O tempo passou para nós. Para Juliette, para Fátima e para Lourival. Uma semana passou. Fátima me avisou que estava saindo definitivamente. Juliette passou todos os dias em minha casa e eles não reclamaram. Ambos já empregados, eu sem meu braço direito, sem 2 funcionárias, com minha namorada se mudando e apavorada por dentro.
- Eu não quero ir Sarah, porque a minha opinião não conta? - Diz sentada em frente ao meu aquário. - Eu sei que não posso ficar aqui, estaria tudo bem se eles tivesses me perguntado o que eu acho, sabe? Mas eu sou a menina incapaz de pensar, incapaz de decidir qualquer coisa.
- Ju... - Estou tão abalada com isso, que ao invés de conversar com ela queria gritar e depois conversar com Fátima e Lourival. - É uma oportunidade para o seu pai, lembra?
- Esse não é o problema, Sarah! O problema é não haver uma pergunta achando o que eu penso. Nunca há. Decidem o que eu posso comer ou não, onde posso ir ou não. Tenho certeza que os pais de pessoas normais perguntam.
- Você é normal, Juliette. Eu também estou chateada. Mas não vai mudar nada a gente ficar o tempo todo falando sobre isso.
- Como a gente fica nisso? Você não pensa nisso? - Seus olhos lacrimejam e sinto minhas estruturas bambas.
- Não estamos terminando, Juliette. Nós vamos nos ver menos, bem menos, mas é temporário. - Coloco as mãos em seu rosto tentando não chorar. - É temporário. Nós vamos evoluir, nosso relacionamento, você vai poder aprender outras coisas lá, nós vamos planejar passeios legais, você pode passar finais de semana aqui e depois nós podemos viver juntas e próximo a praia.
- Isso vai demorar né?
- Um pouco. Mas estou disposta a esperar o tempo que for. Porque eu te amo, demais e não vou abrir mão disso. - Sorrio, levantando seu rosto, a beijo e meu coração se acalma.
Meu celular nos assustou. Fátima está ligando. Dou a juliette uma mala minha e seguimos para a sua casa. Ela entra direto para o quarto. Lourival me olha com certo pesar nos olhos e Fátima nem me olha.
- Já vão se acostumando com um prato a mais na mesa. - Brinco.
- Você não vai conseguir, Sarah. - Fátima diz quando me viro para ajudar Juliette.
- A distância, o tempo, eu te conheço e não estamos mudando para separar vocês.
- Eu sei que não estão mudando, por isso. Aliás, eu espero que não. Porque não vou desistir, Fátima você conheceu parte de mim ou uma versão de mim, não acredito que eu seja mais a mesma e nem você. Não estou fumando há algum tempo, acredita? E tenho estado mais calma e buscando ouvir mais. Ainda bem que mudamos, né? E encontramos alguém capaz de nos colocar pra cima.
Saio antes que a conversa fique pesada. Chego no quarto e a encontro juntando as telas e as tintas. Enquanto faz isso pego suas roupas e vou guardando.
- Odeio isso. - Ela resmunga.
- Ei. - Me aproximo e sou surpreendida por um beijo longo e meu corpo se chocando na parede.
Juliette desliza a mão para baixo da minha blusa arranhando minhas costas, soltando meus lábios e beijando meu pescoço. Sinto meu corpo esquentar e uma batida na porta nos faz parar.
- Eu não quero parar. - Susurra em meu ouvido mordiscando meu pescoço.
- Melhor pararmos! - Digo o mais firme que consigo trancando a porta em seguida. - Vamos fazer isso depois, sem ninguém parar a gente... - Falo sentindo ela me encher de beijos molhados.
- Você promete não me deixar?
- Seus pais vão cansar de me ver. - A colo em mim ainda tentando controlar minha respiração.
Juliette vai comigo em meu carro, quero conhecer a casa nova. No caminho decido dar uma desviada e a levo no shopping da cidade em que ela vai morar. É bem maior do que o que conhecemos.
- Hoje vamos comer porcaria.
- Como assim? Não podemos comer porcarias, Sarah. - Sempre me esqueço.
- Digo, vamos sair da rotina, comer lanche ao invés de comida.
- Podemos?
- Sim. Vamos comer burguer king, o que acha? Vem refrigerante, 2 lanches e batata frita. - Digo vendo o cardápio.
- Você come demais! - Balança a cabeça negativamente.
- Que abuso você falar isso.
- Já escolhi o meu e vem um lanche só, porque sou mais controlada. - Fala em tom de deboche.
Pedimos e sentamos em uma mesa próxima. Pego a coroa que vem e coloco em mim.
- Vamos tirar uma foto? - Falo.
- Vamos. - Pego o celular e beijo sua bochecha enquanto tiro a foto.
Olho para a foto sorrindo e percebo o quão boba sou por ela.
Esses momentos com ela me mostram que vai ficar tudo bem, o mundo não vai desabar pela distância.
//// O próximo capítulo é o penúltimo.
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You captivated me-versão sariette (Finalizada)
Fanfiction" Eu sempre gostei da história do pequeno príncipe, de como o amor é explicado em cada detalhe. Quando era pequena meu pai me dizia para eu encontrar meu lugar na história e eu finalmente encontrei. Ao conhecer Juliette, eu descobri ser o piloto." ...