capitulo 4

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    Os dias passam bem tranquilos. Todos os dias Juliette passa por minha mesa e dá bom dia, acho que esse é um avanço considerável, visto que antes ela passava ao meu lado e era como se eu não estivesse lá.

   Outro avanço que vamos dar é ela estar na empresa sem Fátima, pois a mesma entrou de férias merecidamente. Fez um jornal de recomendações sobre Juliette, o que eu mais ouvi foi "estou te confiando minha vida, Sarah".

   O combinado foi: ela trazer Juliette todos os dias e buscar. Além de que, ligar durante o dia, estar online no Skype pessoal, só faltou pedir para passar as férias aqui mesmo, na empresa.

    O primeiro dia está apenas começando. Chego antes de todos, respondo e-mails, como umas bolachinhas que tem no pote sobre a minha mesa, converso com Rodolffo - Ultimamente ando me esquecendo dele, chego estranhar seu número me ligando. Não acho isso bom, parece que estamos distantes.

    - Bom dia. - A voz baixa e já conhecida soa.

    - Bom dia, Juliette. - Levanto o rosto para olha-lá. Está com uma calça preta e uma blusa preta também.

   - Como se sente com sua mãe de férias? - Pergunto me levantando, sigo até onde estava, são raras as vezes que entra em minha sala. - Você pode entrar quando quiser...

   - Eu sei que posso entrar. - Responde-me olhando o chão. - Quer dizer agora eu sei. Eu esqueço as coisas que me mandam fazer constantemente, entende? É assustador sem minha mãe aqui.

   - Pode ligar para ela, falar por Skype ou pode falar comigo. Nós não somos parecidas, mas juro que sou mais legal que ela. - Brinco com ela

    - Você é. Ela me trata como eu fosse uma criança e isso é tão frustrante. Ela me olha como se eu tivesse 10 anos. - explica olhando nos meus olhos e diz - Vou lá, tchau.

   - Ei, você não quer almoçar comigo? - Pergunto tocando seu ombro.

   - Eu tenho comida aqui. - Responde e me deixa para trás

   Volto para a minha mesa e passo a trabalhar pensando em outra forma de convencê-lo a almoçar comigo. Porque... Bem realmente gostaria de conversar com ela. Abro a janela do Skype e fecho várias vezes seguidas.

    Desde quando eu fico nervosa dessa forma para falar com alguém? Nem com Rodolffo é assim.

   - Eu posso deixar minha comida aqui uma vez. - O Skype toca, subindo mensagem na tela. Sorrio, "isso", comemoro mentalmente

   - Um dia só. - Respondo

    - Tá bom.

    Respostas curtas nunca me deixam felizes.

   As horas passam rápidas, fico ansiosa para sair logo e quase caio da cadeira quando vejo juliette parada em frente a minha mesa.

    - Você disse que eu poderia entrar. - Da um pequeno sorriso para mim, certo parece deboche da minha reação

    - Certo.

     - É que está na hora. - ela diz

    Saio com ela da empresa e seguimos caminhando até o restaurante mais próximo. No elevador, novamente, tenho sua mão junto a minha e respiro fundo por isso.

   A vejo apontando algumas coisas por onde passamos e me contenho para não perguntar, pois na certa era algo bem óbvio.

   - Que legal. Daqui uns dias saberá da empresa até o restaurante.

   - Isso quer dizer que vamos lá mais vezes? - Pergunta, apertando meu braço.

   - Se você quiser, sim. - Penso que poderíamos fazer isso todos os dias.

   Fazemos nossos pedidos e esperamos. Juliette pega o guardanapo fazendo origamis desajeitados, pois o papel é mole demais. Permaneço a observando, faz uma cabeça de um cachorrinho e usa a caneta que está ao lado da mesa, para fazer os olhos e o focinho. Por fim coloca sobre a caixinha de palitos, virado para mim.

    - Ele está olhando para você. - Fala sorrindo abertamente. Ela é muito linda.

   - Você é fofa. - Comento e suas bochechas coram, com um pequeno sorriso.

   O garçom traz nossa comida. Seu prato tá extremamente colorido.

    Começo a comer. O silêncio paira entre nós, Juliette permanece o tempo inteiro olhando seu preto e seus movimentos parecem mecânicos. A gerente do local passa fiscalizando o serviço e para na nossa mesa.

    - Precisa de mais alguma coisa, meu bem? - Pergunta tocando o ombro de Juliette. Ela revira os olhos.

   - Não. - Responde friamente.

   - Qualquer coisa, pode nos chamar. Bem ali. E o banheiro é ali também. Qualquer coisa nos chame. - Fala na maior animação e sai.

    - Sabe uma coisa que ninguém nunca aprende? Compaixão ou ser legal, não é olhar para pessoas como eu com dó, ou me tratar como quem não sabe ler ou entender tudo. Eu sei que ali está escrito banheiro, porque aprendi a ler. Todo mundo precisa aprender a não pisar em nossa autoestima.

    - Você está certa. - Falo deixando o dinheiro na mesa.

   Saímos e ainda faltava 30 minutos para voltarmos ao trabalho. Sentamos no mesmo banco da outra vez. Juliette olha ao redor e para em um ponto que deduzo ser o museu.

    - Há grande coisas lá dentro. - Susurro

   - Nunca fui. Deve ser legal.

   - Vamos! Chama sua mãe e seu pai para ir com a gente. - Animo-me com a ideia. Faz tempo que não saio com Fátima também.

   - Você pede a eles, porque eu escuto "não" constantemente.

   Ao ouvi-la dizer isso a vejo como uma menina da sua idade, mesmo, adolescente que os pais proíbem algo e acabo rindo. - O que foi? - Ela diz

   - Nada não. - Respondo tirando a mecha do seu cabelo que caia em seu rosto.

    - OLHA SORVETE! - Levanta animada e fala alto me assustando. Segue até o homem.

   Levanto rindo bobamente dessa manifestação. A sigo.

    Se eu ver o sorriso dela todos os dias ao acordar e dormir, sei que serei a pessoa mais bem humorada.

    - Sarah! - Me tira do meu transe ao chegarmos até o sorveteiro. - Gosto muito de sorvete. - Se acanha, corando.

    - Quero saber todos os seus gostos. - Digo enquanto escolhemos.

   Todos os dias sei que irei me encantar mais

You captivated me-versão sariette (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora