capitulo 26

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Juliette não era uma criança quando a conheci, seu mundo interior parecia limitado e inexplorado e como ela teve medo, eu também tive, de machucar, não entender, ser julgada e não conseguir. E machuquei, não entendi, fui julgada, mas não desisti. Porque houve um momento em que meu coração a escolheu e nem por meio segundo se desfez dessa escolha.

   Houve um momento em que eu soube que moveria o mundo por ela. E foram tantas coisas envolvidas, um casamento, minha melhor amiga, minha empresa, minha vida, de repente, tudo virou de cabeça para baixo e não vou dizer que descobri que esse era o lado certo, não era. Voltei para o outro lado, mas voltei com Juliette.

   Todos os dias foram para mostrar que comigo os peixinhos não vão ser pegos por anzóis, a estrela cadente não vai apagar, que seu coração sempre vai bater forte em algumas situações, que não precisamos nos preocupar com os matemáticos e o principal, não precisa deixar de ser literal. Sua literalidades fazem parte de quem ela é.

   Estive encantada por muito tempo, pela paixão pelos sorvetes e por azul, pelo amor, pelas artes, pelo universo e Juliette me deu um universo todinho. Quando ela descobriu que também poderia amar e lutou por isso, mudou a todos nós. Me fez pensar mais antes de falar. Fez Fátima ver que ela cresceu. Fez Lourival ver que também precisava descobrir mais coisas.

   E com tudo que aconteceu, eu e Fátima que no início estávamos conversando sobre Juliette trabalhar para mim, hoje terminamos uma conversa sobre a filial da minha empresa que Fátima vai tocar como minha sócia.

   - Eu sabia que Juliette tinha mexido nas coisas e te contaria. Agora você é a confidente dela, sabe? Antes ela contava as coisas para mim e agora tudo que sei é quando ela vai te ver. - Fátima diz e ri. - Mas eu juro que não entendi, Sarah, como...

   - Fátima, para. Ninguém entende nós e acho que isso nos faz únicas. Não tem que ter uma explicação. - Pego suas mãos. - Juliette é outra pessoa agora, ela está estudando fora, está negociando de vender seus quadros e essa é a minha pessoa, eu não a moldei, nem vocês, essa é a Juliette que se moldou sozinha e vocês devem ter muito orgulho.

   - Estou orgulhosa de você também, te subestimei e em algum momento você também mudou, Sarah e eu amo essa versão.

   - Estamos bem agora.

   - Eu vou sair com Lourival e Juliette jaja chega. - Fátima sai e me deixa na sala.

   No quarto de Juliette, na parede, tem uma das primeiras pinturas minhas e também uma que fiz quando brigamos, nós superamos aquele dia e nunca me esqueço que temos uma capacidade gigante de machucar as pessoas e temos que ter cuidado com isso.

   Na cômoda tem um porta retrato nosso na praia e sorvetinho que acende a luz.  Deitei na cama por breves segundos.

   - Posso me deitar aqui? - Juliette susurra já deitando ao meu lado.

   - Saudades de você, Ju... - Beijo seu rosto a trazendo para perto de mim.

  - Eu também. Sarah, um dia eu quero casar com você, sabe? - Ela se vira de bruços me olhando. - Ter nosso quarto, nossos peixes, nossos quadros na parede. Eu amo aprender todas essas coisas e quando tiver aprendido o suficiente, quero as pessoas que eu gosto na praia e a gente se aceitando para sempre.

   - Você tem todo o tempo, Ju. Nossa casa vai ser linda.

   - Ansiosa por esse dia, por essas coisas. - Ri me dando selinhos. - Na minha sala tem muita gente bonita, sempre penso e desejo que elas tenham sorte de ter alguém como você na vida, alguém que não desista. Eu amo você, Sarah Andrade. Você não é meu ar, sabe? Mas poderia ser, eu poderia respirar você o dia todinho e ficar com todo meu corpo cheio desse amor que você demonstra por mim.

   Juliette me tira algumas lágrimas e não tenho muito o que dizer. A abraço susurrando em seu ouvido: Sim, eu aceito casar com você um dia. E ela ri, me apertando.

     - Eu deixei uma parte do meu guarda-roupa para você trazer coisas suas e deixar aqui. - Ela diz se levantando e me mostrando. - Mas você tem que escolher bem o que vai trazer, porque tem um monte de coisas desnecessárias.

   - Ah é? - Levanto indo até ela. - Você acha que tenho coisas atoas?

   - Você discorda?

   - Você é muito abusada, garota. - A viro em direção a cama fazendo cócegas.

   - Isso não é justo! - Ri e tenta se esquivar. - Se você parar agora, eu faço pipoca pra gente.

    - Se a sua pipoca tiver caramelo, eu paro. - Rio e a deixo respirar.

   - Abusada é você, Sarah! - Se levanta arrumando o cabelo.

   A abraço entes que saia dando um beijo entre seus cabelos.

   - Obrigada por deixar meu mundo mais leve e colorido, Ju.

   - Agora não adianta me agradar. - Solta um risinho e vai em direção a porta.

   E é fácil imaginar essa mesma cena na nossa casa, todos os dias, pipoca, sorvete, filmes, artes. É fácil imaginar uma vida inteira com Juliette e suas peculiaridades.

/// E aqui se encerra essa história que eu tanto amo. Espero que vocês tenham gostado. Obrigada a todos que me acompanharam até aqui.

You captivated me-versão sariette (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora