem hoje? É que eu cheguei e você não estava e também não disse nada. - Juliette fala tudo rápido demais.
- Eu vou... Estou em casa ainda - Sorrio por ouvir sua voz. É isso que não consigo juntar e entender, todas as minhas ações involuntárias por qualquer coisa que venha de Juliette, isso que estava me deixando louca, pequena diante de mim mesma.
- Então tá bom. Tchau. - Responde e desliga, era de esperar que desligasse.
Levanto, faço tudo que preciso, vejo o e-mail que Rodolffo me mandou, dizendo que não o atendo mais, mas, é que minha vida está corrida, diz também que está voltando em alguns dias. Passo os olhos pelo jornal que está jogado na porta e saio.
Não demoro, repassando as coisas que preciso fazer durante o dia. Juliette estar separando os documentos para mim é minha salvação, levaria dias e dias mexendo com os papéis e nunca ficariam tão bem organizados. Próxima a empresa ouço um alarme soando alto, demoro a associar ao que se relacionava.
- O elevador parou. - Fiuk me diz, no estacionamento.
- Alguém estava lá dentro? - Pergunto, saindo do carro.
- Não. Alguém ia descer, mas ele não subiu. Dia de sorte da pessoa. Vou até a filial. - Entra em seu carro e sai.
O som do alarme é insuportável e não para até que os técnicos desliguem. Subo aquelas escadas quase correndo, parando a cada dez degraus, buscando ar.
Corro os olhos por minha sala, o salão, a sala de Fátima, ainda está tudo apagado, a única luz fraca vem do corredor, onde está o almoxarifado. Caminho até lá, a porta está meio aberta, Juliette não está em sua mesa.
- Ei? - Chamo, olhando entre as prateleiras.
- Aqui. - Ouço, ela está no último corredor, sentada no canto, com as mãos nos ouvidos. - Esse barulho! Esse barulho tem que parar.
- Ei, calma... - Susurro colocando as mãos sobre as suas.
- Não! Tem que parar, meus ouvidos doem. Tem que parar.
- Ju, já vão consertar o elevador... Vem comigo. - Tento, passando o polegar em seu rosto.
- Eu não posso... Não consigo... Tem que parar, Sarah, por favor. - A voz... Não tem um dia em que sua voz tenha oscilado tanto quanto naquele momento. As bochechas vermelhas, as lágrimas escorrendo até o pescoço. Sinto-me a pior pessoa só mundo.
Saio de lá correndo, o som dos saltos ecoam em meio ao alarme, meu coração está em fiapos, minha mente martela entre ir até a minha sala e voltar até Juliette, porém, vê-la daquela forma me assusta, me deixa com a sensação de incapacidade sobre não saber o que fazer.
- Carla, cadê os técnicos? - Pergunto a uma das secretárias, pelo telefone.
- Eu já liguei, tem um tempinho. - Responde.
- Um tempinho? Faz tempo que soou o alarme? Liga para ele, pede para dar um jeito e estar aqui em menos de cinco minutos.
- Mas Sra. Andrade, eu liguei.
- Por favor Carla, ligue novamente.
Termino de falar com ela e desligo. Respiro fundo e volto ao almoxarifado.
- Não vai parar? - Juliette Susurra.
- Vai sim meu amor... - Falo olhando no relógio, mais dois minutos e vou desligar a força desse lugar sem pensar duas vezes.
Roo todas as minhas unhas nesses minutos, Rodolffo me ensinou a manter a calma diante das situações com as quais não sei lidar, mas nesse momento não consigo por em prática.
- Parou... - Pego as mãos dela. Seus olhos varrem todo o local. Segura as mangas da blusa passando perto dos olhos, secando o rosto.
- Desculpa... Eu... - Tento falar, a ajudando a levantar.
- Você não entende. - Fala com a voz falha.
- Explica. - Peço.
- Os sons altos me afetam... Sabe o barulho entra e toma conta de mim, de tudo, não consigo pensar em outra coisa que não seja o som. Isso é desesperador, não consigo pensar. É assustador. Preciso diminuir isso e... Droga... Tenho medo. - Diz com a voz cansada. - Desculpa por te assustar.
- Tudo bem... - Suspiro. Nunca saberia sobre isso. - Não precisa ter medo quando eu estiver aqui.
- É mais forte que eu. - Estende as mãos incertas para mim.
Seu corpo esconta-se ao meu, não foi um abraço como os outros ou algo assim. Ela só está aqui. Passo os dedos por seus cabelos, acertando os fios esvoaçados, indo do início até o fim das pontas que se enrolam lindamente.
Juliette me faz beirar. Um ímã me puxando intensamente a qual nem tento resistir. Como poderia?
/// Olá amores, sei que o beijo tá demorando, mas prometo que toda essa espera valerá a pena! Logo o Rodolffo vai voltar de viagem, mas ainda tem mais uns 4 capítulos antes do grande tombo.
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You captivated me-versão sariette (Finalizada)
Fanfiction" Eu sempre gostei da história do pequeno príncipe, de como o amor é explicado em cada detalhe. Quando era pequena meu pai me dizia para eu encontrar meu lugar na história e eu finalmente encontrei. Ao conhecer Juliette, eu descobri ser o piloto." ...