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Transtorno da Ruminação:
o indivíduo cospe o que comeu e tenta mastiga novamente. O volume de alimentos que volta à boca é pequeno, o que permite disfarçar a ruminação por meio de tosses e outros métodos.

Vancouver, Canadá

17 de setembro, 7:45

Allina

1:meet the Family

Sonhos.

A terra dos sonhos era perfeita para mim. Mal podia esperar a hora de dormir e poder ir para a terra onde posso fazer o que bem entender.

E, neste exato momento, eu estava ali. Devagando pelas ruas de meus estranhos e desconfortáveis sonhos. A única coisa que eu pensava, era "De onde vem essa maldita música?".

Permaneci confusa até me dar conta, de que na verdade, era apenas o desagradável som do despertador, que me tirou da terra dos sonhos e me trouxe para a realidade.

Dei um pulo de minha cama enquanto olhava para todos os cantos do lugar. Percebendo que era apenas meu velho quarto, suspirei profundamente, eliminando o velho ar que impediam meus pulmões de descansarem.

Olhei para o relógio, 7:50. O despertador tocava à 20 minutos em meu ouvido. Como diabos não ouvi aquilo?

Me arrumei o mais rápido que pude e tentei fazer o meu melhor em 15 minutos. Desci as escadas lentamente, segurando meus sapatos surrados na mão esquerda. Estreitei meus olhos quando percebi minha mãe na cozinha, me encarando com seus olhos leves.

         — Eu já te falei, Allina. Não durma tarde, senão vai acordar tarde. — Minha mãe exclamou enquanto mordia uma torrada.

        — Ah mãe, demorei porque estava procurando meus sapatos! — Sorri fraco. — Bom dia, kaylie.

Olhei para a pequena, que sorriu em resposta.

        — Onde está Louis? — questionei, olhando a minha volta e não percebendo sua presença.

        — Estou aqui! — Ele apareceu nas escadas — Bom dia, maninha.

Me sentei á mesa e comecei a tomar o meu café, ou ao menos fingir que comia.

        — Não virei para o almoço, tenho que levar kaylie no dentista. — Ela falou — Mas não se preocupem, deixei comida no freezer. É só esquentar no microondas.

        — Também não vou almoçar aqui. Fiquei de ajudar jacey com os deveres de casa. — Falei.

        — Então leve lanche, sabe que precisa comer. — Concordei com a cabeça, e ela sorriu.

Nesses últimos dias venho perdendo meu apetite, e eu realmente não sei o que acontece, porque simplesmente não tenho vontade de comer. Talvez seja as tossidas, os vômitos.... Mas simplesmente não consigo, e também, perdi meu ânimo para fazer qualquer refeição do dia depois dos incidentes que me rondam.

        — Agora eu preciso ir, Já estou um pouco atrasada! — Me levantei, me despedindo de minha mãe e meus irmão.

Louis saiu da escola no ano passado e agora estava prestes à ir para a faculdade, e eu me recusava a aceitar isso. Ele era meu irmão, o único que me entendia e não me julgava. Sempre me ajudava e tentava saber o que passava comigo.

Eu podia ter meus amigos mas, não era a mesma coisa. Eu notava a diferença na maioria das vezes.

Ele era um anjo em minha vida.

Montei em minha bicicleta vermelha escura e segui pelas ruas até o caminho da escola, conversando com meus próprios devaneios paralelos que insistiam em perturbar meus raciocínios. Era por causa deles que eu tomava atitudes precipitadas na maioria das vezes.

E depois de um show de esquizofrenia, eu já me encontrava na grande estrutura, procurando um lugar para deixar minha bicicleta e também procurando pelos meus amigos.

Logo avistei Millie, que conversava com Sophia e chosen. Acenei para eles, que retribuiram e fizeram sinal para me aproximar.

        — Quais são as novas? — perguntei me aproximando deles.

        — Bom dia pra você também, Allina. — Sophia disse sarcástica. — Nós temos fofocas sim. Claro que temos!

        — Então mande pra mim. — Ajeitei minha postura,fazendo chosen rir.

        — A Beth do 2° ano está grávida. — Arqueei minha sombrancelha.

        — A Beth ripson? — Ele concordou. — Vocês estão surpresos? Ela sempre se jogou para sempre de Louis! Lembra de quando eles namoraram-

Fui interrompida por Millie.

        — Vocês ouviram? O sinal tocou!

Ela disse, fazendo todos andarem até suas respectivas aulas.

Eu teria matemática agora. Eu gostava de matemática, mas tenho que admitir que depois que envolveram letras nela, ficou muito desinteressante e confusa para minha pequena cabeça oca.

E então, a hora de largar chegou. Mas eu não iria para casa, tinha que ajudar jacey. Prometi e assim vou fazer.

        — Hey, jacey. Vamos até a biblioteca? — A chamei e ela concordou.

Jacey era mais nova, da turma do quinto ano e como toda boa criança tinha dúvidas.

Ela era ruiva, um pouco alta para sua idade e gostava de usar presilhas na cabeça que destacavam o vermelho do seu cabelo. Era uma linda garota.
Era muito inteligente e precisava de ajuda mas a maioria costumava ignorar seus pedidos, então eu decidi fazer isso. Não queria que ela passasse o mesmo que passei.


Eu me indentificava com Jacey; Era esperta, e tinha uma facilidade para aprender coisas novas. Mas na maioria das vezes, faltava interesse de sua parte.

Depois de horas tanto aprendendo como ensinado, fui para minha casa, e só quando adentrei na cozinha percebi que não comi nada o dia inteiro anão ser as torradas no café.

        — Droga, mamãe vai me matar se descobrir. — Exclamei para mim mesma abrindo a geladeira. — Não se antes eu desmaiar de fome!

Ri, e peguei ingredientes para um sanduíche de pasta de amendoim.

Um dos meus preferidos.

Depois de pronto, observei ele. Parecia suculento e macio. Um tanto quanto tentador, implorava por uma mordida minha. Então, o levei até a minha boca. Mas, quando dei a primeira mordida no sanduíche, senti que meu intestino recusou o alimento e ele voltou com tudo pela minha garganta e quase cuspi tudo na mesa.

Em um ato rápido, a comida voltou para dentro e automaticamente uma série de tosse me acompanhou. Peguei o copo de água que estava perto de mim e a bebi em apenas um gole.

É disso que estou falando. Há semanas que não consigo comer algo sem sentir que meu intestino recusa tudo. Algo terrível para mim.

        — Está tudo bem, Allina? — Louis apareceu na porta, igual uma assombração.

        — Ah, sim, sim. Está tudo ótimo! — Concordei várias vezes com a cabeça enquanto limpava minha boca com um guardanapo. Ele sorriu fraco, logo depois saindo da cozinha.

Minha cabeça trabalhou na hipótese que poderia ser apenas o excesso de comida, então meu plano seria diminuir minhas refeições que já não eram tão grandes assim.

Festa dos sinais, Finn Wolfhard.Onde histórias criam vida. Descubra agora