Capítulo 3 - Personalidade explosiva

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Eu me vesti novamente e ele não retornou.

Então fiz o caminho até a mansão debaixo de um sol já escaldante com seu terno em minhas mãos, a mágoa insistia em tomar conta do meu peito. A angústia ameaçava tomar lugar, o medo, a desconfiança.

Assim que entrei na propriedade corri escada acima torcendo para encontrá-lo no quarto. Mas ele não estava lá. Então corri para o banheiro para me lavar, acreditando que lavaria esses sentimentos tão contraditórios.

Porque ele me deixou sozinha? De novo? O que estava acontecendo? O que havia de errado? Eu não era mais suficiente? Nosso casamento havia acabado e eu não tinha percebido? Era uma avalanche de sentimentos que eu nem ao menos conseguia nomear.

Após me lavar, vesti um biquíni junto com um short jeans, então desci novamente determinada a ignorar aquela situação desagradável.

Caminhei até a cozinha silenciosa e o encontrei lá tomando café como se nada tivesse acontecido.

- Onde você estava? - Questionei.

- Fui fazer uma ligação, eu te avi...

- E porque não voltou? - Ele parecia calmo, não fazia idéia do quanto tinha me magoado.

- Eu voltei mas você não estava mais lá, então deduzi que tinha voltado pra mansão. - Ele descansou a xícara na mesa e me encarou profundamente. - O que está acontecendo?

- Não, eu que te pergunto. Você acaba de me tratar como uma puta, acho que minha posição mudou e não fui comunicada. - Meus nervos estavam a flor da pele, sentia minhas bochechas esquentarem e as lágrimas pedirem espaço.

- O quê? Não foi nada disso, Lili.

- Ah não? - Debochei. - Pra quem era o telefonema importante? - Arqueei uma sobrancelha.

- Era para Matteo...

- MENTIRA! - Gritei jogando parte dos copos e xícaras próximos de mim no chão em um estrondo. - Você está mentindo. - Ele se levantou.

- Eu não vou conversar com você nesse estado. - Ele parecia bravo tanto quanto eu.

- Que estado? - Ele fez menção de sair e eu me coloquei em sua frente impedindo sua passagem.

- Lili. Me deixe passar. - Seu tom era ríspido e seu rosto havia adquirido um forma inexpressiva.

- Não. Você vai me dizer pra quem você ligou. - Meu tom era baixo dessa vez, mais controlado.

- Eu já disse.

- Você está mentindo. - Afirmei.

- Você está louca. - Ele pareceu se dar conta do que acabou de dizer. E como se a situação não pudesse piorar mais ele dá um passo em minha direção tentando me tocar.

Meus olhos escorriam lágrimas embora minhas expressões fossem iguais as dele, inexpressivas. Meu coração saltitava em meu peito.

- Você acaba de dizer que me ama e momentos depois de chama de louca. - Ri sem humor.

- Me desculpe eu não quis dizer...

- Sim, você quis. - Dei um passo perigoso em sua direção nada intimidada pela sua altura. - Nunca mais me chame de louca. - Meu tom era tão frio que eu quase podia ver uma ponta de dor passar em sua face. Empurrei um dedo em seu peito enquanto formulava as próximas palavras. - Na próxima vez que fizer isso, considere-se divorciado. - Então me virei e saí da mansão atrás de um lugar silencioso.

Precisava me recompor para pensar com clareza. As emoções haviam tomado conta de mim sem que eu me desse conta.

E só Deus sabia o estrago que aquela atitude impensada traria.

❦𝗨𝗺𝗮 𝗣𝗿𝗼𝗽𝗼𝘀𝘁𝗮 𝗜𝗻𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗮𝗱𝗮❦ [𝐄𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥]Onde histórias criam vida. Descubra agora